tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post489602195469352699..comments2023-12-08T17:05:22.577+00:00Comments on Vias de Facto: "Pontes" e "Tolerâncias de Ponto" (outra vez)Vias de Factohttp://www.blogger.com/profile/17208417609194364156noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-59874996984489361472010-06-18T23:24:42.102+01:002010-06-18T23:24:42.102+01:00Caro Miguel,
tens toda a razão e creio que marcas...Caro Miguel, <br />tens toda a razão e creio que marcas indiscutivelmente o teu ponto.<br />No entanto, o que me pergunto acerca de tanta discussão sobre a necessidade de tanto reengineering do calendário - a respeito de "pontes", "tolerâncias de ponto", feriados laicos e religiosos, etc. etc. - é se essa discussão não funciona como uma cortina de fumo ou de ruído para silenciar e prevenir um debate político fundamental sobre o tempo de trabalho, a "partilha" do trabalho, a redução dos seus horários, a igualização das condições de exercício das actividades remuneradas ou que engendram rendimentos.<br />No quadro da economia política actual e do seu regime de repartiçãao de rendimentos teoricamente indexado à contribuição de cada um para a criação de riqueza - e tanto o cálculo da contribuição de cada um como as condições óptimas da criação de riqueza são incalculáveis, do mesmo modo que qualquer definição estritamente quantitativa de riqueza é arbitrária -, há e continuará a haver, postos de trabalho a menos com tempo de trabalho a mais. Para assegurar as mesmas tarefas e produzir os mesmos bens e serviços, é necessário, apesar de tudo, cada vez menos tempo de trabalho, e tanto este tempo de trabalho como os empregos correspondentes são desigualmente repartidos e em termos que engendram cada vez mais desigualdades, ao mesmo tempo que uma expansão irracional da mercadoria alastrando a domínios outrora públicos ou comuns e relevando de outras esferas que não a das transacções contratuais.<br />Como sabes e poderás explicar melhor do que eu sob muitos aspectos, este lado da questão económica é uma questão política maior e pelas respostas que lhe soubermos ir dando dependerá o tipo de sociedade, de condições de existência em comum, que teremos e faremos. E é por isso que não posso deixar politicamente suspeita e mentalmente redutora - para não dizer imbecilizante - esta indistência nos feriados e pontes, nas questões de calendário, relevando em parte da manobra política e da manipulação propagandística, mas sendo em parte, também e talvez mais gravemente, sintoma da naturalização da economia política dominante, erigida em última palavra da história ou seu horizonte último insuperável.<br />Não te parece que vai sendo tempo de abrirmos mais decididamente esta frente de combate.<br /><br />Abraço libertário<br /><br />miguel spMiguel Serras Pereirahttps://www.blogger.com/profile/15037992737494978391noreply@blogger.com