21/11/10

O policiamento da manifestação contra a NATO

O que se passou ontem na Avenida da Liberdade deve motivar um inquérito, a realizar por uma daquelas entidades que realizam inquéritos e que às vezes até servem para alguma coisa. A democracia não se dá bem com suspensões temporárias. A generalidade dos comentadores e dos dirigentes de todos os partidos com assento parlamentar fizeram questão de recordar isso mesmo ainda há uns poucos meses. Na ocasião, contra declarações da Drª Manuela Ferreira Leite. Na manifestação deste sábado, a polícia isolou um conjunto significativo de manifestantes e obrigou-os a desfilar cercados pela polícia, dentro de um quadrado, isolando-os da manifestação principal. A polícia decidiu ainda que os manifestantes não podiam sair dos limites do quadrado policial em que estavam cercados. Entre os manifestantes estavam crianças e pessoas mais idosas. Não estou certo se a polícia pretendia, deste modo, levar os manifestantes a cometer qualquer acção violenta. Se assim foi, então a polícia fez o contrário do que é suposto fazer e alguém deve ser reponsabilizado por isso. Pode também ser que as falsidades avançadas por José Manuel Anes e por responsáveis dos serviços de informação tenham convencido a polícia ou, na verdade, que esta necessite permanentemente de criar a sua prória necessidade. Sei que não se viu ninguém do Black Bloc. E que o Professor Anes deveria ser simplesmente demitido de tudo em que possa ter qualquer contributo relevante para o tema da segurança pública. A incompetência não pode continuar a ser senhora; até porque no dia em que estivermos perante uma qualquer ameaça séria à ordem pública, o mais provável é não que confiemos em Anes e nos serviços de informação. Mesmo que, nessa ocasião, tenham razão alguma. A violência e os métodos seguidos pelo aparato policial foram inéditos em manifestações políticas deste género. Parte dos manifestantes era anarquista, muitos outros manifestantes não eram. O major Mário Tomé e o deputado José Soeiro, cuja atitude deveria ser um exemplo a seguir por muitos dirigentes e quadros do Bloco de Esquerda, não são seguramente anarquistas. Muito mais gente que ali estava não era anarquista. E se fosse. E SE FOSSE. Recordo que ainda recentemente uma ministra do governo deste país se dizia anarquista e que um eurodeputado deste pais se diz anarquista.

No inquérito que será realizado deverá ser igualmente averiguado onde começa um serviço de ordem de uma manifestação e onde começa a força policial. Com efeito, não se percebe ao certo se foi o serviço de ordem do PCP que deu ordens à polícia no sentido de isolar um grupo de manifestantes ou se foi a polícia que de livre e espontânea vontade agiu desse modo. A reportagem da SIC não é minimamente elucidativa e eu só me juntei à parte guetizada da manifestação a meio do caminho. O que sei é de testemunho indirecto. Da reportagem da SIC, sobretudo, espanta-me a parte em que um responsável da polícia remete a responsabilidade da guetização dos manifestantes para a CGTP. Fico igualmente surpreendido com a parte em que um membro do serviço de ordem do PCP diz à jornalista que as pessoas que foram isoladas eram pessoas que não estavam "credenciadas" (foi esta a palavra) para estar naquela manifestação.

Gostava de saber, ainda, em que circunstâncias é que é preciso um tipo ou um grupo obter credenciação para ir a uma manifestação; e, já agora, também, gostaria de saber quem credencia os homens do serviço de ordem e lhes confere o poder de recorrem à força para impedirem a mobilidade de outros cidadãos em plena via pública. É a polícia? Já agora, e para quem souber responder, o que é legalmente um serviço de ordem? O serviço de ordem é uma espécie de polícia alternativa? Espero sinceramente que para a greve geral de dia 24 não seja necessário um tipo obter «credenciação» junto da polícia ou junto do PCP. Eu, de qualquer dos modos, garanto que farei greve. Com ou sem credencial. E farei pelos motivos presentes, mas também pelo passado. Porque conheço a história de um movimento operário que em Portugal fez o seu caminho com anarquistas, comunistas e muitos outros. Aliás, alguns (sublinho, ALGUNS) dos quadros e dirigentes do PCP que à boca cheia falam da identidade e da história do partido não fariam mal em recordar que, ao contrário de vários outros seus congéneres europeus, em Portugal o Partido Comunista fundado no início dos anos 20 tinha uma maior ligação aos ideais anarquistas. E não resultou propriamente de uma cisão entre social-democratas e comunistas.

