14/03/11

Vocação para o cravo e para a ferradura

Depois de ter andado a brincar com o tema, chegou a hora da Irene Pimentel resolver falar a sério. Diz por um lado que: “É rebater a ideia de que todos se devem licenciar. A academia é a academia e nem todos têm vocação para ser académico.” Esta asserção da Irene Pimentel lança uma confusão entre tirar um curso e acabar como académico, mas, até aqui, porém, tudo bem, nada de mais. O problema é que logo em seguida revela-se o sentido da tal "vocação". Sob tal conceito, esconde-se, na verdade, uma teoria sobre quem está e quem não está apto para conquistar o direito à cidade. É assim que compreendo a frase com que Pimentel também nos brinda e que nos diz: “Alguém disse que hoje o filho do sapateiro ou da empregada doméstica já não é obrigatoriamente sapateiro ou empregada doméstica. Ora, isso não é um pormenor, é talvez das grandes conquistas (irreversíveis?) dos últimos 36 anos”. Enfim, era melhor quando falavam a brincar.

5 comentários:

joão viegas disse...

Não percebo o problema com a segunda frase, nem em que é que é choquante. Ha um pormenor que me esta a escapar ?

Zé Neves disse...

o problema é o que resulta da confrontação entre ambas...
abç

Bruno Peix disse...

Pois é. É esse mesmo o problema. Da desigualdade como herança à desigualdade como « vocação ». É por isso que prefiro a cunha á meritocracia: deus nos livre da lei de ferro da segunda.

Acho que a Irene te respondeu no jugular.

Abraço,
bruno

Anónimo disse...

Venho só aqui insultar a Irene Pimentel para que ela possa dizer outra vez que o Neves é mau colega. O que equivale a dizer que o neves é uma da vida. Isto faz com que a Pimentel para além de ser uma historiadora risível seja o quê?

Anónimo disse...

Como disse algures o MVC: a reproducção das diferenças sociais na escola é (quase?) o único que até agora a sociologia conseguiu demonstrar