Um post do Rui Bebiano, denunciando a necrofilia visceral que anima o expansionismo corânico do Crescente, incita-me a trazer para aqui os factos descritos pela seguinte notícia do Público.
Duas explosões simultâneas, num restaurante e um clube desportivo de Kampala, a capital do Uganda, provocaram pelo menos 74 mortos e mais de 50 feridos, na noite de domingo, quando os dois lugares estavam repletos de clientes a assistir à transmissão do jogo da final do Mundial de futebol, entre a Espanha e a Holanda. (…) A partir de Mogadíscio, na Somália, o porta-voz do Al-Shabaab, Sheikh Ali Mohamud Rage, reivindicou a responsabilidade pelos atentados de Kampala e prometeu para breve novos ataques. (…) Um dos comandantes do grupo, Sheik Yusuf Issa, congratulou-se com o sucesso dos atentados de domingo. “O Uganda é um dos nossos inimigos e tudo o que os faça chorar é para nós uma felicidade. A raiva de Alá estará sempre contra aqueles que são contra nós”, declarou à Associated Press. (…) O grupo radical islâmico Al-Shabaab, que proíbe a música, dança e prática desportiva aos seus membros, mantém nas suas fileiras combatentes veteranos nas guerras do Iraque, Afeganistão e Paquistão, e recorre aos campos de treino da Al-Qaeda. Os seus dirigentes, que já procederam ao apedrejamento de mulheres acusadas de adultério bem como amputações de homens que desrespeitem o seu código de conduta, tinham prometido punir severamente os espectadores do Mundial da África do Sul – para eles o futebol é contrário aos preceitos do Islão por envolver jogo, competição, insultos e “diversão desnecessária”.
Estamos, pois, conversados sobre o teor da "libertação" e da "resistência" estipuladas pela "raiva de Alá" e dos que a servem, em palavras e obras que retomam o brado fascista do "Viva la muerte!" frente ao futebol ou a qualquer outra "diversão desnecessária" - para não falarmos de acção política ou exercício do livre-exame - susceptível de tornar os fiéis menos assíduos na prática da oração, dos jejuns, das lapidações, das amputações penais, das execuções capitais dos ímpios e outras obras piedosas que são os deveres , ao mesmo tempo que os prazeres distintivos e legítimos, dos "verdadeiros crentes".
14/07/10
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6 comentários:
"Estamos, pois, conversados sobre o teor da "libertação" e da "resistência" estipuladas pela "raiva de Alá" e dos que a servem(...)"
O exército ao serviço do Estado Judeu, que assassinou 9 pessoas a bordo da flotilha, não representa a religião judaica, mas uma parte dela.
Assim como o facto de os evangelistas americanos serem criacionistas não faz com que um católico português o seja automaticamente.
quando o miguel serras pereira refere "raiva de alá e dos que a servem" está obviamente a excluir os membros religiosos mais moderados.
Caríssimo MSP,
Não sei porque é que o substrato totalitário do discurso que aqui nos mostra me faz lembrar uma outra série recente....
Um bem haja para si,
Caros Fernando e tom-tom,
sim, o que escrevi é claro: é uma versão fundamentalista da religião que viso. Faço votos no sentido de ver expressar-se mais audivelmente a propósito destes assuntos um islão que aceite aquilo a que chamo a destituição política da religião, a autonomia e a responsabilidade humanas da política e da origem da lei, a dessacralização do poder.
Saudações democráticas
msp
Caro Justiniano,
obrigado pela atenção com que me lê, embora não tenha compreendido bem o seu comentário. Bem haja, em todo o caso, como você costuma dizer… Cordialmente
msp
Caríssimo MSP, referia-me à série "futebol/política ou futebolização da política ou..." glosada por aqui e por ali, que no limite de alguns argumentos apresenta semelhanças de representação.
Não tinha pensado nisso, meu caro Justiniano, mas creio que a sua observação faz sentido - no limite, como V. diz. Curioso, não?
Obrigado pela paciência e pelo esclraecimento.
Amistosas saudações
msp
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