O Spectrum tem o vídeo da notícia da sic disponível. Aqui. O destaque dado à guetização dos manifestantes desviou as atenções do essencial, a crítica da NATO e das suas políticas. Os orimeiros que foram privados do direito a fazer ouvir essa crítica foram os manifestantes guetizados que tiveram que se preocupar mais com a repressão policial do que com a manifestação dessa crítica. Se na economia das notícias os discursos contra a NATO acabaram por não ter o protagonismo devido, isso deve-se à atracção da grande parte dos jornalistas por tudo o que cheire a sangue (embora tenha sido a presença dos jornalistas, estou em crer, que conteve a violência policial). Talvez isto não tudo não fosse notícia e este post não estivesse aqui se a manifestação fosse uma só, com pluralidade maior do que a que confere direito de existência à Ecolojovem, ao Bloco de Esquerda e à Intervenção Democrática. O serviço de ordem do PCP e a polícia procuraram dividi-la, criando assim um "alvo policial", o que, sabemos bem, tem enorme semelhança com o que frequentemente se designa como "objecto noticioso".

30 comentários:

Anabela Rocha disse...

Eis o link para a notícia da RTP, bem mais tendenciosa, mas ainda assim representativa dos abusos perpretados:
http://tv1.rtp.pt/multimedia/progVideo.php?tvprog=1103
(a partir do minuto 25:20 )

Anabela Rocha disse...

E a partir de 32:30 a condescendência e atribuição do epíteto de "embriagados" aos activistas do Rossio aquela hora, por livre recreação da jornalista, Sandra Felgueiras.

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Grande texto José Neves. E acho importante o que dizes sobre o Anes. Fui dos primeiros a alertar para declarações suas a propósito de cinco décadas de terrorismo em Portugal http://trix-nitrix.blogspot.com/search/label/terrorismo. Como se percebe o senhor referia-se também à luta contra o regime fascista. Na altura alguns amigos seus de longa data consideraram imprópria a minha referência. Hoje não me arrependo.
Vi aqui um comentário sobre o que disse a Sandra Felgueiras. Eu ontem ouvi o mesmo e de tão anestesiado que se anda até nem liguei. Hoje fui rever o que a menina disse é de facto uma vergonha do jornalismo nacional. Acima de tudo o tom acintoso em que é dito. Espero que o Vítor Dias inclua este comentário entre as Glórias do Jornalismo Português.

Anónimo disse...

Dado o teor do «post» do José Neves, entendo útil reproduzir aqui seis afirmações essenciais que acabo de deixar numa caixa de comentários do «cinco dias»:

1º os promotores da manifestação ou serviços de ordem desta não têm a mais pequena responsabilidade na forma como a PSP enquadrou a «manifestação» Pagan ou afim.

2º esse desfile desse grupo no fim da manifestação, como muito sabem membros da Pagan, só se verificou porque os promotores da manifestação lhes e à polícia manifestaram que não tinham nenhuma objecção a que desfilasse no fim. Sem essa atitude, provavelmente a polícia nem sequer teria consentido no seu desfile.

3º O Bloco de Esquerda e a Marcha Mundial das Mulheres não fazendo parte das 100 entidades promotoras desfilaram em bloco dentro da manifestação porque dialogaram com os organizadores que não tiveram nenhuma objecção a essa integração.

