tag:blogger.com,1999:blog-25250536143633454082024-02-24T10:33:25.626+00:00Vias de FactoVias de Factohttp://www.blogger.com/profile/17208417609194364156noreply@blogger.comBlogger5274125tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-35169499095033089512021-09-10T13:31:00.002+01:002021-09-28T15:53:37.847+01:00Obrigado, Jorge Sampaio<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhke2MGb3ZFV5kV-9aLZgC0FNfHRG2630uKcZkiesDXwsw4MVSbScGBQoOLxv5Mnfw9K9pWU_BclsDfuFB7EkAwcJ7XW_9ADHAfXFEOILyk33VHQgFy2U6fAixH88p_4Z7JptKk19zaq7Q/s275/Sampaio1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhke2MGb3ZFV5kV-9aLZgC0FNfHRG2630uKcZkiesDXwsw4MVSbScGBQoOLxv5Mnfw9K9pWU_BclsDfuFB7EkAwcJ7XW_9ADHAfXFEOILyk33VHQgFy2U6fAixH88p_4Z7JptKk19zaq7Q/s0/Sampaio1.jpg" width="275" /></a></div><br /><p>Militante antifascista nos tempos duros da repressão Salazarista. Defensor dos presos políticos nos tribunais plenários. Fundador do MES. Secretário-geral do Partido Socialista. Certamente o secretário geral mais à esquerda na historia do PS. Presidente da Câmara de Lisboa em nome da unidade da esquerda. Verdadeiro responsável pela possibilidade de união das esquerdas num projecto de governação. O mais inovador e progressista presidente da Câmara de Lisboa. Foi ele que introduziu uma forma de governar a cidade em que o planeamento prevaleceu sobre o curto prazo, as obras faraónicas para iludir o pagode e ganhar eleições. Um exemplo que não teve, infelizmente, seguidores à altura. Presidente da República eleito pela união das esquerdas. Presidente da Câmara e da República por decisão política pessoal tomada sem acordo prévio do PS. Fundamental no combate pela independência de Timor. Defensor de uma Europa solidária com os refugiados, desde os sírios aos afegãos mais recentemente. Impossível sintetizar num pequeno texto a importância da sua obra política e as diferentes dimensões que ela revestiu.</p><p>Um grande português que deu um notável contributo para o derrube do fascismo e a construção de uma democracia comprometida com a promoção da justiça social. </p><p>Presto-lhe a minha singela homenagem. Fazem falta pessoas desta dimensão na vida política portuguesa. </p>José Guinotehttp://www.blogger.com/profile/18045778488533335800noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-74842604612444462502021-04-23T19:24:00.001+01:002021-04-23T19:24:20.233+01:00Se o CHEGA for ilegalizado...<p>Se o Tribunal Constitucional fizer o disparate de ilegalizar o CHEGA, imediatamente veremos colunistas do Observador e moções ao congresso do CDS-PP a defender a alteração <a href="https://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx#art46">do artigo 46º da constituição</a>. E quase que aposto que grande parte das sugestões de alteração não serão para retirar a proibição de associações racistas ou fascistas, mas para alargar essa proibição a outras ideologias.</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/23/se-o-chega-for-ilegalizado/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-88562403581451924242021-04-15T18:41:00.004+01:002021-04-15T18:41:30.866+01:00Quotas para escolas em vez de para etnias (III)<p><a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/09/quotas-para-escolas-em-vez-de-para-etnias-i/">Voltando à questão das quotas por escolas para a entrada na universidade</a>, muito gente retorquiu que o que é preciso é "fazer um trabalho de base", ou que "as quotas são a fita preta do sistema", o que isso é "desistir e ir pelo caminho mais fácil", blá, blá, blá....</p><p>Talvez; ou talvez não. Regressando ao que já disse na publicação inicial, depende muito do que se considere ser o motivo para se selecionar, para a entrada na universidade, os alunos com melhores notas no ensino secundário (ou nos exames correspondentes). É que há pelo menos duas razões possíveis (ainda que não necessariamente incompativeis) para isso, mas, a meu ver, com implicações bastante diferentes no que diz respeito a este assunto.</p><p>Uma é assumir que no ensino secundário se aprendem "bases", que vão servir para se aprender melhor o que vai ser ensinado na universidade, logo fará sentido escolher os que têm melhores "bases", porque são esses que em principio vão aprender melhor na universidade. E aí, realmente as quotas para as piores escolas serão tentar tapas o sol com uma peneira, já que esses alunos provavelmente irão ter grandes dificuldades na universidade (por lhes faltarem as tais "bases").</p><p>Mas outra hipótese alternativa é achar que, na verdade, muito do que se aprende no ensino secundário pouco ou nada interessa verdadeiramente na universidade, ou talvez até seja contraproducente (p.ex., suspeito que seria mais fácil aos professores das faculdades de economia ensinarem a teoria da vantagem comparativa se os alunos não passassem o ensino secundário a aprender, em economia e história, modelos baseados na teoria da dependência e em sistemas "centro-periferia", ou que o Tratado de Methuen é a causa do atraso económico português) - e realmente já ouvi falar de professores universitário´rios que se queixam que passam os primeiros meses a ter que "des-ensinar" o que os alunos aprenderem no secundário). Para essa hipótese, o verdadeiramente interessa é escolher alunos com características pessoais intrínsecas (provavelmente uma mistura de inteligência, esforço e curiosidade intelectual) que levam a um bom desempenho académico, e escolher os com melhores notas no secundário ou nos exames é apenas porque é a melhor maneira de medir essas combinação de fatores - ou seja, o curso de Matemática Aplicada à Economia e à Gestão até poderia selecionar os seus alunos com um exame de aramaico (ou um exame em aramaico sobre formigas parasitas) que iria acabar à mesma por selecionar os melhores alunos. E, se formos por aí, as quotas já não são uma "fita preta", sem resolver o verdadeiro problema, ou uma espécie de adulteração dos resultados - será ao contrário: a existências de "boas" escolas é que é uma espécie de batota (parecida com tomar doping numa corrida), que distorce o sinal, porque aí as notas já não medem apenas aquilo que verdadeiramente se quer medir (o potencial de cada aluno), passando a estar contaminadas por um fator adicional (a qualidade da escola frequentada); e assim quotas por escola ou um mecanismo similar são uma forma de corrigir esse ruído e medir o que verdadeiramente se quer medir.</p><p>(Suponho que na realidade haja uma mistura dos dois efeitos)</p><p>E agora mais uma ideia que me ocorre (e com isto que vou escrever agora arrisco-me a ser expulso da esquerda sem sequer me fazer mais bem visto na direita): de vez em quando surgem noticias dizendo que <a href="https://www.jn.pt/nacional/alunos-que-saem-do-privado-reprovam-mais-na-universidade-9383892.html">os alunos das escolas públicas, tendo em média piores notas à entrada, depois têm melhores resultados na universidade que os oriundos das escolas privadas</a>; uma possivel explicação para isso é que as escolas privadas sejam mesmo melhores (glup!) que as públicas, mas que o tal segundo efeito seja predominante (isto é, as características dos alunos interessem mais que as tais "bases"), o que leva a que, ceteris paribus, um aluno universitário vindo da escola pública seja mais inteligente/esforçado/interessado/etc. (já que precisou mais dessas qualidades para ter uma boa nota, exatamente por a escola não ser tão boa) que um vindo de uma privada, e por isso tenha naturalmente depois melhores resultados.</p><p> [<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/15/quotas-para-escolas-em-vez-de-para-etnias-ii-2/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-64384068135077425392021-04-09T17:05:00.004+01:002021-04-09T17:05:43.176+01:00Quotas para escolas em vez de para etnias (II)<div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql"><div dir="auto">Mas o que eu suspeito é que esta medida (que beneficia toda a gente que vive em zonas "problemáticas", seja qual for a sua raça) acaba por se tornar menos popular do que seria exatamente por ser apresentada como uma medida "contra o racismo".</div><div dir="auto"> </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql"><div dir="auto">O <a href="https://www.slowboring.com">Matthew Yglesias</a> tem falado muito disso no blogue dele: que a esquerda norte-americana moderna (e pelo vistos também a europeia), perante propostas que são boas para TODOS os desfavorecidos, tem o hábito de defendê-las enfatizando que beneficiam os negros e as minorias (e que, portanto, quem se opõe a elas é objetvamente racista); mas que provavelmente essas propostas seriam mais populares se os seus defensores NÃO enfatizassem o ângulo racial e falassem só de pobres e ricos (<a href="https://www.slowboring.com/p/minimum-wage-wins-affirmative-action">exemplo</a>).