tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post2747366390165175651..comments2023-12-08T17:05:22.577+00:00Comments on Vias de Facto: Esquerda, pragmatismo, melhorismoVias de Factohttp://www.blogger.com/profile/17208417609194364156noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-5544421361743042022016-09-30T21:34:12.650+01:002016-09-30T21:34:12.650+01:00" ...é impossivel apresentar a constituiçao d..." ...é impossivel apresentar a constituiçao da ordem histórica como um empréstimo, um desdobramento, uma " gota gelada de outra coisa ".(...) Nao há, em história, "objectividade " que seja perturbada pelo condicionamento. (...) O presente nao resulta do passado, logo, nao pode ser apreendido a partir das consideraçoes de sistema de causas postas de uma vez por todas à partida.(...) a "verdade" a haver uma, de uma situaçao histórica e social, seja individual ou colectiva, supera necessariamente o vivido efectivo dos sujeitos desta situaçao- por outras palavras, a história é o terreno " dos fins nao queridos e das intençoes inconscientes ", que o historiador, necessariamente, sabe sempre menos e sabe sempre mais do Ateniense<br />do que este de si próprio ". C. Castoriadis. in " Compreender a História ". Sem data. in " Histoire et création ", inedits. 2009. edits. Du Seuil.<br /><br /> Esta muito louvável e corajosa iniciativa teórica de Joao Viegas gera a maior das perplexidades e implica um cerrado dispositivo de análise critica de um arrojo monumental porque trans-disciplinar, sob pena de toda a gente se perder... Tudo se joga na determinaçao- ou nao,claro- de fazer explodir as sequelas incongruentes e funestas do imaginário social e politico instituido que enforma a realidade social. E ai,como frisa Castoriadis, " Nao há , na historia, processos automáticos. Nao há, na sociedade capitalista, processos revolucionarios cujo significado revolucionario seja demonstrado de uma vez por todas e esteja neles gravado para permitir aos revolucionarios que o decifrem facilmente . A própria proletarizaçao( a única coisa verdadeira na " Acumulaçao primitiva ") terá ela um significado revolucionário unívoco? Salut!. NietNietnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-75456812514408877882016-09-30T17:52:07.562+01:002016-09-30T17:52:07.562+01:00Meu caro João Viegas, quero apenas dizer que me ag...Meu caro João Viegas, quero apenas dizer que me agrada bastante o tom geral desta reflexão. Tenho vontade de abordar esta questão com mais detalhe a partir de um debate que decorre na área das ciências sociais, entre os geógrafos marxistas e alguns de carácter mais social-democrata, e que tem por tema a construção da "cidade justa" . Prometo voltar à caixa de comentários nos próximos dias. Um abraço. Afinal o que está aqui implicito é a possibilidade ou não de nós melhorarmos as sociedades em que vivemos, exercendo os nossos direitos, lutando pelos nossos ideais, confrontando-nos com os que pensam de forma diferente de nós e defendem outros interesses ainda que continuemos a fazê-lo no contexto de uma sociedade de economia de mercado isto é no contexto da sociedade capitalista. José Guinotehttps://www.blogger.com/profile/18045778488533335800noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-39796751436036789792016-09-27T18:19:01.849+01:002016-09-27T18:19:01.849+01:00Addenda : quando digo que "o relativismo não ...Addenda : quando digo que "o relativismo não me parece ter nada de contrario ao universalismo", sera bom acrescentar "a não ser na medida em que nos leva a criticar a postura de quem pretende impor de forma autoritaria a sua racionalidade propria como sendo ou devendo ser universal". Esta critica não me parece aplicar-se ao "universalismo de esquerda" que tem (ou devia ter) mais a ver com uma aspiração generosa a alcançar o bem comum a todos. Admito no entanto que pessoas que se reclamam da esquerda possam ter assumido posições menos felizes nesta matéria...<br /><br />Abraçosjoão viegashttps://www.blogger.com/profile/09562212654138060079noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-27731928789966076312016-09-27T17:47:37.847+01:002016-09-27T17:47:37.847+01:00Caro Miguel (Madeira),