4º Perguntar-se-a qual a diferença de critérios então. Respondo o óbvio:o Bloco de Esquerda e a Marcha Mundial das Mulheres são entidades responsáveis, identificadas e conhecidas em cujo sentido de responsabilidade, à luz até de outras experiências, há que confiar. Quanto a mim, 0 Pagan e afins são grupos difusos e voláteis que não reunem essas caracteristicas de interlocutores fiáveis.[acrescento agora: e nem me parece oferecer qualquer garantia de controlo de acções impensadas dos seus membros]

5º É muito cómodo conjecturar que nada de espcialmente grave ou provocatório teria acontecido se a grupo final tivesse sido permitido participar dentro da manifestação. Os mesmos que juram por isto seriam os primeiros a, caso se verificasse alguma grave provocação por membros desses grupos, a vir clamar que era inconcebível que os organizadores e os seus serviços de ordem não tivessem tomado medidas preventivas.

6º Repito o que alguns não quiseram ouvir: estando de acordo com os objectivos da manifestação, pessoalmente não senti necessidade de integrar qualquer bloco da manifestação, deambulei livremente como me apeteceu, andei para baixo e para cima como me deu na telha. Repito também: em democracia, quem quer desfilar como grupo afirmando uma identidade própria diferente da dos organizadores, só tem dois caminhos: ou obtém o acordo dos promotores ou organiza a sua própria manifestação noutro local ou hora.Coisa bastante democrática, creio.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zé Neves disse...

Vítor Dias,

Diz você: «os promotores da manifestação ou serviços de ordem desta não têm a mais pequena responsabilidade na forma como a PSP enquadrou a «manifestação» Pagan ou afim». Não é o que sugerem as declarações da polícia à SIC nem é o que dizem variadíssimos activistas que foram objecto da guetização que refiro. O Vítor Dias, aliás, pouco pode testemunhar directamente sobre isto, uma vez que, como refere, andou livremente para cima e para baixo da avenida. O Vítor Dias não percebeu ainda que a polícia não tem que consentir ou deixar de consentir que as pessoas se manifestem. E uma coisa é as pessoas dizerem que desfilam no fim, outra coisa é dizer que desfilam isolados dos restantes por um batalhão policial em formato de quadrado. Ora o Vítor Dias acabou de dizer que as pessoas da Pagan dialogaram com a organização e a polícia de modo a desfilarem no fim e que desse diálogo resultou o consentimento da polícia. Em que é que ficamos?
O Vítor Dias pode classificar os seres humanos com recurso à linguagem que melhor entender. Mas repare que recorre à mesma linguagem que é utilizada por quem está à sua direita para classificar o seu partido ao longo da história. Eu não a utilizo nem em relação à Pagan nem em relação ao PCP. Várias dos grupos e pessoas que desfilaram na parte guetizada da manifestação estiveram com organizações próximas do PCP em vários momentos e até então não eram motivo de desconfiança. A Pagan reuniu com a Plataforma Nato não, Paz Sim antes desta manifestação e presumo que na altura não se colocasse a questão da fiabilidade. A Plataforma acusa a Pagan de ter cindido com a Plataforma e não diz que a tenha expulsado (o que seria justificável se a questão da fiabilidade se colocasse).

Diz finalmente o Vítor Dias. «É muito cómodo conjecturar que nada de espcialmente grave ou provocatório teria acontecido se a grupo final tivesse sido permitido participar dentro da manifestação».
O Vítor Dias tem que se decidir: foi ou não aceite a participação do grupo na manifestação? O Vítor Dias tem que compreender o que significa conjectura. Não é algo que se aplique apenas aos outros. Conjectura também faz o Vítor Dias, mas a sua é uma presunção de culpabilidade. Aceita a repressão de potenciais criminosos. E isto é inadmissível. Era o mesmo que eu me lembrar de mandar prender o Vítor Dias porque conjecturo que ele um dia será ministro da administração interna de um Portugal Comunista em que conjecturo que as liberdades democráticas serão suprimidas.

Anónimo disse...

Que embrulhada , José Neves, cite-me se quiser mas não me distorca com as suas induções ou deduções.

Quanto apenas a um exemplo do que escreve, é manifesto que o José Neves ainda não percebeu qaul é o quadro legal em que nos movemos .

Por isso afirma « O Vítor Dias não percebeu ainda que a polícia não tem que consentir ou deixar de consentir que as pessoas se manifestem».