</div></div><div dir="auto"> </div><div dir="auto">Afinal, por norma há mais pessoas nas classes "baixa" e "média-baixa" do que pessoas de minorias étnicas.</div><div dir="auto"> </div><div dir="auto">[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/09/quotas-para-escolas-em-vez-de-para-etnias-ii/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></div>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-41237811734422953482021-04-09T16:44:00.003+01:002021-04-09T16:44:41.200+01:00Quotas para escolas em vez de para etnias (I)<p>Quando vi só o resumo ("Plano contra o racismo prevê quotas para acesso às universidades), pensei "péssima ideia - deveriam fazer quotas por escolas, não por raças", mas afinal parece que vão fazer as quotas da maneira correta (por escolas): "<a href="https://www.publico.pt/2021/04/09/sociedade/noticia/plano-racismo-preve-quotas-acesso-alunos-desfavorecidos-universidades-1957732">Plano contra o racismo prevê quotas para acesso de alunos de escolas desfavorecidas às universidades</a>".</p><p>O que escrevi há uns anos sobre o assunto (<a href="https://viasfacto.blogspot.com/2019/07/sugestao-quotas-para-escolas-em-vez-de.html">Sugestão: quotas para escolas em vez de para etnias</a>):</p><p>"De qualquer maneira, muita gente irá objetar a esta proposta com a conversa do "mérito", mas basta ver a atenção com que se olha para os rankings escolares divulgados anualmente ou as guerras para conseguir ter os filhos colocados em certas escolas para se concluir o desempenho escolar não depende apenas do mérito individual (aliás, as pessoas que estão sempre a falar do "mérito" parecem-me ser também as que mais importância dão aos rankings escolares, numa contradição aparente), ...</p><p>Ainda a respeito do "mérito", algo que implicaria uma reflexão é qual o porquê de atribuir as vagas na universidade aos alunos com melhores notas; parece óbvio e intuitivo, mas exatamente por isso se calhar ninguém pensa seriamente qual é o motivo para tal. Eu consigo imaginar pelo menos 3 motivos, que têm implicações diferentes:</p><p>a) Escolher os melhores alunos porque estes têm mais bases e portanto vão ter melhor desempenho no curso e na vida profissional posterior. Se o motivo for esse, aí faz efetivamente sentido escolher os alunos com melhores notas.</p><p>b) Escolher os melhores alunos porque estes provavelmente são mais inteligentes e/ou mais esforçados e/ou mais interessados e portanto vão ter melhor desempenho no curso e na vida profissional posterior. Esta explicação difere da anterior porque não requer que o que os alunos aprenderam no secundário tenha alguma utilidade real na licenciatura/mestrado/profissão, é apenas uma maneira de selecionar os mais inteligentes/esforçados/interessados (para medir inteligência ou esforço nem será necessário que a matéria do secundário tenha alguma coisa a ver com a matéria da licenciatura, mas acho que para medir interesse já o será). Se o motivo for esse (avaliar mais a personalidade do candidato do que os seus conhecimentos) aí faz todo o sentido um sistema de dê prioridade aos alunos de meios em que é mais difícil ter bons resultados escolares: quase por definição, para um aluno de uma "má" escola conseguir um 18 num exame, precisa de mais esforço/inteligência/motivação do que um de uma "boa" escola (e se não for assim, quer dizer que os pais que andam a pagar fortunas para os filhos ficarem numa "boa escola" privada ou a meter cunhas para eles ficarem numa "boa escola" pública estão a ser vítimas de uma burla em larga escala).</p><p>c) Escolher os melhores alunos é uma forma de levar os alunos no secundário a se esforçarem (e os país a obrigá-los a esforçarem-se) e a aprenderem o que lhes é ensinado - mesmo que grande parte não vá para a universidade, o que aprenderam vai ser útil tanto a eles como à sociedade em geral (e atenção que com "útil" não me estou a referir apenas ao aspeto económico). Mas aí também não vem mal ao mundo se se introduzir um sistema qualquer de compensação a quem venha de meios desfavorecidos, já que o entrar ou não na universidade continua, naquilo que o individuo pode controlar, a depender do seu esforço..."</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/09/quotas-para-escolas-em-vez-de-para-etnias-i/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-4160671658645591222021-04-04T19:51:00.001+01:002021-04-04T19:51:18.276+01:00O Covid-19 e as outras patologias<p> É um facto que praticamente toda a gente que morre com covid tem outras patologias; mas não é claro o que é que os que estão sempre a insistir nisso querem dizer:<br /><br />a) que, para quem não tenha comorbidades, o perigo de morrer de covid é quase nulo e que só está em risco quem tenha também outras doencas?<br />ou<br /><br />b) que para toda a gente o perigo de morrer de covid é quase nulo e mesmo os mortos com covid morreram por causa das outras doenças, não do covid?<br /><br />É que são duas coisas completamente diferentes.</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/04/04/o-covid-19-e-as-outras-patologias/">Post publicado</a> no Vento Sueste; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-48673357910241483722021-03-07T22:17:00.001+00:002021-03-07T22:17:09.027+00:00O PCP combateu pela democracia ou para pôr no lugar outra ditadura?<p>A propósito dos 100 anos do PCP, surgem muitas discussão deste género, com uns a dizerem que o PCP foi quem mais lutou pela democracia e outras dizerem que queriam era pôr outra ditadura no lugar. Um problema que vejo nesta discussão é que há um vasto continuo de posições intermédias entre "derrubar o fascismo para implementar a ditadura do proletariado" e "derrubar o fascismo para implementar a democracia burguesa". Aliás, grande parte das divisões internas no PCP durante e ditadura (e no movimento comunista internacional nos anos 20/30) tinham a ver exatamente com que posição assumir nesse continuo.</p><p>Explicando melhor:</p><p>a) "O plano é derrubar o fascismo e implementar a ditadura do proletariado"</p><p>b) "O plano é derrubar o fascismo e implementar a ditadura do proletariado, mas se quando chegar a altura só for possível a democracia burguesa, mesmo assim já se ganhou qualquer coisa"</p><p>c) "Para já temos que derrubar o fascismo; depois na altura logo se vê se há condições para avançar para a ditadura do proletariado ou se devemos ficar pela democracia burguesa"</p><p>d) "O plano é derrubar o fascismo e implementar a democracia burguesa, porque para já não há condições para ir mais longe do que isso; depois, se as condições mudarem, poderemos mudar o plano"</p><p>e) "O que foi combinado em Yalta é para respeitar - nada de revoluções socialistas na Europa ocidental; o plano é implementar regimes de orientação socialista em Angola e Moçambique e mal isso esteja assegurado, aceitar a democracia burguesa em Portugal"</p><p>f) "O plano é derrubar o fascismo e implementar a democracia burguesa"</p><p>Isto é, as opções não são só a) e f), e há uma vasta área cinzenta entre lutar pela "ditadura do proletariado" e lutar pela "democracia burguesa".</p><p>O que causa esta área cinzenta é que a ordem de preferências dos comunistas ortodoxos (e mesmo de quase todos os heterodoxos, já agora) é "ditadura do proletariado" > "democracia burguesa" > "fascismo"/autoritarismo conservador, ou seja, preferem mesmo a "democracia burguesa" ao "fascismo", e por isso na prática não há uma distinção rígida entre lutar pela "ditadura do proletariado" e lutar pela "democracia burguesa".</p><p>Diga-se que aí há um contraste entre os comunistas e alguns extremistas de direita - enquanto os comunistas (os ortodoxos e quase todos os heterodoxos) vêm a "democracia burguesa" como a segunda melhor opção, entre a extrema-direita há alguns (se calhar não tão poucos como isso) que parecem achar que a democracia liberal é pior que os regimes comunistas (e sobretudo os regimes comunistas tal como realmente existiram, já sem o internacionalismo e o progressismo cultural - e talvez mesmo a influência dos intelectuais judeus - do tal "verdadeiro socialismo") - compare-se a luta do PCP contra o Estado Novo com a apoio de muitos nacionalistas russos à linha dura do PCUS no final dos anos 80, ou dos nacionalistas sérvios a Milosevic.