24/11/11
Sobre um post do Paulo Granjo
por
Zé Neves
Discordo deste post do Paulo Granjo. Uma Greve Geral não tem donos. É aliás por isso que se diz geral. Eu fiz greve e a greve que eu fiz não foi "feita" pela CGTP mas com a CGTP. Tenho bastante respeito por muitas componentes do trabalho da CGTP, mas é um respeito de igual para igual, não de ovelha para pastor. A greve pode ser convocada pelo Manuel Carvalho da Silva, pela direcção nacional da CGTP, por quem for. Mas é de todos os que a fazem. Já há demasiadas coisas que têm dono, não é preciso inventarmos mais uma. Dizer, como faz o Paulo, que pessoas ou que grupos andam às cavalitas do movimento sindical por participarem numa manifestação convocada pela CGTP sem porém subordinarem a sua conduta aos termos impostos pelo serviço de ordem da CGTP (um corpo cuja legitimidade não foi caucionada por ninguém, talvez até nem pela própria direcção da CGTP, e cuja única caução democrática é a que resulta de trabalhar com a polícia...) é tão descabido como dizer que a CGTP, ao convocar uma greve geral, anda às cavalitas das dificuldades e do descontentamento da população portuguesa. Acabo, aliás, de ouvir na televisão as declarações de Carvalho da Silva e de João Proença sobre os pequenos confrontos em frente à AR. João Proença exprimiu uma opinião muito parecida à que é defendida pelo Paulo. Carvalho da Silva disse que os confrontos foram depois do comício da CGTP ter terminado mas logo acrescentou que o governo tem que ter noção de que as medidas que está a tomar geram um aumento de intolerância. Dir-se-ia, seguindo a lógica do Paulo, que o Manuel Carvalho da Silva estava a encavalitar-se nos confrontos para zurzir no governo... Concluindo, encavalitemo-nos à vontade, com diferenças de método, de estratégia, discutindo-as, aliando-nos aqui mas não ali, e por aí fora; mas sem argumentos de autoridade nem sentimento de posse. A greve geral não tem nem dono nem autor.
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11 comentários:
Há milhares de trabalhadores que fizeram greve pela primeira sem saberem da argumentação da CGTP.
Tudo bem, então segunda-feira não vá trabalhar e diga ao seu patrão que foi Greve. E se por acaso houver algum problema laboral com isso, contrate um advogado e pague você
Vale a pena ler o comentário que o Vítor Dias fez a este texto, colocado erradamente no post abaixo.
A mim o que me impressiona acima de tudo é por que é que estas alminhas gostam de dizer que não são ovelhas atrás do pastor, mas vão sempre lá ter, aonde o pastor vai. Ide pastar para outro lado.
O ÍNCRIVEL VOLTA ACONTECER :
Polemizando com o texto de Paulo Granjo, escreve aí José Neves :
«(...) Dizer, como faz o Paulo, que pessoas ou que grupos andam às cavalitas do movimento sindical por participarem numa manifestação convocada pela CGTP sem porém subordinarem a sua conduta aos termos impostos pelo serviço de ordem da CGTP (um corpo cuja legitimidade não foi caucionada por ninguém, talvez até nem pela própria direcção da CGTP, e cuja única caução democrática é a que resulta de trabalhar com a polícia...)(...)
Mais uma vez ficamos assim a saber que, segundo a preclara mente de José Neves, os «serviços de ordem» da CGPT são uns reles colaboradores da polícia em vez de serem, como são, uma natural e necessária estrutura operativa destinada a contriibuir para que os objectivos e termos de uma manifestação decorram segundo as legitimas opções dos seus responsáveis e organizadores.
E mais uma vez ficamos a saber que,segundo a lúcida e penetrante visão de José Neves, não há nenhum limite para o que cada um decida fazer em manifestações convocadas por outros e que ninguém tem qualquer autoridade para contrariar desde tonterias a provocações e infiltrações organizadas.
Mas está tudo bem assim, a palavra «confrontos» subiu às primeiras páginas de alguns jornais
e deve haver alguma rapaziada que estará a exclamar «missão cumprida, grande vitória!».
25 de Novembro de 2011 12:09
anónimo-ovelha,
ainda a cgtp não fazia manifestações em dia de greve e já havia quem as fizesse.
vítor dias,
numa república democrática como esta só a polícia tem o direito de usar a força repressora para fazer cumprir a lei.
José Neves:
Faça favor de não desconversar.
Em nenhuma linha do meu comentário falei de «força repressora» (pegar em alguém e colocá-lo delicadamente se possivel fora de uma manifestação não é repressão).
Concluo, extasiado, que se deduz do seu pensamento que, face a qualquer provocação dentro de uma manifestação, os «serviços de ordem» de uma manifestação devem chamar a polícia para dentro da manifestação.
Mas, assim sendo, fica o José Neves a ser defensor daquilo que tão estupidamente disse ao chamar aos «serviços de ordem» colaboradores da polícia. Em que ficamos ?
Vítor Dias,
Vou ignorar o estupidamente. Deve ter sido alguém que uma vez mais resgatou a sua identidade cibernética.
Diz o Vítor «pegar em alguém e colocá-lo delicadamente se possivel fora de uma manifestação não é repressão». O que é que quer que eu lhe diga? Uns safanões apenas são uns safanões apenas, é isso? Só não houve - e não haverá, quero crer e querer - confrontação violenta entre membros dos serviços de ordem da CGTP e manifestantes, seja na manif da nato, seja nas últimas, porque os manifestantes não quiseram entrar nessa onda.
quanto ao mais, continuo à espera que me indique onde é que a lei prevê serviços de ordem. Sabe, eu não gosto de forças da ordem, nem públicas, nem privadas. mas apesar de tudo creio que as primeiras estão reguladas pela lei. se o serviço de ordem existir para proteger a manifestação da polícia, é uma coisa, se é para funcionar como polícia em relação aos manifestantes, lamento, mas não dou para isso.
Assunto arrumado, não adianta, não sei em que mundo vive o meu interlocutor.
Não sei se o José Neves esteve nesse grupo -não deve ter estado -mas quando foi dos nomes chamados ao Vital Moreira na manif do 1º de maio da Inter não faltaram os que acharam que os «serviços» da CGTP deviam ter sido mais operativos a proteger o candidato do PS ao PE.
Depois o José Neves todos os dias deve entrar em qualquer sítio omde há seguranças privados mas «serviços de ordem» nas manifestaçõe da CGTP ou elementos de segurança em comicios do PCP, ai Jesus, quem lá devia estar era a Polícia.
São naturalmente esses os interlocutores que lhe interessam, não é verdade Vítor? Os que lamentar que o Vital Moreira não tivesse sido melhor protegido. Ele há coisas...
E parece haver um mundo onde os "seguranças privados" não têm de ser enquadrados, fiscalizados e regulamentados por leis.
Não: ilegais, passam a ser apenas "jagunços". Os skinheads têm umas noções similares de como enquadrar manifs.
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