Ora essa, pois não, a Polícia se quiser só lhes pergunta onde está a participação ao governo Civil que, mesmo a ter havido, obviamente
não podia ter sido aceite como escorreita por ser para a mesma hora e local já reservada por outras.

E, desculpe lá mas por uma vez sem exemplo, vá passear com essa ofensa de, ao pessoalmente não atribuir fiabilidade ou segurança a um grupo de pessoas estar a aceitar «a repressão de potenciais criminosos».

Já lhe disse que os promotores nada tem a ver com o enquadramento que a polícia deu ao grupo final. Não aceitei repressão nenhuma. Apenas disse e mantenho e manterei que quem desfilar com identidade politica próprioa e em grupo numa manifestação pela qual outros são legal e polticamente responsável só tem os tais dois caminhos - de que já falei - à frente.

Zé Neves disse...

Vítor Dias,

vou interpretar a sua rudeza como sinal de incomodidade pelo facto de eu associar o PCP à polícia na tarefa de policiamento de uma manifestação. acredite que valorizo sinceramente esse incómodo.

quanto ao resto: a polícia diz que foi o serviço de ordem que procedeu ao que chamo de guetização. O serviço de ordem e o Vítor dizem que foi a polícia. Eu acho que foram ambos e que ninguém quer ficar com a batata quente nas mãos. De qualquer dos modos, proceda-se a um inquérito.

Em relação ao restante, diga-me o Vítor: se apenas podem desfilar grupos politicamente identificados, o que acontece a quem não pertence a nenhum desses grupos? Fica em casa? Passeia para cima e para baixo na avenida como o Vítor? Fica no passeio a olhar?

O que o Vítor não admite é que existam pessoas a desfilar com convicções políticas que não são simplesmente individuais (de outro modo, não estariam numa manifestação colectiva) mas que não estão institucionalizadas sob a forma de partido ou associação. Devo aliás dizer-lhe o seguinte: se o tal grupo final foi mais numeroso do que era de prever (pelo menos por im), foi justamente porque, apesar de todo o aparato repressivo, houve quem, preferindo não desfilar ou no meio de bandeiras do PCP ou no meio de cartazes do BE, optasse por tal zona da manif.

Dallas disse...

O direito à manifestação não passa pela autorização do governo civil. É ler os posts publicados por Mariana Canotilho nesta casa. Uma consequência de uma constituição progressiva, lá está.

asinus disse...

Caro Zé Neves

Não será o "policiamento" da manifestação de ontem mais resultado da nossa plena integração da UE do que de supostos "entendimentos" entre o pcp e a polícia? É certamente do seu conhecimento que na Alemanha, por exemplo, não há manif anti-NATO sem o célebre "método do cerco" ontem ensaiado pelos "nossos" chuis. A diferença é que os nossos chuis ainda não têm grande treino na coisa, de que a sua desmobilização foi um bom exemplo. Admira-me que alguém com o seu nível intelectual aceite sem espírito crítico o que ouviu de um polícia (?!) na sic e não ponha a hipótese de (FINALMENTE!!!) sermos membros de pleno direito da UE, com direito a manifs enquadradas por polícia de choque. A democracia que temos em todo o seu esplendor.

Maria Isabel Pedrosa Branco Pires disse...

Parabéns pelo texto.
Eu manifestei-me com a Pagan que comunicou previamente às Autoridades competentes segundo a legislação em vigor.
A Pagan teve uma reunião com a Polícia (muito tempo antes) para esclarecer a sua participação.
A Plataforma "Paz sim/ Nato Não", já tinha feito há 2 dias um comunicado contra a Pagan arrogando-se donos a Av da Liberdade e da Manifestação (Estavam 5 comunicadas).
A Polícia obedeceu às ordens dos Seguranças da CGTP.
Como a Rua é de TODOS sugiro que se comecem a manifestar no Seixal!