</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/03/07/o-pcp-combateu-pela-democracia-ou-para-por-no-lugar-outra-ditadura/">Post publicado</a> no Vento Sueste; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-70497301060328269102021-03-04T21:54:00.001+00:002021-03-04T21:54:12.377+00:00"O Triunfo dos Porcos" da CIA é mais "filo-trotskista" que o original de Orwell<p>Refiro-me <a href="https://www.youtube.com/watch?v=TxfedMNOIS4">ao filme de bonecos animados dos anos 50</a> que hoje em dia se sabe ter sido patrocinado pela CIA. Paradoxalmente, parece-me acabar por ter um tom mais "filo-trotskista" que <a href="http://www.telelib.com/authors/O/OrwellGeorge/prose/AnimalFarm/index.html">a história original</a> do socialista Orwell.</p><p>Para começar, digo que vi o filme deveria ser um pré-adolescente e nunca li o livro todo de seguida (li pedaços umas três vezes - acho que, em conjunto, acabei por o ler todo, mas não tenho certeza absoluta) - e antes de escrever este post, fiz uma revisão por alto do filme e do livro, mas é sempre possível que me tenha escapado alguma coisa.</p><p>Há sobretudo dois pontos em que o filme parece-me muito mais "o verdadeiro animalismo é uma maravilha, e tudo o que correu mal foi culpa de Napoleão que atraiçoou a revolução e os principio de Major":</p><p>No livro já começa a haver sinais de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_oper%C3%A1rio_degenerado">degeneração suína</a> logo desde o principio - é dito explicitamente que os porcos não trabalhavam mas orientavam os outros animais, começam a ter uma sala só para eles e leite começa a ser utilizado para fazer uma mistura também destinada aos porcos.</p><p>No livro, também é decidido tirar os cachorrinhos aos pais e entregá-los à guarda de Napoleão, o que se vem a revelar decisivo para a narrativa</p><p>No filme, não se vê quase nada disso - efetivamente, não se vê os porcos a trabalharem (com uma exceção - ver mais à frente), mas a única coisa que é dita explicitamente é que os porcos conseguiam arranjar solução para qualquer problema que aparecia (o que é compatível tanto com serem administradores formais, como com serem simplesmente animais com os mesmo estatuto outros mas mais criativos na altura de solucionar problemas); quem veja o filme antes ou sem ler o livro provavelmente nem reparará que quase não se vê os porcos trabalhando; os porcos também não parecem ter qualquer privilégio económico: embora Napoleão e Squealer bebam o leite ordenhado das vacas, está subentendido que o fazem contra as regras da quinta, já que se vê eles a olharem cuidadosamente em volta antes de beberem o leite - e ainda por cima antes eles estiveram carregando os baldes de leite, pelo que até temos porcos fazendo trabalho físico (como digo, quem veja só o filme, simplesmente pensará que, tal como se vê as aves e o cavalo a apanhar trigo e duas ovelhas a reconhé-lo, também haverá porcos fazendo outros trabalhos algures na quinta).</p><p>Os cachorinhos também parecem ter caidos nos cascos de Napoleão de forma totalmente subrepticia - quando os animais visitam a casa de Mr. Jones, Napoleão encontra os canitos e leva-os às escondidas para um armazem (provavelmente os outros animais nem sequer sabem que os cães existem).</p><p>Assim, no filme, o golpe de <del>estado</del> quinta dos 34 minutos e 20 segundos surge como algo completamente exógeno e como que caído do céu - a assembleia dos animais está em reunião, com Bola de Neve a falar, e de repente uma carrada de cães educados por Napoleão invade a assembleia, expulsa (e provavelmente mata) Bola de Neve, e Napoleão anuncia que a assembleia já não se vai mais reunir e que agora ele é que manda; no fundo não é muito diferente do que se fossem invadidos e conquistados por uma quinta vizinha e não por um dos próprios.</p><p>Ou seja, no filme os animais vivem no "verdadeiro animalismo" desde a revolução de 13:30 até ao golpe de 34:20, e de súbito é instalada a ditadura de Napoleão, como um processo completamente externo e sem raízes já na sociedade logo a seguir à revolução. O Velho Major e Bola de Neve são os heróis e Napoleão o mauzão que estragou tudo (leia-se "Lenine e Trotsky eram os bons, e Estaline estragou tudo").*</p><p>A outra grande diferença é o fim - enquanto o livro tem um fim pessimista, com os humanos e os porcos a se tornarem indistinguíveis e os outros animais a olharem para eles, o filme tem um happy end, aparentemente com o triunfo da "<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Pol%C3%ADtica">revolução política</a>" (isto é, os outros animais a se revoltarem contra os porcos) e possivelmente com o regresso ao "verdadeiro animalismo" do principio do filme (a menos que desse origem a uma sequela "O Trunfo dos Equídeos"...). Ou seja, no livro a conclusão lógica seria que a revolução dos animais foi uma perda de tempo (e, aliás, há passagens em que o burro dá a entender isso logo, mesmo logo no principio); já no filme, a revolução acaba por ser vitoriosa, mesmo que com alguns contratempos pelo meio. Pondo de outra maneira - é muito mais provável que um espetador do filme venha a simpatizar com revoluções do que um leitor do livro (e nesse aspeto se calhar o filme até é mais fiel à intenção original do autor de que o livro).</p><p><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/TxfedMNOIS4" width="560"></iframe></p><p>Quando comecei a escrever este post, estava pensando algo como "a adaptação não correu muito bem aos objetivos da CIA", mas depois ocorreu-me que talvez não tenha corrido assim tão mau - afinal, o apoio da CIA à produção do filme foi no contexto da sua relação com o <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Congress_for_Cultural_Freedom">Congress for Cultural Freedom</a>, uma organização de fachada que tinha como principais destinatários os intelectuais de esquerda não comunistas (u<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Tom_Braden">m aspeto curioso é que o agente da CIA responsável por supervisionar o CCF veio, décadas mais tarde, a ser um dos apresentadores de um programa da CNN, com o papel de representar a "esquerda", em contraponto com Pat Buchanan representando a direita</a>); assim, é fácil imaginar que o objetivo de divulgar o livro e o filme era sobretudo atacar a URSS e os PCs entre o público com simpatias de esquerda (mais suscetível a ser arregimentando pelos comunistas), e se calhar para isso um filme feito em tom de "a URSS não é o verdadeiro socialismo" até pode ter sido mais eficaz.</p><p>* E aqui alguém que seja ou tenha sido trotskista dirá que no trotskismo não há nada de exógeno ou de "a culpa foi de Estaline" na análise da degeneração da Revolução Russa; a teoria é que (até como marxistas que se prezem) foi o resultado das contradições internas derivadas do atraso económico e do isolamento internacional da União Soviética e que a vitória de Estaline foi mais o resultado do que a causa desse processo. Sim, mas eu estou pensado menos na ideologia formal conhecida por "trotskismo" e mais naquela espécie de radicalismo de esquerda em versão popularizada, que assenta em achar que a Revolução de Outubro foi boa e que o Estaline foi mau, mas não necessariamente com grandes sistematizações teóricas</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/03/04/o-trunfo-dos-porcos-da-cia-e-mais-filo-trotskista-que-o-original-de-orwell/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-1872472884348907472021-02-16T15:25:00.000+00:002021-02-16T15:25:01.702+00:00Muerte a los Borbones<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Dxj90JiVMFY" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-62447583388103796492021-02-12T11:50:00.001+00:002021-02-12T11:50:13.870+00:00Há dinheiro para pagar às pessoas que estão impedidas de trabalhar?<p> Claro que há.</p><p>Para perceber isso melhor, vamos por partes; temos basicamente 3 sectores económicos:</p><p>a) sectores que não necessitam de grande contacto interpessoal presencial, e que continuaram a trabalhar</p><p>b) sectores que foram considerados essenciais, e que continuaram a trabalhar</p><p>c) sectores que fecharam</p><p>O sectores a) e b) na prática são iguais, portanto não os vou distinguir mais ao longo do post; a grande questão aqui é o que fazer às pessoas dos sectores c).