Claro que o Miguel tem toda a razão: não há pachorra para o solipsismo de um PCP embrenhado na sua fantasia de uma «política patriótica e de esquerda», num mundo maravilhoso onde se decretam coisas santas e lindas como «produzir mais para dever menos», «redução das importações, a par do aumento das exportações e a diversificação das relações comerciais» e elas, de modo miraculoso e inexplicado, acontecem mesmo. Que o partido se coloque de fora, como nota o Miguel, de qualquer sistema de institucional é apenas mais um penoso passo no divórcio da realidade que o levou, ainda ontem, à vergonha de levar a cabo em Lisboa um grande protesto... com duas centenas de manifestantes.
Mas o Bloco não anda muito melhor. A recusa de sequer aparecer, quem sabe com receio de acusações de colaboracionismo com o ocupante, de se chegar à frente com as palavras e a recusa que se impõem, deixa o campo aberto ao PS para, com supremo descaro, capitalizar a vitimização desta crise "inventada" pela oposição. Não me custa nada dar razão ao Daniel: neste momento, recusar a política é deixar o palco nas mãos do inimigo.
Quando as circunstâncias mais exigem da nossa Esquerda mais esta se conforma aos estereótipos mais estafados. Como o da foto aqui em cima.
19/04/11
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11 comentários:
Nem mais: O BE comete um clamoroso erro táctico. O partido ficará com o ónus de não ter tido coragem de dizer na cara dos "vampiros" o quanto são "sanguessugas".
É na rua! E só na rua, que a resistência se dá ou pode dar...
O resto é conversa fiada.
Toda a razão, Luís.
É arrepiante pensar que, por medo de ser acusado pelo PCP de "vende-pátrias" ou qualquer coisa parecida, o BE se dispõe a demitir-se e a perder por falta de comparência. Como se os membros de uma comissão de trabalhadores em luta não pudessem falar com os patões antes de uma greve e durante ela ou como se os finlandeses não tivessem discutido com o FMI, apresentando razões e soluções alternativas, para, depois, o fazerem recuar.
O BE devia recear mais parecer deixar-se rebocar pelo PCP ou resignar-se à impossibilidade de mobilizar para formas de luta democráticas, radicais porque efectivas, os sectores tradicionalmente mobilizados por aquele partido.
Abraço grande
miguel (sp)
Abraço grande
migue
Ai, a importância histórica do «dizer-lhes na cara» !
E, já agora, que tal um duelo à pistola na Azinhaga dos Besouros ?
Ai, Vítor Dias, o patriotismo de esquerda programaticamente exemplar do «produzir mais para dever menos», para já não falarmos da «redução das importações, a par do aumento das exportações e a diversificação das relações comerciais»… Palavras que ficarão para a história, sem dúvida, a qual, em contrapartida, cobrirá de vergonha os reformistas islandeses e os seus referendos que capitularam aceitando opor as suas razões ao FMI.
msp
Claro, MSP, o país não precisa nada de produzir mais e são uns tontinhos os que, apesar de bastante à esquerda, insistem e insistem que sem crescimento económico não há solução para o problema do défice e da dívida.
O MSP deve viver do ar e acha que os países também podem fazer o mesmo.
Vítor Dias, discutir a noção ou os programas de crescimento económico não seria, com efeito, má ideia. Mas não me parece que seja bom começo de conversa desentender o que eu digo, como se eu tivesse dito que era contra o crescimento económico sem mais, coisa que V., sabendo ler, tem obrigação de saber que eu não disse.
msp
Então se não disse que era contra o crescimento, porque amesquinhou quem o defende?
Pois, tinha-me esquecido que essa é a sua forma de argumentar - no vazio.
Daniel,
você gosta mesmo da figura que faz?
Para que se dá ao trabalho de falar, se toda a gente já sabe que V. não quer dizer nada?
msp
Estes diálogos são muito proveitosos.
Fiquei agora a saber, através das lúcido teclado de MSP, quen é possível ser pelo crescimento económico e desatar às piadas e remoques sempre que o PCP fala de maior produção nacional.
Eu cá não sou economista mas crescimento económico com a produção sempre a descer é coisa que nunca vi nem na vida nem nos livros.
Vítor Dias, deixe, por favor, de exercer a sua imaginação criadora, notável, com o propósito de me atribuir teses ou posições que não defendi.
Toda a economia é política. Todas as opções de crescimento ou desenvolvimento económico o são também. Resta saber se a política de nacionalismo económico - formulada em termos que evocam a definição simplista de mercantilismo que aprendi nos bancos do secundário - advogada pelo PCP é a melhor maneira de lutar contra os estrangulamentos financeiros que impedem um desenvolvimento económico capaz de servir de base material a uma democratização das relações sociais de poder e produção dominantes (que pressupõe uma democratização da própria esfera económica: organização da produção, repartição do produto, fixação do plano e dos seus objectivos, etc.).
Tudo questões demasiado importantes para as deixarmos aos economistas e políticos profissionais. Por isso, força, homem, diga de sua justiça e não se coíba. V. pode fazer muito melhor do que jogar às escondidas com as minhas posições e argumentos.É que, apesar da sua agilidade mental - ou, justamente, por causa dela, quando mal orientada - , corre de outro modo o risco de se fintar sobretudo a si próprio.
msp
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