Julgo que estas a confundi...Caro Miguel (Madeira),<br /><br />Julgo que estas a confundir o relativismo com outro coisa, a que poderiamos chamar talvez "particularismo", "casticismo", "integralismo" ou mesmo "idiotismo". O relativismo não me parece ter nada de contrario ao universalismo, e vejo até como se pode defender que o primeiro é uma condição necessaria do segundo. O que o relativismo defende, apenas, é que nem eu, nem ninguém, tem o monopolio da compreensão ou da inteligência daquilo que é universal...<br /><br />Abraçojoão viegashttps://www.blogger.com/profile/09562212654138060079noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-84361925838098714102016-09-27T17:20:31.447+01:002016-09-27T17:20:31.447+01:00Acerca de relativismo, esquerda e direita - era Jo...Acerca de relativismo, esquerda e direita - era Joseph de Maistre que dizia que não havia homens, apenas franceses, ingleses, russos, persas, etc.; e penso que Burke também disse qualquer coisa sobre os "direitos dos ingleses" versus os "direitos do homem". A mim parece-me que, se alguma coisa, o relativismo até está mais associado à direita e ao tradicionalismo, e normalmente era a esquerda e os revolucionários que eram universalistas.Miguel Madeirahttps://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-85223357242147670562016-09-27T16:13:36.099+01:002016-09-27T16:13:36.099+01:00Caro Pedro,
Obrigado pelo teu comentário, que me ...Caro Pedro,<br /><br />Obrigado pelo teu comentário, que me leva a tentar afinar dois pontos em resposta às tuas reflexões tão pertinentes como certeiras :<br /><br />1/ A parte sobre o utilitarismo é um pouco provocadora e é talvez a mais delicada. Inspira-se numa reflexão de Dewey no livro que cito que, respondendo precisamente às tuas preocupações, é quase inteitamente construído a partir de uma crítica da oposição radical (mas falaciosa) que fazemos entre fins e meios. Dewey defende que a história do conhecimento científico mostra que somente passámos a compreender as coisas na exacta medida em que as dessacralizámos, submetendo-as a inquérito e ao questionamento racional, que é já uma forma de as utilizar. A compreensão das coisas passa por conseguinte por considerá-las como “meios” (e não como “finalidades” intangíveis). Ora, deveríamos também proceder assim com o que concebemos como as nossas finalidades, pelo menos se as quisermos compreender melhor. Indo até ao extremo do raciocínio, completamente paradoxal mas genialmente coerente, poderíamos dizer que devemos submeter as nossas finalidades últimas a inquérito, questionando a sua aptidão, como meios, a dar-nos uma felicidade que sirva…<br /><br />2/ Mas, para tentar responder às tuas outras preocupações, eu acrescentaria o seguinte : o que se critica é apenas a “oposição radical”, ou seja a forma como opomos absolutamente “meios” e “fins”, sem ver que há entre eles uma solução de continuidade. Esta crítica não me parece dever ir até uma negação total da diferença entre as duas coisas, ou à redução completa de uma à outra. E também julgo posssível, e mesmo necessário, continuarmos a fazer a diferença entre fins próximos (o tal “curto prazo”) e fins mais longínquos (o “longo prazo”). Quanto a mim, nem os pragmáticos, nem os utilitaristas, preconizam que nos limitemos aos fins imediatos, urgentes e ditados pela necessidade premente com vistas curtas. Dizer que as ideias devem ter em vista a realidade não equivale a dizer que não existe maneira de expressar as relações entre as coisas com alguma perspectiva e com alguma elevação (que é precisamente para que servem as ideias). Eu diria mesmo que o que é demonstrado pela longa história do nosso domínio progressivo sobre os meios, com vista a uma vida mais autónoma e mais harmoniosa, é também que as ideias abstratas, os ideais, os projectos e a consideração do longo prazo foram sempre, e vão com certeza continuar a ser, um possante auxílio e um contributo decisivo para termos da realidade uma maior compreensão e para vivermos melhor com ela. Ponto é que saibamos que o valor das ideias está estreitamente dependente da sua aptidão a dar conta da realidade, directa ou indirectamente. Há uma frase do Stuart Mill que diz “as abstracções não são realidades em si, mas modos condensados de expressar factos e a única forma prática de lidar com elas consiste em voltar aos factos de que elas são a expressão”.<br /><br />Em conclusão, julgo que nem o utilitarismo, nem o pragmatismo, me parecem renegar o conselho de Oscar Wilde que defende que é importante termos sonhos suficientemente grandes para não os perder de vista enquanto os perseguimos, pelo menos desde que “perseguir” se entenda como “tentar realizar”.<br /><br />Abraçojoão viegashttps://www.blogger.com/profile/09562212654138060079noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-4985752321526139672016-09-27T12:43:12.163+01:002016-09-27T12:43:12.163+01:00(cont.)
