23/05/10
Prevenção inútil
por
João Tunes
Antes que o lumpen blogosférico organizado na brigada brejnev diga que o homem que ousou escrever sobre Cunhal é dos de Miami, treinado pela CIA, anticomunista desde a instrução primária, pago pelo Obama, vendido ao capital e à direita, renegado e vende-pátrias, merecendo ser metido (à força) num colete de forças para ser entregue aos psiquiatras lubiankas, convém que se leia a sintética nota biográfica publicitada sobre Carlos Brito pela sua editora. É curta mas deve chegar, não para a reverente e pavloviana concordância automática reservada aos chefes e referências blogo(m-l) mas para tradução do princípio do respeitinho aplicado a quem o merece.
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16 comentários:
previsivelmente
"um livro de uma viagem política “a dois”, de Brito e Cunhal, dois camaradas próximos e diferentes, em que Brito, que tantas vezes foi avaliado e posto à prova por Cunhal, retribui ao seu dirigente máximo desaparecido um olhar de apreciação..." trá-lá-lá trá-lá-lá
Quer dizer, roeram as ossadas do maior reformista de que há memória no movimento comunista... mas agora querem reabilitar a múmia para ser servida à mesa da campanha de Manuel Alegre para ver se surripiam mais uns votos ao PCP, enfraquecendo-o cada vez mais.
Será apenas mais uma acção de marketing eleitoral disfarçada de literatura historiografica. Ainda não li, mas vou ler, logo mais se concluirá se assim é; mas deve ser, pq o curriculo redigido pela editora é completamente imócuo e dos outros livros de Carlos Brito nunca ninguém ouviu falar com tanta ênfase nem pompa. A apresentação de lançamento será feita por Alegre com toda a panóplia mediática do costume, e claro, esperam-se declarações bombásticas à esquerda - de quem fez uma carreira inteirinha dentro do aparelho do P"S". É uma "maioria de esquerda" mumificada por 30 anos de atraso no tempo.
Já agora que se toca em actualidade em politica, o que faria Manuel Alegre como Comandante em Chefe das Forças Armadas que reporta directamente à NATO? desertava outra vez? ora aí está um assunto que parece ser tabu...
Meus caros: Cada um joga com o que pode e tem à mão; e isso pode criar aberrações político-históricas imensas.Não me parece ser o caso do antigo líder parlamentar do PCP, que salvo erro, creio ter apoiado a primeira e a segunda candidatura presidencial- original MASP- de Mário Soares. No entanto, Carlos Brito terá assumido/criticado e ultrapassado o carácter totalitário da estrutura axial do PCP, os seus princípios leninistas de museu e a pirâmide burocrática e terrorista da sua estrutura operacional ? Só contrastando nos livros que foi produzindo, creio. Não é só Castoriadis que tem os textos decisivos sobre a formação da lógica dos " aparelhos " burocráticos. Outros membros de " Socialismo ou Barbarie "- como Lefort, Lyotard e Pierre Soury- os produziram e recolheram em volume, " " La Guerre des Algériens " e " " Revólution et Contre-Revólution en Chine ", respectivamente. Pierre Vidal-Naquet, nas suas fabulosas " Memórias " toma também partido e defende os companheiros de " S. ou Barbarie ". E temos ainda o livro fascinante de A. Ciliga- " No país da mentira desconcertante "- onde a escola do partido-hábitos, repressão e vícios de forma inexpugnáveis e burgueses... - colavam/lubrificavam todos os patamares do ensino e formação dos quadros." A recusa da ideologia da promoção, é a recusa da luta de todos contra todos ".Niet
Ficaste ressabiado, xatoo?