</p><p>Entre os defensores da "abertura" são frequente argumentos como "ir comer ao restaurante é uma despesa essencial - para quem trabalha no restaurante" ou "podiamos fazer ginástica em casa, mas os preparadores fisicos dos ginásios também precisam de viver"; um contra-argumento imediato que aparentemente poderia ser feito era dizer que as pessoas que iriam comer ao restaurante podem sempre de vez em quando mandar para o NIB do restaurante uma transferênca bancária no valor da refeição que iriam fazer, os clientes dos ginásios continuar a pagar as mensalidades, etc, etc. e em termos de distribuição do rendimento ficaria tudo na mesma - os trabalhadores dos sectores a)+b) deixavam de comprar produtos c), mas continuavam a mandar aos trabalhadores dos sectores c) o mesmo dinheiro que antes gastavam lá.</p><p>Claro que ninguém ou quase ninguém vai voluntariamente fazer isso - mas há dinheiro para se fazer isso: afinal, as pessoas dos sectores a)+b) estão provavelmente a poupar muito dinheiro, já que deixaram de fazer despesas nos sectores c) (e duvido muito que tenha havido grande redirecionamento de despesas para outros sectores) - como o aumento da poupança dos sectores a)+b) seria possível compensar parte da quebra do rendimento dos sectores c) (não toda - as receitas dos sectores "c" incluíam não apenas as despesas dos sectores "a+b" em produtos "c", mas também os "c" a comprarem coisas a outros "c" - mas grande parte). Agora, se as pessoas dos sectores "a+b" não contribuírem voluntariamente para sustentar as dos sectores "c", que medidas se podem tomar?</p><p>- lançar um imposto extraordinário aos "a+b" para financiar os "c" (como os "a+b" têm menos despesas do que tinham, teriam dinheiro para pagar esse imposto)</p><p>- o estado endividar-se para pagar o tal subsídio aos "c" (como os "a+b" aumentaram a sua poupança, em principio haverá dinheiro disponível nos mercados de crédito para financiar esse deficit)</p><p>- o BCE imprimir dinheiro para pagar o tal subsídio aos "c" (como muita gente está a acumular dinheiro sem o gastar, essa impressão de dinheiro - se fosse em valor correspondente ao aumento da poupança - não iria causar inflação)</p><p>[Note-se que no fundo, todas estas variantes seriam a mesma transferência de dinheiro que no caso da família que todos os sábados ordenasse uma transferência bancária de 80 euros para o seu restaurante de peixe grelhado favorito, apenas feita por meios coercivos e generalizados]</p><p>Outra questão seria como identificar as pessoas "c", que perderam rendimentos devido ao fecho da economia (o que inclui não apenas as que ficaram sem emprego mas também - e essas são mais dificeis de identificar - as que deixaram de arranjar emprego por causa da pandemia e/ou da quarentena) - mas na prática o melhor seria continuar com a natureza do que se tem feito (alargamento dos subsídios de desemprego, lay-offs, subsidios às empresas que pararam), mas com a dose reforçada (em termos de dinheiro e abrangência).</p><p> [<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/02/12/ha-dinheiro-para-pagar-as-pessoas-impedidas-trabalhar/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-15973402524886572552021-02-07T16:26:00.003+00:002021-02-07T16:26:50.085+00:00"Myanmar" e "birmaneses"<p> </p><p>Tenho estado a pensar - durante quanto tempo o mundo vai continuar a chamar ao país "Myanmar" e aos seus habitantes "birmaneses" (e a usar "birmanês" como adjetivo para "referente a Myanmar")?</p><p>Bem, por outro lado, também é que se passa com os Paises Baixos e os "holandeses", e de certa maneira também com os Estados Unidos e os "americanos" (e, regressando à antiga Índia britânica, nem sei bem que nome se dá coloquialmente as habitantes do Sri Lanka ou do Bangladesh).</p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-46719986328969957852021-02-03T19:36:00.006+00:002021-02-03T19:38:15.941+00:00UmPartidoUmLíderUmDestino<p>Parece que agora é <a href="https://www.facebook.com/hashtag/umpartidouml%C3%ADderumdestino">a hashtag</a> das publicações do Chega no Facebook.</p><p>Slogans em formato <a href="https://www.google.pt/search?q=%22+Ein+Volk,+ein+Reich,+ein+F%C3%BChrer+%22&sxsrf=ALeKk02pQn33DJRiAKuSC_h4J-CLM0c_5Q:1612366874711&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjJwcHWhs7uAhXM7eAKHc5_DMQQ_AUoAXoECBgQAw&biw=1366&bih=626">"Um... , um..., um Líder"</a> (com variações na ordem nas palavras) caem sempre bem.
</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/02/03/umpartidoumliderumdestino/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá]</p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-20589484812718309842021-01-27T01:53:00.004+00:002021-01-27T01:56:07.179+00:00De onde vieram os votos de Ventura? (mais um contributo para a questão a juntar aos outros 536)Tentei investigar também alguma coisa sobre o assunto - o que fiz foi tentar comparar as variações entre as votações nas <a href="https://www.eleicoes.mai.gov.pt/legislativas2019/resultados-globais.html">legislativas de 2019</a> e nas <a href="https://www.presidenciais2021.mai.gov.pt/resultados/globais">presidenciais de 2021</a> (<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/01/04/extensao-para-fazer-o-dowload-dos-resultados-eleitorais-do-site-www-eleicoes-mai-gov-pt/">dados extraídos com isto</a>).
Resumo para quem não queira ler o post todo - tanto no conjunto do país, como sobretudo no tão falado Alentejo, os eleitores de Ventura parecem ter vindo sobretudo do PSD, do CDS e/ou do PS (suspeito que dos primeiros dois), e muito pouco do PCP/CDU.<a name='more'></a><p>Primeiro, o assunto mais badalado - comparar Ventura e João Ferreira; neste quadro, no eixo dos Xs está a diferença entre a votação de André Ventura em 2021 e a do Chega em 2019; no eixo dos Ys é a diferença entre João Ferreira e a CDU: </p><p><a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ventura-ferreira2.png"><img class="alignnone wp-image-7600 size-full" height="307" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ventura-ferreira2.png" width="640" /></a> </p><p>Realmente, quanto maior a descida de Ferreira, maior a subida de Ventura, mas a ligação não é muito forte (uma correlação de -0,22 entre a variação de Ferreira e a variação de Ventura). Curiosamente a menor subida de Ventura é a maior subida de Ferreira (Corvo, nos Açores).
Agora, uma comparação entre a variação de Ventura e a diferença entre Marcelo + Ana Gomes em 2021 e PSD + CDS + PS + PAN + Livre em 2019; alguns elitores irão pensar "mas que raio de comboio com tantas carruagens é esse?", mas é a única maneira de fazer uma comparação - como tudo indica que o PS se dividiu sobretudo entre Marcelo e Ana Gomes, tem que se tratar as candidaturas de Marcelo e Ana Gomes em conjunto em comparar com o conjunto dos partidos que, explicita ou implicitamente, apoiaram um dos dois.</p><p><a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ventura-agmrs.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7599 size-full" height="299" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ventura-agmrs.png" width="640" /></a> </p><p>Também aqui se nota o efeito que Ventura subiu mais nos sítios onde Marcelo + Ana Gomes subiram menos/desceram mais, e ainda mais pronunciado - a correlação agora é de -0,48 (e no gráfico nota-se que os pontos se ajustam um pouco mais à linha de tendência). Se formos , p.ex., olhar para o pontinho mais à direita do mapa, com a maior subida de Ventura (Mourão, no distrito de Évora), vemos que Ferreira desceu pouco mais de 5 pontos percentuais (5,71, para ser mais exato) face à votação de CDU, enquanto Marcelo + Ana Gomes desceram mais de 15 pontos (16,76). </p><p> Já agora, podemos fazer uma análise mais restrita, só para os distritos de Beja, Évora e Portalegre: </p><p>Variação da votação Ferreira/CDU com a votação Ventura/Chega </p><p><a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ferreira-alentejo.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7601 size-full" height="401" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ferreira-alentejo.png" width="640" /></a> </p><p>No Alentejo, pelos vistos, as maiores subidas de Ventura ocorreram nos concelhos onde João Ferreira desceu menos, o que põe em causa ainda mais a teoria do voto comunista que teria passado para o outro lado. </p><p>E comparando a votação de Ventura com a de Marcelo + Ana Gomes </p><p><a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/mag-alentejo.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7602 size-full" height="398" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/mag-alentejo.png" width="640" /></a>
Aqui é que não há grandes dúvidas - a relação entre a subida de Ventura e a descida de Marcelo + Ana Gomes parece uma proporcionalidade quase direta (uma correlação de -0,81, para ser mais exato). Ou seja, no Alentejo parecem ter sido sobretudo os antigos eleitores do PSD e do PS que votaram Ventura.
