18/11/13
Rui Tavares, o LIVRE e a "esquerda da esquerda"
por
Miguel Serras Pereira
O Miguel Madeira já chamou a atenção para o "vale tudo" que parece ser a palavra de ordem dos paladinos do PCP e outros sectores da "esquerda à esquerda do PS" contra Rui Tavares e o LIVRE. Mas talvez seja instrutivo tentarmos reflectir um pouco mais sobre tanta sanha. Não serei eu quem negue que o projecto LIVRE merece críticas severas. Esquematizando muito, direi que, entre os seus pontos mais fracos, se contam a incapacidade de pensar o poder político e o seu exercício sob formas alternativas ao modelo do Estado; o privilegiar das respostas "governamentais", no quadro das relações de poder existentes, na identificação e formulação das questões e objectivos polítcios imediatos; a falta de clareza, para dizer o mínimo, em matéria de democratização económica; a perpetuação da lógica representativa e a sua consagração acima da participação igualitária dos governados no seu próprio governo; e, noutro plano, mas também da maior importância, a insistência, por vezes caricata dadas as circunstâncias, na necessidade de "unir a esquerda", sem formulação inequívoca de uma plataforma e uns quantos princípios mínimos que a justifiquem (ou seja: trata-se de unir que "esquerda", porquê, para quê e como, ou em torno de que objectivos e métodos ou formas de acção?). Não é pouco, embora se pudesse avançar bem mais, mas para o efeito dispenso-me de desenvolver os pontos já referidos e outros que a eles se ligam. Dito isto, convém ter presente que não são estas objecções que, de um ponto de vista democrático se podem apontar ao novo projecto, a razão de ser da campanha em curso contra ele e contra Rui Tavares. A razão é que, boas ou más, e deixando muito a desejar, o LIVRE tenta apresentar algumas ideias e defendê-las, ao passo que os seus detractores, tanto das bandas do PCP como do BE, não têm, por um lado, qualquer alternativa convincente a opor-lhes, e, por outro, receiam que o novo partido contagie de indisciplina os seus eleitores e fiéis, ou lhes arrebate uma parte dos "descontentes com o PS" que gostariam de mobilizar sob as suas bandeiras.
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1 comentários:
Muito bem.
E' que, de facto, tanta raiva tem apenas um resultado, pelo menos no que me me diz respeito. Antes mesmo de tomar conhecimento das ideias que estruturam a nova iniciativa, ja simpatizo com ela...
Acho confrangedor o medo - não sei que outro nome lhe dar - com que a maioria das pessoas que se reclamam da esquerda encara tudo o que ameace deslocar as linhas...
Que grandes progressistas me sairam !
Abraços
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