Zé Neves disse...

asinus,
o que digo sobre a cumplicidade entre polícia e serviço de ordem do pcp não resulta simplesmente das declarações da polícia na tv, mas de vários testemunhos de pessoas que assistiram ao que se passou.
quanto à sua interpretação sobre o recurso policial à táctica do quadrado, pode ser que seja isso; mas pode também ser que seja a transposição de uma táctica utilizada no "transporte" de claques de futebol em certas circunstâncias (já me aconteceu...). E o próprio modo como a polícia não soube lidar com o fim da manif pode ter a ver com isso. No caso de uma claque, trata-se de "despejar" para dentro de um estádio. Ali, nem por isso.

Miguel Serras Pereira disse...

Asinus,

"Não será o "policiamento" da manifestação de ontem mais resultado da nossa plena integração da UE do que de supostos "entendimentos" entre o pcp e a polícia?".

Vou deixar de parte a segunda parte da pergunta, mas quero dizer-lhe que acho absolutamente extraordinário insinuar que a reafirmação da "soberania nacional" ou a "portugalização" da polícia seja aqui aventado como via para minorar os atropelos policiais.
Não menos chocante é ver que o participante numa manifestação, cuja legitimidade só pode ser a do internacionalismo democrático, reclame não a transformação democráticas das instituições da UE e o seu consequente aprofundaemento, mas culpe a integração de Portugal na UE e, em suma, os "estrangeiros" da arbitrariedade policial e outras pragas.

msp

Anabela Rocha disse...

Gostava apenas de salientar que, além de guetização, o que se passou no final da manif dos guetizados foi uma detenção temporária, sem qualquer fundamentação ou comunicação, pois que durante mais de meia hora ali ficamos, sequestrados, sem podermos sair. Incrível !!!

Moriae disse...

O vídeo da RTP 1 está alojado em http://tv1.rtp.pt/multimedia/progVideo.php?tvprog=1103 a partir de 23: 31. Provavelmente, os endereços dados pela Anabela Rocha estariam correctos para ontem.

asinus disse...

Caro Miguel Serras Pereira,
tresleu o que escrevi. Não procurei "minorar os atropelos policiais", mas tão só ironizar com a democracia da UE e a nossa, agora, plena integração. Mas compreendo que quem tem tanta certeza absoluta lhe escape a ironia.

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Asinus,
as minhas desculpas, então. Mas não seria mais simples deixarmos de dar por boa a versão de "democracia" que nos é servida pela UE, e explicitarmos a exigência da sua democratização?
Quanto às certezas, terá de as buscar noutro lado: não tenho receitas para a democratização: esta será, como a emancipação dos trabalhadores, criação dos próprios cidadãos - ou não será. Posso e devo propor direcções ou critérios de juízo político - seria renunciar à vontade de cidadania democrática não o fazer -, mas terá de ser o comum dos demais a validá-los, se assim quiser. E nós podemos solicitar, interpelar a vontade de democracia dos que nos rodeiam, mas, por definição, está excluído que a possamos impor.

Cordiais saudações republicanas

msp

A.Silva disse...

Porque é que será que há tipos mais interessados em criar conflitos entre quem se opôe ao capital e ao imperialismo, do que em criar pontes de entendimento?
Fod....

jal disse...

A mim ninguém me proibiu de descer a Av. da Liberdade. Não fui cercado pela polícia, gritei palavras de ordem, tirei umas fotos, encontrei amigos, manifestei a minha vontade de Paz, contra a NATO e os senhores da Guerra.
Por tudo isto, não compreendo o post.
Quem quis descer a Av. e integrar a manifestação não teve qualquer problema.
O que houve foi um grupo organizado que parasitariamente se tentou colar a uma manifestação, um grupo que, de livre vontade, não integrou a plataforma Paz Sim! Nato Não!, um grupo que não comunicou ao Governo Civil a sua vontade de se manifestar, um grupo que não integrando a plataforma referida, não tinha porque integrar a manifestação dessa plataforma.
Compreendo e conheço o choradinho que agora é feito e a pena que alguns têm de a coisa não ter dado para o torto para terem mais umas linhas para escreverem a sua indignação.

Anónimo disse...