Peço deculpa, mas aguardo resposta às duas meras questões que coloquei sobre a prática política militante de Carlos Brito. Desconheço se saiu do PCP. Ou se permanece no partido. E citei sem certeza se aceitou o " convite " em 86 para integrar o MASP...A nota da editora" ilude " toda a experiência política do autor do testemunho,reduzindo-a à sua dimensão institucional num orgão da democracia representativa...Niet
Senhor Niet,
Como insiste, e para não ser mal educado, até relativamente aos clandestinos ou fantasmas usando o lençol do nick name, respondo à sua curiosidade. Embora contrariado pois um livro, no meu critério, vale pelo seu conteúdo e não pelo julgamento acerca do seu autor enquanto pessoa e actor social e político. Aliás, quantos livros magníficos e imortais foram escritos por péssimas pessoas, sendo o inverso igualmente verdadeiro? Adoro discutir os livros que leio mas … com quem também os leu. Abro-lhe uma excepção pois o Cavalheiro Niet é um blogo-aristocrata no uso das boas maneiras interpelantes, o que não é de somenos perante tanto lixo cobarde que conspurca a blogosfera e lhe diminui a capacidade de ser, como devia ser, um espaço de diálogo, debate e combate de ideias, vivo mas civilizado.
Carlos Brito ocupou cargos na direcção máxima do PCP, ininterruptamente, entre 1967 e 1998, mantendo-se depois como membro do CC até o XVI Congresso de 2000. Sempre no “interior” (no 25 A 74 era o dirigente clandestino da organização regional de Lisboa, acumulando com a direcção da fracção comunista nas Forças Armadas, portanto era o elo da ligação do PCP à conspiração do MFA). Entre as tarefas que desenvolveu, após o 25 A, contam-se a “frente parlamentar” (foi deputado entre 1975 e 1991, em que durante 15 anos foi líder da bancada do PCP), uma candidatura à PR (1980) e a direcção do “Avante” entre 1992 e 1998. Como intercala assim a hipótese maluca de Carlos Brito ter sido integrante ou apoiante dos MASP’s? É boleia a um rumor conveniente ou simples provocação? Em termos “presidenciais”, Carlos Brito foi candidato pelo PCP (1980), apoiou todos os candidatos do PCP até ao MIC (que integrou) no apoio à primeira candidatura de Manuel Alegre, aqui já liberto das suas obrigações de militância no PCP. Na grande purga de 2002, o seu passado como dirigente histórico do PCP, livrou-o da expulsão (sofrida por outros dirigentes) mas não o livrou do castigo humilhante de uma suspensão por dez meses. Em 2003 abandonou o PCP e passou a integrar a “Renovação Comunista”. Chega ou quer mais?
Xatoo,
pois é, esta pérfida manobra envolvendo "as ossadas do maior reformista de que há memória no movimento comunista" e pondo a "múmia" ao serviço dos que andam "a ver se surripiam mais uns votos ao PCP", é bem capaz de ser mais uma manobra sionista, desses mesmos infiltrados que só querem reforçar o imperialismo, e ora defendem a candidatura de Alegre, ora reclamam a de Carvalho da Silva, no vão desígnio de confundir a inteligência superior dos verdadeiros m-l. Com o patrocínio, é claro, desta Radio Miami, cujos microfones só para disfarçar são postos ao dispor de vozes do povo como a sua…
Sr. João Tunes: Com grande timidez e pouco à vontade, trabalhado por um sentimento " kafkiano " de intruso, tentei articular o meu ponto-de-vista. Embora a " figura " de Carlos Brito me seja pessoalmente muito simpática- cruzei com ele uma vez num Congresso Algarve em Vilamoura, se bem me recordo...-nunca nada me fascinou no " politburo " do PCP, de quem sempre desconfiei muito...No entretanto, hoje, fui ver aqueles " Estudos do Comunismo ", rubrica online do Prof. JP Pereira...; e fui ao Google tentar " perceber " a personalidade política do C. Brito. Ainda bem que ele não participou no MASP. Como o via muito nos " Pastéis de Belém "... Talvez fosse por causa da dissidência múltipla e variada que abalou o PCP , no final dos anos 90...Eu vou encomendar o livro, claro. Estive há dias, em Paris, na única vera Livraria Portuguesa, no 13ème,mas ainda lá não se encontrava o testemunho. De qualquer das formas, esses " documentos " sobre o PCP não devem servir para " branquear " o fenómeno estaliniano lusitano, que tanto " mal " produziu no PREC,periodo 74/75,sendo para mim o responsável maior pela interrupção histórica de um singular e derradeiro movimento de
libertação na Europa! Cordialmente, Niet
Niet
Desculpe, mas está enganado. O fenómeno "reformismo" de que este blogue é particularmente adepto, não foi causado por José Estaline, mas sim pela revisão de Nikita Krustchev a partir do XX Congresso do PCUS. Mas, para não estar aqui a exorbitar no comentário, se estiver interessado pode ler algumas linhas que alivanhei sobre o livro de Carlos Brito aqui.
