Dando conta dos esforços do governo espanhol no sentido de obter condescendência das autoridades alemãs, El País noticia: Hasta tres miembros del Gobierno participarán este lunes en Santiago de Compostela en unas jornadas sobre Europa que contarán con la presencia del titular alemán de Finanzas, Wolfgang Schäuble, y otros altos cargos alemanes, ante quienes expondrán la agenda de reformas del Ejecutivo español.
Não é segredo para ninguém que o governo da Alemanha tem vindo a desenvolver cada vez mais abertamente uma "política de potência" que reduz à condição de Estados-vassalo os restantes membros da UE. E que nessa tarefa tem sido secundado, com mais ou menos entusiasmo e/ou resignação, por diversos governos nacionais e pelas fracções hegemónicas da oligarquia de cada um dos demais países, que, de resto, invocam abertamente a "vassalagem" e as suas obrigações como justificação das suas medidas mais antipopulares. Mas, entre os que mais ruidosamente parecem opor-se a esta situação, invocando a "soberania" e a "independência nacional", são muitos os que não compreendem que é a subsistência dos diversos Estados-nação no interior da UE, impedindo, através da oposição à integração política, a integração orçamental, fiscal e dos regimes "de segurança social", etc., etc., que permite e alimenta tanto o governo alemão da UE como a vassalagem dos restantes governos.
Ora, apesar de tudo, não é muito difícil compreender que o governo federal de uma UE politicamente integrada teria por efeito impedir situações como as que a notícia acima transcrita ilustram, e que, ao mesmo tempo, essa integração permitiria que os cidadãos das diferentes regiões da Europa pudessem responsabilizar mais facilmente os governantes, despojando-os do alibi de Bruxelas ou Berlim — o que poderia ser um primeiro passo na criação de condições mais favoráveis ao desenvolvimento de um projecto de democratização instituinte contra as oligarquias que hoje se esforçam por agravar a sua vassalagem, expropriando-os do direito de participarem entre iguais nas decisões que os governam e negando-lhes a independência democrática da cidadania activa, tanto no interior da potência hegemónica como em cada um dos seus Estados-vassalo.
2 comentários:
Parece-me que o problema da Europa é mais, pela Alemanha não estar a ter uma postura de querer federalizar. Veja-se o politica energética alemã em relação ao gás natural com a Rússia. É bilateral e está-se marimbando para a Europa.
Cpmts
Caro Nelson Mendes, sim, é uma maneira de ver as coisas. A política de potência e de afirmação da hegemonia alemã precisa dos Estados-nação vizinhos e não quer integrar-se em pé de igualdade com as outras regiões autónomas de uma verdadeira federação. É uma daz razões que torna absurda as posições soberanistas - que acabam por ser aquelas que mais convém ao governo alemão ver os Estados-vassalo assumirem. Foi também isso que eu quis dizer.
Cordialmente
msp
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