E, já que estou com a mão na massa, vamos ver os resultados no Algarve (onde Ventura também teve uma votação bastante alta). </p><p> Comparação entre Ferreira e Ventura
<a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ferreira-algarve.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7603 size-full" height="307" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/ferreira-algarve.png" width="640" /></a> </p><p>Muito parecido com o Alentejo - o efeito é muito pequeno, mas onde Ventura subiu mais foi onde Ferreira desceu menos. </p><p> Comparação entre Marcelo + Ana Gomes e Ventura
<a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/mag-algarve.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7605 size-full" height="300" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/mag-algarve.png" width="640" /></a> </p><p>Também parecido com o Alentejo, mas menos acentuado - as subidos de Ventura parecem muito associadas às descidas de Marcelo + Ana Gomes </p><p>Comparação entre Marisa e Ventura (no Algarve faz sentido, devido ao peso regional do Bloco) </p><p><a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/marisa-algarve.png"><img alt="" class="alignnone wp-image-7607 size-full" height="290" src="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/marisa-algarve.png" width="640" /></a> </p><p>Há aqui efetivamente uma associação entre as descidas de Marisa Matias e as subidas de Ventura (ainda que muito menos acentuada do que com Marcelo + Ana Gomes). </p><p>Anexo - <a href="https://ventosueste.files.wordpress.com/2021/01/comparar-presidenciais-legislativas.xlsx">ficheiro Excel com os dados: comparar-presidenciais-legislativas.xlsx</a>.</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/01/27/de-onde-vieram-os-votos-de-ventura-mais-um-contributo-para-a-questao-a-juntar-aos-outros-536/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-45160136035586440422021-01-26T00:44:00.004+00:002021-01-26T00:44:36.663+00:00O que os media não disseram em 85, 87, 91, etc, etc.<p> "Temos que perceber porque é que grande parte dos alentejanos votou desta maneira"</p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-20740845925616107532021-01-21T09:35:00.008+00:002021-01-21T09:35:14.009+00:00O poder das redes sociais é orwelliano?<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihCXyTL3M-bw_LmW4Pgy2KngWy8KecosWhUDfHdKhI3kEnqrdRF7ql39e7NXc1eBFIz6n9nLtqjJ17T5FNYPCRLqwkE8pUxQrwdAew_McVU5zCqx79EtY5NBOXGRiW2iSYttnyNxBDy60/s0/IQ_meme_Orwell.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1604" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihCXyTL3M-bw_LmW4Pgy2KngWy8KecosWhUDfHdKhI3kEnqrdRF7ql39e7NXc1eBFIz6n9nLtqjJ17T5FNYPCRLqwkE8pUxQrwdAew_McVU5zCqx79EtY5NBOXGRiW2iSYttnyNxBDy60/w586-h328/IQ_meme_Orwell.jpg" width="586" /> </a>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2021/01/20/o-poder-das-redes-sociais-e-orwelliano/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá]<br /></div>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-50967201516137130792021-01-06T19:43:00.003+00:002021-01-06T19:43:30.027+00:00O "golpe Trump" finalmente em ação?<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/UzGDjf4dWoE" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-24871500335042535642020-12-16T20:33:00.004+00:002020-12-16T20:33:47.570+00:00A verdadeira história da formiga e da cigarra<div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto">"A cigarra, cujo canto longo e agudo enche os dias do Verão, tem uma probóscida libadora comprida como um estilete, com a qual consegue perfurar a casca das árvores e sugar a seiva. Outros insectos, mais mal equipados, acabam por se aproveitar da faculdade da cigarra. Enquanto ela bebe, congregam-se à sua volta formigas, vespas e moscas, que recolhem os minúsculos fiozinhos que escorrem da ferida feita na árvore"</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto"> </div><div dir="auto">David Attenborough, "O Primeiro Éden", pg. 44</div><div dir="auto"> </div><div dir="auto">[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2020/12/16/a-verdadeira-historia-da-formiga-e-da-cigarra/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com/2020/12/16/a-verdadeira-historia-da-formiga-e-da-cigarra/">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></div></div>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-34777888490766146822020-12-03T00:09:00.003+00:002020-12-03T00:10:04.527+00:00Covid-falcões, covid-pombas e os "falsos positivos"<p>Uma coisa que tenho notado é que, comparado com o início da pandemia, parece ter havido uma quase total inversão de posições entre covid-falcões* e covid-pombas* sobre a questão dos eventuais "falsos positivos". </p><p>Ao principio, eram os covid-pombas que diziam que as estatisticas estavam a ser distorcidas por não se estar a contar com os assintomáticos (e com as pessoas com sintomas leves) e por isso a taxa de mortalidade parecia muito maior do que era efetivamente; inicialmente <a href="https://www.statnews.com/2020/03/17/a-fiasco-in-the-making-as-the-coronavirus-pandemic-takes-hold-we-are-making-decisions-without-reliable-data/">o grande exemplo dos covid-pombas era o <i>Diamond Princess</i>, onde o facto de se te testado toda a gente permitia, segundo eles, ter uma ideia da verdadeira taxa de mortalidade</a>. E, sobretudo, quando se começaram a fazer testes serológicos, <a href="https://www.nature.com/articles/d41586-020-01095-0">alguns indicando que percentagens relativamente altas da população já teriam tido covid</a>, eram os covid-pombas a embandeirar em arco com esses estudos (de novo, dizendo que isso significava que a verdadeira taxa de mortalidade era muito menor), e<a href="https://metarabbit.wordpress.com/2020/04/18/did-anyone-in-santa-clara-county-get-covid-19/"> eram os covid-falcões a desvalorizá-los, exatamente dizendo que uma pequena probabilidade de falsos positivos poderia afetar bastante os resultados (dando a entender que muito mais gente teria tido covid do que na realidade)</a>. </p><p>A partir de certa altura houve uma inversão, e passaram a ser os covid-pombas a insistir na questão dos falsos positivos (a inversão não é total, porque há uma subtil diferença: parece-me que os covid-falcões insistiam mais nos falsos positivos nos testes serológicos - que supostamente vêm ser a pessoa já teve covid - enquanto os covid-pombas falam sobretudo nos falsos positivos nos testes PCR - que supostamente vêm se a pessoa tem, neste momento, covid); diga-se que, sinceramente, essa ênfase dos covid-pombas nos falsos positivos me parece um bocado irracional - a mim parece-me que, se existirem efetivamente muitos falsos positivos, isso significa que a situação é mais grave do que parece, já que</p><p>a) a taxa de mortalidade será maior do que as estatisticas dizem (já que o denominador estará inflacionado) </p><p>b) estamos mais longe da imunidade comunitária do que se julga </p><p> c) se calhar quer dizer que o ritmo de crescimento da doença é maior do que se julga (este último ponto não tenho tanta certeza, mas dá-me a ideia que, quanto menos gente estiver realmente infetada, maior será a proporção de falsos positivos entre os "diagnosticados"; um corolário disso prece-me ser que se o número de realmente infetados estiver a crescer, os falsos positivos farão o crescimento percentual dia-a-dia parecer <b>menor</b> do que o crescimento real) </p><p>[Atenção que estes pontos só são relevantes para quem acredita que, ainda que com muitos falsos positivos, a covid-19 existe realmente; para quem ache que a covid-19 nem sequer existe e que <b>todos</b> os casos são falsos positivos, estas objeções que apresento realmente não se aplicam] </p><p>Dito isto, tenho esperança que a maioria dos assintomáticos sejam verdadeiros assintomáticos e não falsos positivos, por uma razão - se fossem sobretudo falsos positivos, já teríamos tido muito mais casos de aparentes reinfeções, nas variantes "falso positivo antes - falso positivo depois", "falso positivo antes - verdadeiro positivo depois" ou "verdadeiro positivo antes - falso positivo depois"; no entanto as reinfeções parecem ser bastante raras (e normalmente são consideradas noticia de jornal, de tão raras que são); ou será que há alguma política de só em casos limite fazer testes