25/08/10

Uma Hipótese de Trabalho

Bom, eu sei que este título parece roubado a um entusiasta da prioridade política das matemáticas e da candidatura de Francisco Lopes em matéria de violência sagrada, mas adiante: ninguém é impermeável (e muito menos eu) às influências dos grandes pensadores e artistas da sua época. A hipótese que quero pôr tem a ver com outra coisa.
Imaginemos que o Renato Teixeira - e saudemos de passagem a grata surpresa que foi a sua quase-quase adesão explícita às posições lúcidas e corajosas do Nuno Ramos de Almeida e do Zé Neves sobre o apedrejamento - caía nas mãos da ditadura iraniana que gostaria de ver um dia derrubada e era condenado pelas fracções menos esclarecidas da "resistência islâmica" à pena capital. Seria apoiar o imperialismo ou poluir a atmosfera com o "cheiro a esturro" da conivência com os seus (dele, imperialismo) propósitos globais empreender uma campanha de manifestações - digamos que em dez cidades portuguesas e milhares de outras localidades espalhadas por todo o mundo - visando salvar a vida do Renato Teixeira e denunciando a ditadura iraniana? Equivaleria a legítima defesa do Renato e de si próprios por parte dos manifestantes e protestatários a um voto anelando "fósforo branco" nos céus da Pérsia? Ou a única alternativa - inequivocamente anti-imperialista, embora só por tabela pró-Renato - seria começar por deixar que a ditadura iraniana se consolidasse perante o imperialismo, cumprindo a sua missão histórica, antes de a tentarmos derrubar ou enfraquecer, ainda que à custa da vida do Renato e, já agora, do reforço da opressão sobre alguns milhões de iranianos?

1 comentários:

osátiro disse...

Uma "hipótese de trabalho" muito assertiva...