Zygmunt Bauman, sociólogo polaco, ao “El Mundo”:
- La modernidad sigue siendo tan líquida como antes, incluso más que antes de la crisis actual, y por eso las identidades sólo pueden seguir siendo flexibles. Sin embargo, lo que cambió el hundimiento del crédito es el abanico de posibilidades que se abrió ante esas “identidades flexibles” y su capacidad para elegir e imponer lo que elijan. Para muchas personas el número de opciones probablemente se reducirá, la capacidad de elegir disminuirá radicalmente. Las generaciones más jóvenes que entran ahora en el mercado de trabajo se enfrentan a una fragilidad social que la mayoría de sus padres pudo evitar: los horrores del empleo a corto plazo y su debilidad, y asumir la necesidad de aceptar la degradación social y el drástico recorte de las ambiciones personales. Incluso la perspectiva de la humillación personal y el rechazo de la valía y la dignidad, esas pruebas del destino tan potencialmente dolorosas para la autoestima humana...
- Hasta la reciente crisis la visión del mundo se construía sobre el “disfrute ahora y pague más tarde”. La felicidad estaba casi totalmente basada en una mayor libertad: más opciones, más cambios, más deseos y más emoción, experiencias no probadas y sensaciones deliciosas. Todos los demás problemas se resolverían solos. Pero actualmente nuestro mundo padece claustrofobia, cada vez más repleto de competidores. La protección de lo que ya tenemos está a la orden del día, más que la persecución de lo que todavía no tenemos. La seguridad se está desplazando, despacio aunque de manera constante, hacia el lugar que hasta hace poco ocupaba la libertad: “Asegurémonos de que nadie nos quita lo que ya hemos conseguido, más que preocuparnos de conseguir más” se convierte en el lema del día. La “seguridad” se eleva a valor supremo. Los Gobiernos buscan legitimar su poder a través de la demostración de su dureza con la criminalidad, la inmigración o el terrorismo.
- Los partidos de izquierdas han abandonado en general -en el ejercicio de su gobierno, pero, cada vez más, también en sus declaraciones- la causa del más débil: de los pobres, de los humillados, de los abandonados o los discriminados. Olvidaron e incluso rechazaron abiertamente los dos principios axiomáticos en los que se basa la crítica izquierdista del statu quo: primero, que la comunidad tiene el deber de asegurar a cualquiera de sus miembros frente a un infortunio individual, y segundo, que la calidad de la sociedad debería medirse, no en función del bienestar medio de sus miembros, sino del de sus partes más débiles. En su lugar, compiten con la derecha política por allanar el camino al gobierno de los mercados y de la filosofía que fomentan con hechos y palabras, a pesar de la creciente injusticia, la desigualdad y el sufrimiento que ello conlleva. Mientras, la extrema derecha y los movimientos populistas recogen los postulados que la izquierda abandonó pretendiendo ser sus engañosos defensores, mientras desvían a la gente del verdadero origen de su desgracia.
(publicado também aqui)
21/10/10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
15 comentários:
Em que parte do mundo a esquerda alguma vez foi o retrato idílico pintado neste texto, e agora, supostamente, abandonado?
Talvez no programa eleitoral de papelão dos partidos de esquerda.
Na prática os efeitos da esquerda no poder são, invariavelmente, tecidos sociais enfraquecidos e/ou repressão de direitos individuais e colectivos.
A 'esquerda' é o pior engodo político alguma vez urdido, uma mentira disfarçada de utopia, um zero que deixa tudo á sua direita, uma trepadeira venenosa e letal que medrou no sex XX.
Nem um tolo muito tolo de direita deve exagerar tanto no sectarismo como faz este Sr. Abrantes.
O título tem aspas mas não me parece do autor citado pelo que deve ser do autor do «post».
Dizer «A ESQUERDA» é tão simples e cómodo como enganoso.
O próprio Bauman, num lúcido e penetrante parágrafo final diz que que «LOS PARTIDOS DE IZQUIERDAS han abandonado EN GENERAL - EN EL EJERCICIO DE SU GOVERNO, pero, cada vez más, también en sus declaraciones- la causa del más débil: de los pobres, de los humillados, de los abandonados o los discriminados(...).
Ou seja, o próprio texto de Bauman ajuda a destrinçar o que o título amalgamou.
Abrantes,
Leia a Bauman e não asneire.
Vale a pena. Acredite.
Vítor Dias,
sim, as análises lúcidas e penetrantes não são o que falta na obra de Bauman.
Mas, cuidado, quem brinca com o lume queima-se. E no que se refere ao "socialismo realmente existente" do século XX, aos regimes de opressão que usurparam o nome de socialismo, comunismo, democracia, etc., Bauman não tem contemplações - tanto mais que os conheceu por dentro, tendo sido professor na Universidade de Varsóvia. Conheceu a sua desigualdade burocrática, o seu ódio à liberdade, o seu anti-semitismo (ZB é judeu) e denunciou-os muitas vezes e em termos inequívocos. Veja-se, por exemplo e porque vale a pena conhecer esse resumo acessível e autobiográfico do seu pensamento, o volume Zygmunt Bauman/Keith Tester, La ambivalencia de la modernidad y otras conversaciones, Barcelona-Buenos Aires-México, Paidós, 2002.