Finalmente, o Melhorismo. Em certos aspec...(cont.)<br /><br />Finalmente, o Melhorismo. Em certos aspectos, confunde-se com a questão do Utilitarismo. Pelo menos, na minha interpretação deste como reflectindo uma valorização diferente do curto vs. longo prazo na acção. Vou por isso focar-me na dicotomia Reforma vs. Revolução, ou seja no Reformismo. No extremo do Reformismo encontramos quem acredita que um (ex. o actual) sistema político, social e económico só poder modificado "trabalhando dentro do sistema", i.e. sem provocar rupturas na "ordem" estabelecida. No outro extremo, estão o que acreditam no oposto, menosprezando as alterações endógenas ao sistema como irrelevantes, ou mesmo perniciosas caso contribuam efetivamente para o reforço desse sistema (quando apenas afectam o superficial, contribuindo para reforçar o fundamental). Tendo em conta o que foi dito acerca do Utilitarismo, e da necessidade de articular um caminho que envolva várias dimensões temporais, curto, médio, e longo prazo, bem como a constatação de que a acção benéfica no curto prazo e de grande alcance (em número de pessoas) é apenas possível através da Reforma, enquanto que a visão de médio/longo prazo só é possível através da Ruptura (ie. Revolução), ou de várias Rupturas, julgo que é essencial agir **simultaneamente** através da Reforma e da Ruptura. Para isso é necessário que: haja quem se dedique à Reforma (ex. Partidos políticos), e quem se dedique à Ruptura (ex. Movimentos cívicos), compreendendo cada um o seu papel, sem menosprezar o do outro; haja reformas com visão de longo prazo, ou seja que facilitem o aparecimento de Rupturas, e que as Rupturas resultem da consolidação de movimentos sociais.<br /><br />Abraço,<br /><br />PedroPedro Vianahttps://www.blogger.com/profile/00246186627900871576noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-40757507972026546942016-09-27T12:11:18.156+01:002016-09-27T12:11:18.156+01:00Caro João,
Um excelente post, que me merece os se...Caro João,<br /><br />Um excelente post, que me merece os seguintes comentários. <br /><br />No caso do Relativismo, iria mais longe: é um dos pilares básicos do que significa ser de Esquerda. A compreensão do Outro, integra-lo na nossa visão do mundo e na "nossa" comunidade, requer a capacidade de "ver com os olhos" do Outro. É à Direita que encontramos o Fundamentalismo, que radica não só na incompreensão do Outro, mas também na recusa da vontade de compreender esse Outro.<br /><br />Quanto ao Utilitarismo, abordaria a questão de outro modo. Parece-me que o foco no contraste meios vs. fins é enganador. Segundo tal ponto de vista o não-utilitário tende a valorizar os fins em detrimento dos meios, enquanto que o utilitário faria o oposto. Mas, haverá na realidade alguma distinção entre meios e fins? Ou apenas uma valorização distinta do "ganho" ao longo do tempo? Julgo que um utilitário extremo poderia ser caracterizado como alguém que é céptico relativamente à sua/nossa capacidade para prever e controlar o futuro, mesmo a médio prazo, e portanto concentra-se em obter o que se pode caracterizar como fins de curto prazo. No outro extremo, encontramos o não-utilitário (o "idealista"), que crê conseguir prever e controlar o futuro, e portanto executa as suas acções tendo em vista conseguir o futuro que deseja. Em qualquer dos casos, o desejo de maximizar o prazer, o bem (individual ou comum), e minimizar o sofrimento, o mal, existe. Mas enquanto o utilitarista se concentra numa visão de curto prazo, o idealista tem um horizonte mais longo, ou seja, acredita que no médio/longo prazo a maximização do prazer/bem e minimizarão do sofrimento/mal pode requerer uma diminuição do prazer e algum sofrimento durante um certo intervalo de tempo. Acredita ainda que uma visão "utilitarista" extrema acabaria por levar, no médio/longo prazo, a um menor prazer/bem e maior sofrimento/mal, do que aquele que seria possível através dum caminho alternativo. Parece-me assim que a dicotomia utilitarismo/idealismo não tem muita... utilidade. Devíamos antes enfatizar que é preciso exercer a razão crítica sobre o caminho que pretendemos percorrer, maximizando **ao longo do percurso** o bem individual e comum. Sempre conscientes de que a nossa capacidade para prever e controlar o futuro torna-se cada vez mais limitada à medida que este se torna mais longínquo ("utilitarismo"). mas também que só pela tentativa de previsão e controlo do futuro (idealismo) é que poderemos evitar (algumas) situações de (forte) diminuição desse bem que pretendemos atingir. Note-se que idealismo e fundamentalismo não são a mesma coisa. É possível ser-se idealista e ao mesmo tempo aberto à realidade, céptico perante o ideal que se pretende atingir e o modo de o fazer, capaz de introduzir alterações nesse ideal com o tempo.<br /><br />(cont.)Pedro Vianahttps://www.blogger.com/profile/00246186627900871576noreply@blogger.com