a ex-infetados (o que faria haver menos supostas "reinfeções")? </p><p>*para quem não perceba bem esta terminologia, com "covid-falcões" refiro-me ao que os covid-pombas normalmente chamam "covideiros", e com "covid-pombas" refiro-me ao que os covid-falcões normalmente chamam "covidiotas"</p><p>[<a href="https://ventosueste.wordpress.com/2020/12/03/covid-falcoes-covid-pombas-e-os-falsos-positivos/">Post publicado</a> no <a href="https://ventosueste.wordpress.com">Vento Sueste</a>; podem comentar lá] <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-48139645228279281072020-11-04T08:32:00.001+00:002020-11-04T08:32:46.662+00:00As votações de ontem nos EUA<p>É possível que estejamos a assistir aos últimos dias ou horas do regime constitucional nos EUA; mas tirando isso, vamos lá ver os resultados <a href="https://viasfacto.blogspot.com/2020/11/as-votacoes-de-hoje-nos-eua.html">das tais votações de ontem</a>:</p><ul style="text-align: left;"><li><a href="https://ballotpedia.org/Arizona_Proposition_207,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)">Arizona Proposition 207, Marijuana Legalization Initiative<br /></a> - ainda decorre a contagem<br /></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/California_Proposition_17,_Voting_Rights_Restoration_for_Persons_on_Parole_Amendment_(2020)">California Proposition 17, Voting Rights Restoration for Persons on Parole Amendment</a> - aprovada<br /></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Colorado_Proposition_114,_Gray_Wolf_Reintroduction_Initiative_(2020)">Colorado Proposition 114, Gray Wolf Reintroduction Initiative</a> - ainda decorre a contagem<br /></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Florida_Amendment_2,_$15_Minimum_Wage_Initiative_(2020)">Florida Amendment 2, $15 Minimum Wage Initiative</a> - ainda decorre a contagem<br /></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Massachusetts_Question_1,_%22Right_to_Repair_Law%22_Vehicle_Data_Access_Requirement_Initiative_(2020)">Massachusetts Question 1, "Right to Repair Law" Vehicle Data Access Requirement Initiative</a> - aprovada<br /></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Mississippi_Ballot_Measure_1,_Initiative_65_and_Alternative_65A,_Medical_Marijuana_Amendment_(2020)"><span dir="auto">Mississippi Ballot Measure 1, Initiative 65 and Alternative 65A, Medical Marijuana Amendment <br /></span></a></span> - aprovadas</li><li><a href="https://ballotpedia.org/Montana_I-190,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)"><span dir="auto">Montana I-190, Marijuana Legalization Initiative </span></a> - ainda decorre a contagem</li><li><a href="https://ballotpedia.org/New_Jersey_Public_Question_1,_Marijuana_Legalization_Amendment_(2020)"><span dir="auto">New Jersey Public Question 1, Marijuana Legalization Amendment</span></a> - aprovada</li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Oregon_Measure_109,_Psilocybin_Mushroom_Services_Program_Initiative_(2020)">Oregon Measure 109, Psilocybin Mushroom Services Program Initiative</a> - aprovada<span dir="auto"> </span></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Puerto_Rico_Statehood_Referendum_(2020)">Puerto Rico Statehood Referendum</a> - ainda decorre a contagem<br /></span></li><li><a href="https://ballotpedia.org/South_Dakota_Constitutional_Amendment_A,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)"><span dir="auto">South Dakota Constitutional Amendment A, Marijuana Legalization Initiative</span></a> - ainda decorre a contagem</li><li><a href="https://ballotpedia.org/South_Dakota_Initiated_Measure_26,_Medical_Marijuana_Initiative_(2020)"><span dir="auto">South Dakota Initiated Measure 26, Medical Marijuana Initiative</span></a> - aprovada</li></ul><p>Todas as "ainda decorre a contagem" parecem estar no caminho para serem aprovadas, <br /></p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-88057447849724806212020-11-03T09:29:00.001+00:002020-11-03T09:29:00.831+00:00As votações de hoje nos EUA<p>Como <a href="https://viasfacto.blogspot.com/2018/11/as-votacoes-de-hoje-nos-eua.html">os leitores deste blogue já estão fartos de saber</a>, nos dias das eleições norte-americana, há sempre uma porção de referendos. Para hoje temos, entre outros:</p><ul style="text-align: left;"><li><a href="https://ballotpedia.org/Arizona_Proposition_207,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)">Arizona Proposition 207, Marijuana Legalization Initiative</a></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/California_Proposition_17,_Voting_Rights_Restoration_for_Persons_on_Parole_Amendment_(2020)">California Proposition 17, Voting Rights Restoration for Persons on Parole Amendment</a> (para as pessoas em liberdade condicional terem direito a voto)<br /></span></li><li><span dir="auto"></span><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Colorado_Proposition_114,_Gray_Wolf_Reintroduction_Initiative_(2020)">Colorado Proposition 114, Gray Wolf Reintroduction Initiative</a> (para reintroduzir o lobo no estado do Colorado)</span></li><li><span dir="auto"></span><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Florida_Amendment_2,_$15_Minimum_Wage_Initiative_(2020)">Florida Amendment 2, $15 Minimum Wage Initiative</a> (para subir o salário mínimo)</span><span dir="auto"></span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Massachusetts_Question_1,_%22Right_to_Repair_Law%22_Vehicle_Data_Access_Requirement_Initiative_(2020)">Massachusetts Question 1, "Right to Repair Law" Vehicle Data Access Requirement Initiative</a> (para os fabricantes de automóveis terem que ter um sistema informática que aberto, que possa ser acessado por oficinas de reparação não afiliadas com a marca)</span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Mississippi_Ballot_Measure_1,_Initiative_65_and_Alternative_65A,_Medical_Marijuana_Amendment_(2020)"><span dir="auto">Mississippi Ballot Measure 1, Initiative 65 and Alternative 65A, Medical Marijuana Amendment </span></a></span></li><li><a href="https://ballotpedia.org/Montana_I-190,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)"><span dir="auto"></span><span dir="auto">Montana I-190, Marijuana Legalization Initiative </span></a></li><li><span dir="auto"></span><a href="https://ballotpedia.org/New_Jersey_Public_Question_1,_Marijuana_Legalization_Amendment_(2020)"><span dir="auto">New Jersey Public Question 1, Marijuana Legalization Amendment</span></a></li><li><span dir="auto"></span><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Oregon_Measure_109,_Psilocybin_Mushroom_Services_Program_Initiative_(2020)">Oregon Measure 109, Psilocybin Mushroom Services Program Initiative</a> (para legalizar o uso de </span>psilocibina, um alucinogenico derivado de cogumelos)<span dir="auto"> </span></li><li><span dir="auto"><a href="https://ballotpedia.org/Puerto_Rico_Statehood_Referendum_(2020)">Puerto Rico Statehood Referendum</a> (en-ésimo referendo sobre se Porto Rico deve pedir para ser um estado)<br /></span></li><li><span dir="auto"></span><a href="https://ballotpedia.org/South_Dakota_Constitutional_Amendment_A,_Marijuana_Legalization_Initiative_(2020)"><span dir="auto">South Dakota Constitutional Amendment A, Marijuana Legalization Initiative</span></a></li><li><span dir="auto"></span><a href="https://ballotpedia.org/South_Dakota_Initiated_Measure_26,_Medical_Marijuana_Initiative_(2020)"><span dir="auto">South Dakota Initiated Measure 26, Medical Marijuana Initiative</span></a></li></ul>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-58332357585033013722020-11-01T00:07:00.003+00:002020-11-01T00:07:48.383+00:00"Os valores da República"<p> Entretanto, em França, está na forja uma lei dizendo que "<a href="https://twitter.com/RimSarah/status/1322164315798048771">as liberdades académicas são exercidas em conformidade com os valores da República</a>".</p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-19672973512892810432020-10-28T19:00:00.001+00:002020-10-28T19:00:04.343+00:00O Rendimento Básico Incondicional: o problema das experiências-piloto<p><span data-offset-key="n8p0-0-0"><span data-text="true">É frequente os defensores do RBI falarem muito das experiências-piloto, seja para sugerir que sejam feitas para ver se resulta, seja usando o exemplo das já realizadas para argumentar que o RBI funciona.