Com efeito, com Castoriadis, com quem afirma as suas afinidades essenciais e cuja trajectória política e crítica aponta como exemplo ímpar,Bauman faz parte do reduzido grupo de pensadores que souberam bater-se tanto contra a versão ocidental como contra a versão dita por antífrase "socialista" da dominação hierárquica e classista global. Sobre a sua concepção da democracia como auto-governo dos cidadãos, nos antípodas do modelo proposto pelo PCP, veja-se também o seu Em Busca da Política, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1999.
msp
Miguel Serras Pereira:
Não percebo o seu latim gasto com o meu comentário.
Eu limitei-me a considerar «lúcido e penetrante» o «PARÁGRAFO FINAL» de Bauman citado por João Tunes por atenuar a amálgama do título do post.
E devia ter sido óbvio para si que uma das razões mais fortes para eu rejeitar aquele título tinha em vista designadamente não meter o PCP no mesmo saco do PS.
Vítor Dias,
eu compreendi perfeitamente a sua ideia e foi por isso que escrevi, em português, o que escrevi.
Com efeito, se podemos e devemos entender as posições de Bauman como antagónicas das praticadas e "teorizadas" por partidos "socialistas" como os de Sócrates, Zapatero e outros Blair, elas não são mais contemporizadoras, embora por razões diferentes e sob outros aspectos, frente às versões "socialistas" da dama que você, no seu comentário, quis fazer brilhar por contraste.
Percebe agora?
Sei que sim, mas continuo a lamentar que evite discutir o fundo do problema, ou confrontar as questões de fundo, se quiser, que a este propósito se levantam. Seria proveitoso para todos - sem o excluir a si, com sua licença.
msp
Fiquei a conhecer este notavel pensador enquando estudava o Leste Europeu na GB. Um belo dia encontrei um artigo dele no periodico Social Research (ja nao me recordo do titulo do artigo, apenas da tese nele defendida). Ele interpretava a transiçao politica-economica-social (o drama da simultaneidade, identificado por Claus Offe, tb no Social Research)) da Polonia como uma experiencia liminal e indeterminada.(limen: estado fluido que ocorre entre a dissoluçao/constuiçao de uma ordem social. Ele, melhor do que ninguem, conseguiu interpretar, de forma sagaz, o periodo entre a dissoluçao da ordem deposta e a constituiçao da ordem emergente. Nunca mais deixei de o ler nem de o ouvir. Ate tentei ir a Leeds ouvir as suas lectures. Mas tive o privilegio de o ouvir em Londres.
Um homem brilhante.
M.S.P:
Para seu esclarecimento e para lhe poupar ilegitimas deduções futuras,
informo-o de que «a dama» que eu defendo é o Programa em vigor do PCP em cuja redacção, por sinal e puro acaso, tive a honra de modestamente colaborar.
Vitor,
Nao se fala latim no PCP???
O último parágrafo vem de encontro a uma das minhas maiores preocupações. O projecto da esquerda não desaparece só porque a esquerda o abandonou: fica onde está, a apodrecer e a desvirtuar-se, à espera que a extrema-direita lhe pegue - como aconteceu nos anos 30 do século passado e como está a acontecer agora.
Tendo em conta o asterisco que agora está no fim do «post», e para desgosto dos estalinistas distraídos e reconvertidos de etiquetas mas que conservaram o estalinismo estrutural, informo os leitores que a expressão «La izquierda abandonó los débiles» («A esquerda abandonou os fracos», na versão tunesiana)não será então de João Tunes mas será de «El Mundo».
Tanto quanto me parece, o que não é de certeza é das respostas de Bauman pois nem a pesquisa de palavras nem a leitura cheia de vagar encontrou lá tal expressão.
Pelos vistos, há senis e incompetentes que nem se lembraram que ao «El Mundo» (de direita) podia convir um tal título.
Quanto ao mais, é o «espírito democrático» do costume: o quarteleiro-mor da vigilância ao Avante! não suporta o mais sóbrio reparo crítico ao que escreve.
Vítor Dias,
eu conheço o programa do PCP e, por isso mesmo, achei um tanto deslocado um dos seus subscritores - e co-redactores - invocar Bauman para evitar "meter o PCP no mesmo saco do PS". Não que Bauman o faça. Mas porque as suas concepções e intervenções políticas exprimem uma exigência de igualdade e liberdade e um projecto de democratização das instituições, formas de governo e relações de poder, em cujos termos as concepções ideológicas e orgânicas do PCP e afins são um obstáculo maior na via da emancipação e da cidadania activa. Com efeito, embora não use o termo, é daquilo a que eu tenho chamado "cidadania governante" que, por exemplo, no seu Em Busca da Política, como noutras páginas, ZB nos fala.
