16/05/11

Situação pré-insurrecional?

Imagine-se que:
  • o PS é o partido mais votado
  • PS, CDU e BE tem a maioria dos votos
  • PSD e CDS têm a maioria dos deputados
  • PSD e CDS fazem um governo de coligação
Este resultado (bem, pelo menos os três primeiros pontos) é bastante provável face a sondagens como esta. Agora, uma mistura de previsão e de esperança - qualquer medida de austeridade mais dura tomada por um governo formado assim corre o risco de provocar uma mobilização popular anti-governo generalizado (já que muita gente irá achar esse governo "legal mas não legítimo").

Suspeito é que, num cenário eleitoral desses, a burguesia não irá cometer o erro de deixar o seu amortecedor fora do governo

7 comentários:

Ricardo Alves disse...

Possível mas muito difícil. Esse cenário depende de diferenças muito estreitas (por exemplo, deve bastar ao PS ter mais 1% do que o PSD para compensar a vantagem em deputados que o PSD consegue na emigração).

Miguel Madeira disse...

O PS ter mais votos mas o PSD mais deputados é "possível mas muito difícil".

Mas o cenário que expus (PS mais votado que PSD, PS/CDU/BE mais votados que PSD/CDS, PSD/CDS com mais deputados que PS/CDU/BE) já não me parece tão dificil, porque o CDS tem duas vantagens face à CDU e ao BE:

- tirando os circulos alentejanos, o CDS também consegue eleger deputados nos bastiões da CDU e do BE (porque são circulos grandes; a CDU e BE não elejem nada nos bastiões do CDS (porque são circulos mais pequenos)

- o CDS é 1 partido, enquanto a CDU e o BE são dois (e no método d'Hondt isso conta)

Anónimo disse...

Ok, mas desde que o PS tenha mais deputados do que o PSD dificilmente o CDS teria mais deputados do que a soma dos deputados do BE e CDU (mesmo agora há uma diferença de 21 para 31 deputados).
Situação pré-insurrecional aconteceria se o BE e CDU aumentassem o número de deputados (mesmo que 2 a 4 deputados no conjunto), o PS ganhasse as eleições e depois o PS governasse com o CDS ou com o PSD.
Aí sim seria deveras interessante!

Rui Santos

Anónimo disse...

Estou neste sentido à espera de ver os resultados no distrito de Setúbal - o círculo mais à esquerda do país - e obviamente Lisboa.

Ricardo Alves disse...

Miguel Madeira,
eu estou de acordo que um resultado tangencial vai expor as fragilidades do sistema eleitoral e político. Porque é realmente possível, embora o cenário necessitasse de que duas diferenças fossem muito pequenas:
a) a PS-PSD;
b) a CDS-(CDU+BE).
E já é difícil uma delas ser pequena, quanto mais as duas em simultâneo...

Anónimo disse...

o que quer dizer "deixar o amortecedor fora do governo"?

Miguel Madeira disse...

Deixar o PS na oposição (isto é. a minha teoria é que, se o PS for o mais votado, mas PSD e CDS tiveram a maioria dos deputados, o resultado não será um governo PSD/CDS, mas um governo PS/PSD, ou talvez PS/PSD/CDS)