Um argumento recorrente nas polémicas sobre as "ingerências humanitárias" costuma ser "não acham que a comunidade internacional devia ter feito algo no Ruanda?".
Algo que é esquecido é que a "comunidade internacional" interveio no Ruanda - mal a situação começou a aquecer, a França mandou as suas tropas. E há fortes indicios que essa intervenção francesa contribuiu para o genocidio: no melhor dos casos, as forças francesas, ao interporem-se na "frente de batalha", atrasaram o avanço da "Frente Patriotíca do Ruanda", dando tempo às milicias pró-governamentais para completarem a "limpeza"; no pior, há alegações que militares franceses terão cooperado activamente com o massacre.
Ou seja, o genocodio ruandês não foi um simples caso de "africanos a matarem-se uns aos outros enquanto o mundo não ligou nada" - a intervenção "neo-colonial" fez provavelmente as coisas serem piores.
21/03/11
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3 comentários:
No Ruanda, há o famoso testemunho do general canadiano que se demitiu após a missão. Uma missão em que, como é hábito com a ONU e tem contribuido para a sua completa deecredibilização, há um mandato "firme" que exclui em absoluto tomar partido entre vítimas e torcionários e usar qualquer tipo de força (que não seja impedir as vítimas de se defenderem).
Houve um outro caso horrendo de ingerência internacional em teatro de guerra quando a aviação americana afugentou os bravos snipers sérvios bósnios que vigiavam Serajevo para que nada de mal acontecesse aos civis que lá viviam.
E que dizer de Timor? O ultimato do grotesco Bill Clinton e a invasão australiana que se lhe seguiu impediram a normalização que estava a ser levada a cabo pelas milícias patrióticas de Eurico Guterres na sequência de um referendum manipulado pelas potências colonialistas (entre as quais, como muito bem na altura foi lembrado por diversos deputados holandeses imparciais e outros anti-colonalistas consequentes, Portugal, a antiga potência colonial que na altura se encheu de manifestações pan-lusíadas serôdias).
Concluindo: até agora, eu nunca tinha percebido como foram possíveis Serebrenica, o Ruanda, e outras situações. Agora, que provavelmente Bengazi escapou por pouco a sorte semelhante,já estou a começar a perceber.
Ah! e os meus cumprimentos ao MSP, ao PViana, e a comentadores como o LAM e outros, por manterem um pouco de lucidez no meio desta confusão
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