Mas aqui voltamos à questão de fundo que o Vítor Dias quer evitar e que se levanta em torno da oposição entre uma concepção da democracia - que faz seu o "projecto de autonomia" (Castoriadis) e de rercriação da polis democrática (Bauman) - como cidadania governante, significando a abertura à participação igualitária de todos na definição das decisões pelas quais se governem, e o programa assente no exercício do poder político e na direcção da economia, bem como do do conjunto da vida social por um partido de vanguarda, de tipo leninista, que se dá como consciência histórica superior dos interesses dos trabalhadores, detentor da sua (deles) verdade histórica, organizador científico da sociedade, e é gerido por funcionários da revolução ou políticos profissionais, etc., o que reproduz a divisão do trabalho político característica do aparelho de Estado, do mesmo modo que a divisão política do trabalho imposta pelas relações de poder instituídas pela economia dominante. Acresce que, se tivermos presente de que modo as experiências (ditas por antífrase) do “socialismo real” despojaram os trabalhadores dos direitos políticos mais elementares, e oscilaram conforme as ocasiões entre o arregimentamento forçado e a privatização/despolitização da existência do conjunto da população, ao mesmo tempo que mantinham e reforçavam a seu modo a separação entre os produtores e os meios de produção e exorcizavam a democracia no trabalho e na gestão da economia tão radicalmente como o Partido e o Estado no que se refere às restantes esferas da vida social, não poderemos deixar de concluir que estamos aqui perante um projecto político antagónico do combate pela emancipação dos trabalhadores e da grande maioria das mulheres e homens que a ordem estabelecida nas sociedades contemporâneas oprime e explora, exclui e instrumentaliza, reduz a matéria-prima das relações de poder dominantes.
msp
Este processo conheceu o seu auge na época de Estaline (e de Mao, na China), mas começou antes – a insurreição de Cronstadt e o combate de Makhno, a polémica de Rosa Luxemburgo com os bolcheviques, a denúncia precoce da degenerescência da Revolução Russa que encontramos em numerosos membros de delegações operárias que a visitaram, e os etcs. que seria fácil acrescentar provam-no à saciedade.
M.S.Pereira e todos em geral: Andei a ler uns textos/entrevistas com Bauman que tem grande parte da obra traduzida já no Brasil,cerca de 50% por cento de 50 volumes. Além daquelas paragens por águas turvas do Post-Modernismo- li a sua quase incondicional colagem às teses de Rorty- e outras mais fortes e impressivas sobre Camus, Lévinas e Max Weber ou mesmo Sartre, o que nos faz pensar num ecletismo...universitário que se auto-controla demasiado. O MS.Pereira relata-nos que ele elogia e secunda Castoriadis na sua desmontagem estrutural e única do estalinismo e seus derivados. Temos apresentado o essencial do novo e iconoclasta pensamento revolucionário que Castoriadis nos legou.São mais de 3000 páginas dedicadas à história do movimento operário e político mundial, com destaque para a Revolução Russa,licões e derrotas, onde analisa e desmistifica todas as " vulgatas " trotskistas, bordiguistas e titistas agitadas através do séc.XX.
Se Trotski adianta como " inimitável " a " qualificação " criminosa e policial do aparelho do Partido Bolchevique por Estaline, a partir de 1927, com a entrada da Guépéou(futura KGB) na resolução dos conflitos no interior das estruturas partidárias, o que elevou aos " píncaros " as desigualdades e privilégios " dos funcionários "profissionais do aparelho "; Castoriadis indica que uma " revolução socialista não se pode limitar a eliminar os patrões e a propriedade " privada " dos meios de produção; sobretudo deve também desembaraçar-se da burocracia e da pressão que esta exerce sobre os meios e o processo de produção- dito de outra forma, eliminar a divisão entre dirigentes e excutantes. Dito positivamente, isto tem só a ver com a Gestão Operária da produção, a saber o poder total exercido sobre a produção e sobre o conjunto de actividades sociais pelos orgãos autónomos dos colectivos operários/trabalhadores; podemos também chamar a tal Autogestão, na condição de não se esquecer que implica não uma "maquilhagem", mas a destruição da ordem existente e, particularmente, a abolição do aparelho de Estado separado da sociedade e dos partidos enquanto orgãos dirgentes ". Niet
"O projecto da esquerda não desaparece só porque a esquerda o abandonou: fica onde está, a apodrecer e a desvirtuar-se, à espera que a extrema-direita lhe pegue - como aconteceu nos anos 30 do século passado e como está a acontecer agora."
José Luiz,
A expulsão de emigrantes faz parte da agenda da esquerda??? O nacionalismo pacóvio? (uhmmm, talvez) A mobilização das massas?? (talvez, quiçá)
estou a brincar mas devo confessar que a sua observação parece-me bastante pertinente
Enviar um comentário