</span></span></p><div data-contents="true"><div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="364a8" data-offset-key="70k7p-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-text="true">A mim, não me parece que essas experiências-piloto sejam assim tão relevantes - porque o problema principal de um RBI não é o subsídio em si: é mais ou menos "Economia Neoclássica 101" que um subsidio uniforme (portanto, sem aquele efeito "se aceitar este emprego, perco o subsidio e fico ainda pior do que estava") não tem efeitos distorcedores na economia, portanto não há nada de particularmente surpreendente nessas experiências que aparentemente demonstram que o RBI "funciona". </span></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-text="true"> </span></span></div><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-offset-key="70k7p-0-0"><span data-text="true">O problema do RBI são os impostos necessários para o financiar, que, esses sim, podem ter custos económicos significativos - e para avaliar esses efeitos as experiências-piloto normalmente não interessam muito, já que (exatamente pela sua natureza de experiências-piloto) não implicam nenhum aumento significativo da despesa pública nem da carga fiscal (aliás, muitas, nomeadamente em países pobres, até são financiadas por instituições privadas), portanto nunca chegam a experimentar a parte realmente perigosa do RBI.</span></span></div></div><div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="364a8" data-offset-key="6so7-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6so7-0-0"><span data-offset-key="6so7-0-0"><span data-text="true">
</span></span></div></div></div>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-69881093913246055822020-10-20T20:17:00.002+01:002020-10-20T20:17:34.351+01:00Os filmes/séries policiais na "bússola política"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVrQroabTujJ8D_vANHRtcfVMGltJ_QxMFMrL_NJfs2mIY6yFkkHyZH5Y_ks62XA-jl9ETB8_E14na1NYNoA6OyLrFm8wrzH1OWfDvhwNIGNrx3mOJBGs7t157I6Pdgwi8rNkL7tta9Ok/s1600/crowdchart3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="603" data-original-width="603" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVrQroabTujJ8D_vANHRtcfVMGltJ_QxMFMrL_NJfs2mIY6yFkkHyZH5Y_ks62XA-jl9ETB8_E14na1NYNoA6OyLrFm8wrzH1OWfDvhwNIGNrx3mOJBGs7t157I6Pdgwi8rNkL7tta9Ok/s400/crowdchart3.jpg" width="400" /></a></div>
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Algo que me ocorreu, ainda pensando <a href="http://viasfacto.blogspot.com/2020/10/os-herois-das-series-policiais-policias.html">nisto</a>.<br />
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O "Inspetor Harry" na direita autoritária não tem grande dúvida, acho.<br />
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O "Zé Gato" na esquerda autoritária admito que já seja mais forçado, mas é o melhor que arranjei - muitos episódios (<a href="https://www.youtube.com/watch?v=qydVjlJx1vY">e a música do genérico</a>) têm o tom "os criminosos escapam porque são ricos e influentes e mexem cordelinhos para a polícia não lhes poder tocar", que será a mensagem que se espera de um filme policial de esquerda autoritária (enquanto a direita autoritária preferirá "os criminosos escapam por culpa dos advogados, desses leis fofinhas que fizeram e dos jornalistas que estão sempre contra a polícia"); fala também muito da pobreza e da forma como esta leva ao crime, o que reforça a parte do "esquerda"; admito que a parte do "autoritário" é discutivel - se por um lado tem a mensagem de "os bandidos safam-se sempre" e o protagonista frequentemente entra em modo "policia durão", por outro nalguns episódios os seus inimigos são grupos de "vigilantes" ou polícias que perseguem e chantageam ex-reclusos (mas por aí <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Magnum_Force">também o "Inspector Harry" safava-se...</a>). Provavelmente é difícil fazer um policial "esquerda autoritária" puro: não é muito fácil conciliar as ideias "é preciso mão pesada" e "as injustiças sociais do capitalismo contribuem para o crime"; bem, é a ideia do slogan blairista "duro com o crime e com as causas do crime", mas acho difícil usar isso como inspiração artística (demasiado complexo e com demasiada nuance). Uma alternativa seriam filmes a mostrar o antigo bloco de leste a ser infestado por criminosos em consequência do fim do comunismo (eu nunca vi o "<a href="https://www.imdb.com/title/tt0095963">Inferno Vermelho</a>", mas tenho a ideia que parte do enredo gira à volta da ideia que a perstroika estaria a causar criminalidade galopante na URSS - talvez este servisse como exemplo?).<br />
<br /><p>"Os Anjos de Charlie" na direita libertária porque uma ideia-base da série (a começar pela <a href="https://www.youtube.com/watch?v=OVtVru9KXao">narrativa do genérico</a>) parece ser de que pessoas de grupos historicamente discriminados (como mulheres) terão mais hipóteses no mercado livre do que no setor público; e o perfil de "Charlie" (rico e com um estilo de vida libertino) também encaixa bem aí (mesmo a sua natureza de "<a href="https://tvtropes.org/pmwiki/pmwiki.php/Main/JiggleShow">jiggle show</a>" parece-me algo que a direita libertária verá melhor que qualquer dos outros três quadrantes). Para reforçar a componente "libertária", junte-se alguns episódios do tipo (<a href="https://www.blogger.com/blog/post/edit/2525053614363345408/6988109391324605582#">pegando num género bastante popular nos anos 70...</a>) "as detetives infiltram-se em prisões para mulheres em que as reclusas são mal-tratadas pela administração". E tenho a ideia que num episódio uma das detetives até diz algo como "o Charlie não nos vai despedir porque teria que pagar mais a quem nos fosse substituir", o que parece <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Gary_Becker#Discrimination">o Gary Becker a falar da discriminação</a>.</p><p>[Eu já tinha começado a escrever este post quando vi um episódio em que as detetives foram ajudar um xerife de uma pequena cidade que tinha sido proibido de se aproximar de um suspeito porque o tinha agredido, ou coisa assim (não cheguei a perceber bem); isso era apresentado como um erro de que o xerife estava sinceramente arrependido, mas mesmo assim pensei se não poria em causa as credenciais "libertárias" da série; mas logo num episódio pouco depois desse "os maus" eram policias que plantavam provas para incriminar suspeitos e as detetives tiveram grandes dúvidas de consciência se deveriam denunciar alguém aparentemente envolvido em crimes sem vítima, portanto mantive a qualificação]</p><br />
"Jogo de Audazes" na esquerda libertária - um grupo de vigaristas, que são contratados por pessoas que foram vigarizadas ou prejudicadas por indivíduos ricos e poderosos para os vigarizar a eles; e ainda por cima no episódio final o golpe é roubar informação secreta sobre os banqueiros responsáveis pela crise de 2008. Fundamentalmente, uma série no modelo "bons fora-da-lei que defendem os fracos contra os ricos e poderosos"; com o bónus da maior parte da série passar-se em <a href="https://arcdigital.media/portland-as-i-see-it-55c5214a35f2">Portland, Oregon (uma espécie de capital "antifa"?) </a>e pelo menos alguns dos heróis parecerem-me ter um típico estilo de vida hipster.<br />