quanto a MSP, uma vez que se assume como não-marxista, penso que não deve pronunciar-se sobre este tipo de assunto, para além da feroz tentativa de me roer as canelas, o que até se torna divertido
:-)
Caro xatoo:Discordo quase totalmente! 1.a) Este blogue não é reformista nem estaliniano, antes pelo contrário;1.b)Há várias e esforçadas tendências a dialogarem nele;2) o " reformismo " soviético começou logo a seguir às grandes purgas de Estaline,em 35/40 segundo os historiadores heterodoxos mais consagrados, E.H. Carr, Broué, etc.;3)O MSP e todos em geral, tratam-no muito bem no Blogue, cheios de compreensão e amizade. Querem como eu, tão só, que se livre daquela nevróse obsessiva contra o judaísmo.Certo? Salut et égalité! Niet
Sim, caro Niet, obrigado pela ajuda. Ainda não desisti - embora sem recorrer a métodos como roer as canelas - de vermos o Xatoo a manifestar-se entre democratas revolucionários de todas as regiões do Médio Oriente, e entoando com o ardor que o caracteriza a palavra de ordem: Viva a República dos Conselhos Judeo-Árabes.
Mas o caminho é longo: primeiro, ainda terei de o convencer que não é absolutamente obrigatório ser marxista para falar do PCP, da Marx e da revolução, da realidade em geral.
Salut et égalité!
miguel (sp)
Senhor Niet ou Senhor Gromiko (o único político célebre que era conhecido como Senhor Niet, donde deduzo que foi daí que lhe veio a inspiração):
Como reparou, eu não valorizei nem me pronunciei sobre o conteúdo do livro de Carlos Brito, antes reservei isso para mais tarde após encontrar um número interessante de pessoas que o tendo lido o queiram debater. Apenas avalisei a qualidade do testemunho. E, naturalmente, afirmei que é tempo de se esvanecer o mito de Cunhal. Considerando que, neste aspecto, o contributo de Carlos Brito é oportuno, digno e importante.
Já é arriscado, semi-rasca e de mau gosto, insinuarem-se conotações políticas (ou sentimentais, se fosse o caso) sobre alguém a partir de ser visto num café, tasca ou restaurante que frequenta ou frequentou. È que até se pode dar o caso de Carlos Brito ser um adepto fervoroso do Belenenses… Para quem tanto lê como o senhor, fica-lhe mal esse estilo de leitor apressado do 24 H.
Se tiver dificuldade em encontrar o livro, posso comprar um exemplar e enviar-lho pelo correio (mandando-me o endereço para o meu mail). E vc “paga-me” mandando-me um livro do tão citado Katsouranis ( de quem nada li mas muito gostei de ver jogar quando ele esteve no Benfica). Vale?
vcs, meus caros, fazem aquilo que se chama tresler as questões segundo os vossos próprios interesses ideológicos - é uma lacuna na assimilação do conhecimento que se denomina por dissonância cognitiva: o que não dá jeito não entra.
A mim p/exemplo não me interessa pêva o que escrevem 2 franceses sobre o capitalismo de Estado vigente na URSS... quando posso resolver a contento a interpretação correcta com a "Teoria de Classe e História, Capitalismo e Comunismo na URSS" de Stephen Resnick e Richard Wolff
Ácerca dos "conselhos árabes-judeos" (e não judeo-arabes, pq estes últimos são maioritários e de ascendência mais antiga na região) até posso ser levado a concordar. Não sou adepto, por impraticável nas actuais condições, da teoria dos 2 Estados.
Mas para democratizar o Médio Oriente, qual é o remédio para extirpar a corrente judaica ortodoxa que desde sempre (1948) governa o Estado religioso de Israel com a ajuda de muitos biliões em ajudas financeiras dos EUA? - é a isto que eu chamo de politica sionista, que tem implicações globais. E esta questão não é de modo nenhum para ser alvo de dichotes rafeiros em subsituição de uma crítica consistente
Xatoo,
vamos lá, homem, não se amofine. Afinal, o próprio Marx não era marxista…
Sabe? O problema é que não há "teoria correcta" em política que possa substituir-se à reflexão incorporada na experiência e na acção dos que a fazem. E foi o que se passou com certas variantes do marxismo convertido em ideologia, que o marxista Henri Lefebvre dizia terem-se transformado em "uma teoria do ser que justifica o ser do poder".
