Um
neo-amigo de Kadhafi publicou hoje um post que já tive ocasião de citar
aqui. Esse
post, ao princípio da tarde, foi objecto de um comentário que passo a transcrever:
Porque é que o Renato em vez de tentar lançar fogo de artificio, não começa por publicar na integra a tal resolução do Parlamento Europeu, e os seus pressupostos, eu desconheço totalmente a tal resolução e gostava de a conhecer.
Acha que Kadhafi é um não um ditador ?
Acha ou não que Kadhafi tem massacrado a população que se revoltou?
Acha ou não que todas estas revoltas de Marrocos ao Iemen , do de Oman, á Tunisia , do Egipto, á Arabia Saudita, merecem a solidariedade e o apoio activo da Esquerda Europeia.
Eu quero que Portugal saia da Nato.
Recuso totalmente uma intervenção da Nato na Libia, ou em qualquer outro País.
Julgo que a ONU e a Liga Arabe devem ter um papel determinante na ajuda ao povo Libio na sua luta contra o ditador.
Aliás intervenção externa existe desde o principio, ou o Renato desconhece os mercenário que vários paises africanos enviaram para a Libia para ajudar Kadhafi, ou desconhece o encontro entre o filho de Kadhafi e o primeiro ministro de Israel para este o ajudar a contratatar mercenários.
Se queremos um debate sério, devemos começar por não embarcar em todas as patacoadas que nos querem vender.
Este comentário de Augusto levou-me, cerca de uma hora e meia depois de publicado, a redigir a seguinte réplica:
Augusto,
gostaria de dizer que V. tem, evidentemente, razão no essencial.
Como tive ocasião de explicar em vários posts “Contra a Resignação à Europa Realmente Existente”, publicados nestes últimos tempos no Vias, o que qualquer movimento democrático da UE deveria exigir desde o começo da guerra civil na Líbia seria que, invertendo a sua política de relações privilegiadas e cumplicidade com Kadhafi, os governos europeus reconhecessem o Conselho da frente dos revoltosos e apoiassem a luta destes, em termos acordados com eles – sem excluir o recurso a meios militares que se revelassem necessários.
Esta posição deveria ser assumida pela UE como iniciativa própria e tomada fora do quadro da NATO, independentemente dos EUA e sem ficar suspensa do aval das Nações Unidas (ainda que reclamando-o). E, de resto, convém dizer que é diferente reivindicar uma intervenção da UE, como aliada do “campo republicano”, ou mesmo uma intervenção supervisionada pelas Nações Unidas, e reclamar a intervenção da NATO. Em meu entender, o BE e os que, no essencial, defendem a mesma posição deveriam insistir neste ponto.
Os que se opõem a esta tomada de posição cometem dois erros fundamentais: 1. não impedem a intervenção na Líbia, mas conseguirão que ela venha a ser decidida em termos não concertados, como seria desejável, com o “campo republicano” e na perspectiva de assegurar os mesmos interesses oligárquicos que apoiaram Kadhafi; 2. confundem estupidamente o apoio a um dos campos de um país em guerra civil com a violação do direito à autodeterminação do seu povo.
Por fim, aqui fica o link para um dos posts em que abordo um pouco menos apressadamente esta questão: “Não abandonar a revolta líbia” (
http://viasfacto.blogspot.com/2011/03/nao-abandonar-revolta-libia-contra.html)
Saudações democráticas
msp
Embora dezenas de comentários tenham sido publicados até este momento, a minha resposta ao Augusto continua por publicar e, nominalmente, à espera de moderação. A conclusão é simples:
a) além de falsário que distorce aleivosamente as informações que fornece sobre a atitude dos deputados do BE — pois, como escreve outro comentador do
post em apreço:
1. Eu acho que já é uma falta de princípios estar a discutir questões laterais ao documento enquanto estivermos por baixo das parangonas que dizem: “Bloco de Esquerda vota a favor da intervenção da NATO na Líbia e quebra compromisso com eleitores e militantes”
Isto é falso, o próprio Renato ao dar o flanco na discussão reconhece que isto é objectivamente falso, e assim, o que se deve fazer primeiro é corrigir o título.
2. O único parágrafo que tem algum conteúdo prático é o décimo. Ele sugere a possibilidade de estabelecer uma zona de exclusão aérea e determina que futuras medidas adoptadas pela UE devem respeitar o mandato das Nações Unidas e devem ser conduzidas pela Liga Árabe e União Africana. Este ponto só foi votado pelo Rui Tavares. A Marisa Matias e o Miguel Portas votaram contra. A NATO não é referida em parte nenhuma do documento.—
b) o recentíssimo neo-amigo de Kadhafi censura comentários menos convenientes para os seus pontos de vista (ou cegueira) de fanático. Os seus rubros manes que lhe perdoem — se corrigi-lo, parece que não podem nem talvez queiram.
Post-scriptum: O meu comentário acaba, entretanto, de ser publicado — algures pelas 23 horas de hoje — na caixa do
post de RT. Também contra a censura, a melhor defesa é o ataque. Este surtiu efeito rápido.