25/05/11

Anti-homofobia sim, mas só se os idiotas religiosos deixarem

No Brasil, o calculismo medroso do "daqui para frente todo material que versar sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade" foi adoptado por Dilma. Assim se vergou ante as reclamações de sectores religiosos, sobre a distribuição de um "kit anti-homofobia" nas escolas. Por outras palavras, a maioria decidirá como é que as minorias devem ser vistas e tratadas. Dizem que a senhora é de esquerda.

8 comentários:

Anónimo disse...

Será muito diferente da nossa «esquerda» dita laica e republicana? Até porque o PT tem na sua matriz fundadora a Igreja brasileira, mesmo que na variante das comunidades de base, teologia da libertação e clerigos ligados à luta contra a ditadura. Enquanto os nossos ateus e agnósticos socialistas hoje só lhes falta ir de joelhos a Fátima!

Luis Rainha disse...

Mas há que reconhecer a Sócrates a sua coragem neste campo, por muito que se possa também dizer que ele usou as tais questões "fracturantes" como cortina de fumo...

Anónimo disse...

Não tivemos um recentemente um episódio do tipo a propósito de uma campanha nas escolas sobre homosexualidade? Já viram em Portugal campanhas públicas sobre o uso de preservativos como se fazem no Brasil?
Casamento entre pessoas do mesmo sexo, eita grande coragem! Coragem seria se abolisse o casamento...

Justiniano disse...

Calculismo medroso!!?? Mas, Rainha, passa-te pela cabeça inverter o norte pelo sul, ou estirpar a alma humana por decreto e porque sim, porque na natureza das coisas a indistinção será regra!!?? As vanguardas em excesso de velocidade, não será!!??

Luis Rainha disse...

Justiniano,
Passou pela cabeça, ao que parece, do governo brasileiro, que os materiais estavam já prontos. Mas as minorias ruidosas, quando fazem mesmo muito barulho e se arvoram em porta-vozes das maiorias ajoelhadas, metem medo a muitos.
E julgo que a ideia não seria abolir o conceito de identidade e de diversidade nas cabeças dos infantes, mas sim atenuar um pouco a sua crueldade no tratamento dos colegas homossexuais. O que já seria bem bom.

Justiniano disse...

E, Rainha, sempre que a coisa mete Igrejas ou interstícios da alma, foge-te o pé prá mão e avanças desembraiado ladeira abaixo!!
Hás-de convir, Rainha, que aqui, neste teu texto, a abertura do diafragma, por excesso, vai queimar a fotografia!!

Justiniano disse...

Rainha, refiro-me, especialmente, a "daqui para frente todo material que versar sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade"!! quanto ao "atenuar um pouco a sua crueldade no tratamento dos colegas homossexuais.", Rainha, a Constituição e demais leis no Brasil já há muito, mesmo muito tempo, que defendem tais valores! É, exactamente, nesta tua "visão" que discordamos!! A título de exemplo, não compreendo um qualquer Estado que se intrometa na liberdade de orientação sexual dos indivíduos ou que não proteja o indivíduo da insídia, injuria e ofensa, mas compreendo o Estado que não reconheça a essas relações a mesma materialidade subjacente à relação matrimonial na heterosexualidade!! O teu texto, parece-me, repudia, por crueldade, o segundo como se identico ao primeiro!!!

Luis Rainha disse...

Tens razão quando detectas a minha alergia a posturas religiosas. Mas creio que tenho razão neste caso: a decisão agora revertida não era normativa nem modulava direitos de quem quer que fosse. Nem era matéria legislativa o que estava em causa.
A única intromissão na esfera privada que ali encontro é o Estado a querer dar aos miúdos um suplemento de tolerância à diferença.