Quanto a Israel, conhece hoje um processo de degenerescência política evidente, que reavivou e fortaleceu como nunca antes as sementes "fascistas" (era assim que lhes chamava Hannah Arendt, por exemplo em escritos imediatamente anteriores ou imediatamente posteriores à proclamação do Estado de Israel) presentes desde o início em certas forças políticas "combatentes" .
Dos regimes mais irredutivelmente inimigos de Israel, nem vale a pena falar. Você não concorda, mas sabe a minha posição: são ditaduras corruptas de - como cantava o Zeca - "senhores à força, mandadores sem lei", que tentam, com o auxílio da pregação do fanatismo religioso mais aberrante, adiar o dia em que as populações que governam lhes peçam contas, apontando-lhes um "bode expiatório" estrangeiro demonizado.
Para mim, a via de dissolução dos impasses internos a cada país e nas suas relações mútuas exige acima de tudo o reforço, extensão, crescimento político de plataformas e iniciativas conjuntas, do tipo das que Said promoveu com Barenboim e do tipo das que mobilizam gente mais anónima e comum em colectivos trans-identitários. Neste site - Jewish Voice for Peace - e em muitos outros, poderá descobrir informações que lhe interessem: http://www.jewishvoiceforpeace.org/
Vamos falando, sempre que você quiser realmente falar.
Saudações internacionalistas e laicas
msp
J. Tunes,prezado blogger : Niet é uma abreviação " automática " de Nietzsche, sem efeitos ou penalizações de espécie nenhuma. Já expliquei-mesmo neste Blogue- porque é que tiro partido desse nickname. Indo aos temas em questão, eu próprio- que detesto a política/espectáculo- encontrei junto ao Palácio de Belém- nos tempos de J. Sampaio-politológos e sociólogos estabelecidos na Europa e nos USA... O ponto em questão era, se bem nos recordamos, se o Carlos Brito tinha apoiado o MASP-I ou II. Felizmente, parece que o meu receio era infundado. Tendo avisado antecipadamente da minha incerteza, de forma incisiva,clara e objectiva.Certo? Fiz o máximo para apurar tal vínculo, que não existiu no concreto.E, se C. Brito o tivesse porventura realizado, nenhum mal ao Mundo adviria desse gesto. São circunstâncias da vida pessoal de cada um, num tempo longínquo e ultrapassado pela voragem/vertigem prodigiosa da História. Sobre leituras e afins, " descobri " Castoriadis em 1973, o que me forneceu uma hiper-sensibilidade muito grande para despistar todos os sintomas de manipulação ou prepotência inócua e desmobilizadora.O melhor antídoto para evitar " polémicas " à espanhola, é reportarmo-nos a factos objectivos e a notas de leitura, creia! É nessa linha que sempre trabalhei, aconteça o que acontecer. E tentei na blogosfera portuguesa- oficial ou anónimamente- colocar essa referência revolucionária máxima - C. Castoriadis- na primeira linha das minhas intervenções desde a primeira hora. E já lá vão perto de 5 anos... Salut! Niet
"Afinal, o próprio Marx não era marxista…"
Que grande patetice diz o Miguel Serras Pereira. Na verdade não me surpreende, vindo de quem vem.
O que o Marx pretendia com essa frase era demarcar-se da divulgação que alguns epígonos (Jules Guesdes, Paul Lafargue) faziam das suas ideias.
Especialistas da manipulação e da tergiversação têm, desde então, utilizado inescrupulosamente fora de contexto essa ironia do próprio Marx.
RF
"Afinal, o próprio Marx não era marxista…"
Que grande patetice diz o Miguel Serras Pereira. Na verdade não me surpreende, vindo de quem vem.
O que o Marx pretendia com essa frase era demarcar-se da divulgação que alguns epígonos (Jules Guesdes, Paul Lafargue) faziam das suas ideias.
Especialistas da manipulação e da tergiversação têm, desde então, utilizado inescrupulosamente fora de contexto essa ironia do próprio Marx.
RF
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