<br /><p>"Rookie" - eu pus no centro, mas onde eu o associo mesmo é aquele centro-esquerda casal Clinton-Joe Biden-Kamala Harris, ao mesmo tempo culturalmente "progressista" e pró-"lei e ordem" - os bons são o departamento da polícia, mas dizendo explicitamente que a polícia é "diversa" (com muitas mulheres e minorias étnicas, e nalguns episódios refere-se mesmo o contraste entre esta nova polícia e os defeitos da velha polícia quase só de homens brancos) e por vezes até é dito que as testemunhas, mesmo que sejam imigrantes ilegais, não têm que ter medo de falar com a polícia porque é uma cidade-santuário e portanto não correm o risco de ser deportadas. E o episódio em que o personagem principal mata um suspeito é exemplar - ele é suspenso enquanto dura a investigação, os colegas comportam-se de maneira totalmente profissional com ele durante o inquérito (nem com grandes solidariedades nem grandes condenações) e no fim o inquérito concluiu que ele teve razão em disparar, acaba a suspensão e continua a sua carreira - é mensagem é claramente "a polícia moderna de Los Angeles tem um protocolo adequado e rigoroso para estas situações - nem se toleram abusos por parte dos agentes, nem os impedimos de fazer o seu trabalho"; compare-se com o típico filme/série de direita autoritária (em que o agente que teve que disparar seria apresentando como uma vítima dos advogados, da imprensa e/ou de agitadores, e os responsáveis da investigação interna apareceriam como uns cobardes que iriam, só por razões políticas, dizer que o polícia era culpado ) ou de esquerda libertária (em que os policias iriam aparecer como uma quadrilha, a se protegerem uns aos outros e até a adulterarem provas para safar o colega). E atendendo que é uma série recente (começou em 2018), aposto que estes fios narrativos não estão lá por acaso, e que a ideia é mesmo fazer uma série com polícias como heróis mas que não surja como "trumpista".</p><p>A dada altura, e pegando na ligação "Jogo de Audazes"-Portland, ocorreu-me se também não haveria uma ligação natural entre Los Angeles tanto com a "direita libertária" de "Os Anjos de Charlie" como com o "centro-esquerda" de "Rookie", na medida em que penso que é uma cidade culturalmente progressista (tipicamente californiana), mas sem o radicalismo político associado a São Francisco ou Berkeley. Mas depois lembrei-me que os filmes do inspetor Harry passam-se em São Francisco (e não, p.ex., no Texas...) portanto este determinismo geográfico não fará grande sentido, acontecendo simplesmente grande parte do audiovisual dos EUA ser produzido na costa Oeste.</p><p>Mas, mesmo assim, continua a parecer-me um sitio como a Califórnia dos anos 70 (que votou tanto em Reagan e <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/1978_California_Proposition_13">na proposta 13</a> como em <a href="https://www.theamericanconservative.com/articles/five-faces-of-jerry-brown/">Jerry Brown</a> para governador e ainda com muitos ecos da contra-cultura e da "New Age") era mesmo o local ideal para produzir uma série como "Os Anjos de Charlie".</p>Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-30150840181439465212020-10-19T11:42:00.002+01:002020-10-19T11:42:23.950+01:00MAS vence eleições bolivianasAparentemente, <a href="https://foreignpolicy.com/2020/10/19/bolivia-latin-america-socialist-president-arce-morales/">o candidato do MAS venceu as eleições com maioria absoluta</a> - muito mais do que lhe atribuíam as sondagens durante a campanha eleitoral (mas atenção que ainda estamos também a falar de sondagem à boca das urnas, não do resultado final - mas é provavelmente impossível haver uma reviravolta e <a href="https://www.publico.pt/2020/10/19/mundo/noticia/candidato-escolhido-morales-vence-eleicoes-presidenciais-bolivia-1935770">a atual presidente não-eleita já saudou Arce, o candidato do MAS, como vencedor</a>).Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2525053614363345408.post-43419841393516002552020-10-16T10:02:00.001+01:002020-10-16T10:02:02.515+01:00Os heróis das séries policiais - polícias ou detetives privados?<div class="_5pbx userContent _3ds9 _3576" data-ft="{"tn":"K"}" data-testid="post_message" id="js_j4">
<a href="https://twitter.com/XLProfessor/status/1267578747735203842">Li em tempos no Twitter algo em que nunca tinha pensado, mas realmente parece ter alguma verdade - que as séries policiais dos anos 70/80 tinham como heróis detetives privados, e agora é tudo alguma variante de um departamento oficial da polícia</a>. O autor até <a href="https://twitter.com/XLProfessor/status/1267578747735203842">associava isso ao clima pós-Guerra do Vietname, em que por um lado havia uma desconfiança face às autoridades, e por outro "ex-combatente" era um background realista para os detetives privados</a>.<br />
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Bem, pelo que eu me lembro, mesmo nos anos 70/80 a maior parte das séries policias eram tendo a polícia ou algo parecido como heróis ("Columbo", "Força de Intervenção", "<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Automan">Automan</a>" - embora aí fosse um polícia largamente agindo à margem da organização, e que acho que nem tinha autorização para investigar - "Balada de Hill Street", "Miami Vice", "<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/The_Professionals_(TV_series)">Os Profissionais</a>", "Dempsey e Makepeace", "Crónica do Crime" e os nossos "Zé Gato" e "Uma Cidade como a Nossa"); mas também havia muitas à volta de detetives privados, como "Os Anjos de Charlie", "<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/The_Devlin_Connection">Devlin Connection</a>", "Crime, Disse Ela", "<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Wolf_(American_TV_series)">Wolf</a>", os "clássicos" ("Sherlock Holmes", "Poirot", os telefilmes do Perry Mason) ou os muito peculiares "Modelo e Detetive" e "Duarte e Cª".<br />
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Hoje em dia as séries policiais parecem andar todas à volta de polícias profissionais ("CSI", "NCIS", "Rookie", "Comissário Montalbano") ou então a variante (que já me parece um género em sim mesmo) "homem civil um bocado excêntrico ajuda mulher-polícia nas suas investigação, frequentemente com <a href="https://tvtropes.org/pmwiki/pmwiki.php/main/unresolvedsexualtension">UST</a> à mistura" ("Castle", "Perception", "Einstein", "Harrow", "Forever"), em que de qualquer maneira os heróis trabalham para a policia, com ou sem distintivo. A única série que me ocorre em que os heróis são algo parecido com detetives privados é "<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Catch_(s%C3%A9rie_de_televis%C3%A3o)">The Catch</a>"* (em que, na minha opinião pessoal, os "maus" parece-me muito mais carismáticos que os "bons", mas enfim...).<br />
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A respeito disso, alguém comentou no meu Facebook que a "<span dir="ltr"><span class="_3l3x"><i>era dos detetives privados é anterior. Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Raymond Chandler. Os 70 já são um período de transição com os polícias rebeldes, Dirty Harry e Shaft à cabeça.</i>" (já agora, eu diria que o Zé Gato também tenta assumir esse papel), mas isso não afeta muito o sentido da transformação, apenas os detalhes da cronologia (mas já põe em causa a teoria da ligação ao Vietname).</span></span><br />
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Ou seja, nessa área não parece haver grande hegemonia ideológica neoliberal (a menos que sigamos <a href="http://ventosueste.blogspot.com/2011/09/mises-sobre-os-romances-policiais.html">a, aparentemente contra-intuitiva, teoria do Mises segundo a qual a glorificação do detetive privado face à polícia oficial seria resultado da mentalidade anticapitalista</a>).<br />
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O ponto original da discussão no Twitter, ocorrida no auge das grandes manifestações de maio/junho nos EUA contra o racismo e a brutalidade policial, era que as séries televisivas atuais, ao porem os policias "oficiais" (em vez de detetives privados) como heróis, contribuíam para que o público não contestasse abusos de autoridade feitos pela polícia (e começou com alguém a sugerir que se fizesse uma série tendo defensores oficiosos como heróis - o mais parecido com isso é capaz de ter sido o "Perry Mason"). Mas eu suponho que isso não acontecerá muito com as séries que seguem o modelo do "<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Quem_matou%3F">whodunnit</a>" (como "CSI" ou "Castle"), em que ao longo do episódio vão surgindo suspeitos que tudo indica que são os culpados e minutos depois descobre-se que são inocentes e o suspeito principal passa a ser outro - afinal, se alguma coisa, acho que essas séries até tenderão a reforçar nos espetadores a ideia que todos devem ser considerados inocentes até prova em contrário, e a ter pouca simpatia por ideias como "dar-lhe umas chapadas para ele confessar".<br />
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* Entretanto lembrei-me também do "Sherlock", mas isso é para aí um episódio por ano...<br />
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Miguel Madeirahttp://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com1