Boas
Por acaso vim dar a este blog e notei o diálogo que se vem desenrolando. E porque estou particularmente bem informado sobre o assunto, esclareço
1 - Em 30/9/2009 constituiu-se a PAgan tendo para tal sido convidadas todas as forças políticas da esquerda, blogs, colectivos, etc disponíveis. Ninguém da pouco difusa área do PC apareceu
2 - Foi a Pagan que nesse dia informou por aÍ, em conf de imprensa que ia haver uma cimeira
3 - Tentou-se falar com a CPPC (então desactivada, com notícias desactualizadas no seu site - o Iraque, por ex não era notícia desde 2006. o que demonstra a atenção dada à paz pelo PC. A Inter também nada respondeu
4 - Em Dezembro 11ou 12 membros da coligação internacional em reunião com a Pagan em Lisboa forma falar com a CPPC, sem resultados; e, até eram membros do insuspeito PCF
5 - Em 18/1/2010 no dia da primeira sessão/debate da Pagan, à mesma hora (coincidências...) surgiu a coligação PSNN como produto de 100 organizações, umas fantasmas, outras sobrepostas, como é fácil de ver
6 - Em Fevereiro houve o único contacto direto Pagan/CPPC. Soube-se que a CPPC (Carlos Carvalho, que é da USL, da Inter, do CPPc, da PSNN e sei la que mais)proclamou não querer a CPPC obedecer a gente estrangeira e discordar da desobediência civil
7 - Entretanto a Pagan começara a ir às manifs da Inter, sem problemas, falando e distribuindo comunicados, sendo sempre bem acolhida pelas pessoas de bem
8 - Em finais de Junho nova reunião de dois estrangeiros da coligação com a CPPC onde se acordou haver uma só manif, como óbvia conveniência contra a NAto, tendo sido afirmado que da área do PC nada mais seria feito
9 - Quando a manif de dia 20 foi anunciada a Pagan começou a divulgar o evento. Uma manif vale pelos seus objectivos e é pouco relevante quem a convoca formalmente no governo civil. E não houve qualquer intenção de esconder o nome dos convocantes, apenas descuido
10 - A 13 de Outubro, começa a campanha de criminalização lançada pelas organizações do PC, com a ideia de que a PAgan é um bando de desordeiros, violentos, etc. O governo(agradecido) e a imprensa geraram logo cenários apocalíticos para a altura da cimeira, para assustar as pessoas.

(AGRADEÇO A PERMISSÃO PARA MANDAR O RESTO DESTE TEXTO)

GT – activista da Pagan desde o início

Anónimo disse...

(RESTO DO TEXTO ANTERIOR)

11 - Claro que o objectivo também seria atemorizar as pessoas perante o cenário da greve geral. E isso, no seu sectarismo, o PC não pensou, procurando diabolizar uma parte dos activistas e da esquerda e sabotar a unidade. De facto, o PC só concebe a unidade intramuros ou de quem se lhe submeta. E dá para pensar se com essa atitude não estariam à procura de um bode expiatório caso as coisas corressem mal no dia 24. Sim, porque o comité Central tem sempre razão
12 – Entretanto a PSP chamou a Pagan duas vezes e ter-se-á convencido do seu carácter pacífico embora mantivesse as suas reservas, nomeadamente em relação aos nossos amigos estrangeiros
13 – Soube-se entretanto que a USL apresentara queixa da Pagan à polícia, numa atitude que se deve designar como pidesca. E até se sabe quem foi o funcionário que lá a apresentou
14 – A Pagan não se intimidou e manteve-se firme na ideia de estar na manif, pacificamente, no exercício dos seus direitos, com os seus amigos estrangeiros, também eles anti-NaTO … embora o comunicado do dia 13 apenas apelasse “ a todos os portugueses” na habitual visão nacionalista do PC
15 – Naturalmente que isso enervou o CC do PC e, em vésperas da manif, outro comunicado violentíssimo contra a Pagan, o ICC, o WRI, o Bomspotting, repleto de falsidades, calúnias e ameaças. Dias antes, um membro da PSNN havia dito à RR que a Pagan estava proibida de participar, como se uma manif seja propriedade privada ou o marquês de Pombal privatizável (Sócrates porventura até aproveitará a ideia…)
16 – A Pagan esteve na manif, entre o poder policial/militar do corrupto Estado português e o poder da burocracia do PC (até houve um dos seus gorilas que referiu a necessidade de credenciais para estar na manif), exasperado por não ter um Gulag disponível para enviar as centenas de manifestantes da Pagan e outros grupos que vinham dentro do cordão policial
17 – De facto, o civismo da Pagan e dos “anarcas” - como estupidamente a imprensa designa tudo o que não se enquadra na esquerda institucional – estragou a festa do PC e dos seus burocratas. Não houve pancada, a polícia não interveio contra uns desordeiros (que nunca o foram) e o PC irá arcar sozinho com qualquer coisa que corra menos bem no dia 24. O patinho feio, a Pagan não será o bode expiatório.

Stalin, requiescat in pace!

Anónimo disse...

oops. Caro João, perdoe-me a impertinência mas esqueci-me de perguntar-lhe isto:

Quem foram os historiadores (etc) Alemães que abordaram esta delicada questão???????

Muito agradecido.

z

Anónimo disse...

mas quem é a pagan? vão saber da verdade , perguntem porque e que o bloco de esquerda não quis ir com voces . vão ver que não vão gostar da resposta .

Anónimo disse...

E não sabemos? Quem te disse que não sabemos? Mas como pareces bem informado talvez acertes. Diz coisas
GT

cristina paixão disse...

Subscrevo integralmente a posição do Zé Neves. Fui testemunha do ocorrido e não admito calar a minha indignação. Como anódina cidadã, sem bandeiras nem cartões de militância, agradeço-lhe as suas justíssimas palavras. Os comentários subsequentes (sobretudo os de Vítor Dias) são, por si mesmos, sobejamente elucidativos. Entretanto, lamentavelmente, devo informar que o vídeo linkado relativo à notícia da SIC foi removido. Por que será?

Vitor Hugo Rebelo disse...

através desse link nao consigo visualizar...

Resistente disse...

O que está aqui em questão é a politização de uma manifestação que não tem de ser politizada. E, mais uma vez, a máquina política e influente do PCP controlou a manifestação.
Fiquei triste ao ver cartazes da CGTP com frases alusivas à Greve Geral, mesmo concordando com ela, não era o sítio nem o local. Ou palavras de ordem como "Trabalho sim, Guerra Não!", puramente e alusão à Greve de 24.
Foi uma clara declaração de que a manif era do PCP e CGTP.
Então, o que todos os manifestantes que a título individual, porque têm uma consciência sobre a actualidade e sobre as barbaridades da NATO mas que não andam em politiquices, têm de fazer é agradecer ao PCP e aos policias por nos terem deixado desfilar.
Então que comecem a pedir cartão de membro do PCP ou CGTP, para poder participar nas manifs.
Foi terrível o que se passou mostra mais uma vez a falta de liberdade associativa que se vive em Portugal. Se fossemos só 10 podíamos, mas acima de 100 pessoas já temos de ser cordeirinhos e ir com os que estão autorizados.
Para ir à cimeira que haja CREDENCIAÇÃO tudo bem!
Para me MANIFESTAR CREDENCIAÇÂO NUNCA.
LIVRE

Maquiavel disse...

Uma pergunta simples, especialmente à Pagan:

- alguém vos proíbe de fazer outra manifestaçäo? Dá-me ideia que seria bem mais vistoso haver 2 manifs contra a OTAN em dias diferentes?

Aliás, podem fazer a manif no dia em se "comemora" a fundaçäo da organizaçäo, por exemplo. Ou noutro dia qualquer. É que a guerra näo foi só durante aquele fim-de-semana, digo eu...

Anónimo disse...

Essa malta que tem orgasmos a dizer mal do PCP devia mas era consultar sessões de psicanálise, porque isso é grave...
Sou do PCP, sim, e tenho opinião própria, sim. E a minha opinião própria é que as manifestações devem ser feitas sem violências e sem "desobediências civis", porque nem toda a gente é herói, e nem toda a gente tem estofo para participar numa manif em que pode redundar em violência. Eu por exemplo não tenho.