Eu não consigo perceber qual o grande problema que a associação "Animal" tem com as touradas de morte em Barrancos. Isto é, eu percebo (e tendo a concordar) com a sua oposição às touradas, mas, havendo touradas, não percebo muito bem que diferença faz o touro ser morto em público ou umas horas depois.
Acho que os opositores das touradas, em vez de lutarem contra a excepção barranquenha (já agora, ainda alguém vai ver as touradas de Barrancos, ou isso perdeu toda a publicidade com a institucionalização da excepção?), fariam melhor em fazerem o caminho inverso e defenderem a excepção viana-castelense, propondo uma lei que tornasse a tourada algo a ser decidido a nível municipal.
28/08/12
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13 comentários:
Boa tarde, respondendo à questão:
Sim, ainda vem muita gente visitar Barrancos, por ocasião das suas Festas, que hoje começam. E muitas vem propositadamente para assistir às touradas. Vêm menos, mas vêm.
Saudações barranquenhas.
Jacinto Saramago
Muito gostam os esquerdosos de se armar em santarrões e tentar reprimir os outros.
ass: Um farto de capelas esquerdosas.
Apesar de achar que a Animal (e outras organizações similares) muitas vezes actuam com radicalismo e até algum "folclore", aqui até concordo com eles. Para além da tourada em si, promove-se a morte do touro como um espectáculo, algo naturalmente censurável. Mas isto sou eu, que sou um "esquerdoso", provavelmente.
O sofrimento do touro é o mesmo, quer a sua morte seja um "espectáculo" ou não; ou melhor, imagino que até seja menor na tourada de morte (fica menos tempo a sofrer).
O que me dá a ideia é que alguns criticos da tourada estão menos preocupados com o sofrimento do animal do que com o incomodo "estético" que a tourada lhes provoca.
cá por mim acho completamente diferente apreciar a corrida, a destreza, o combate e o perigo do que rejubilar com a morte do animal. É uma perverside completamente diferente pois não acredito no fundo que alguém esteja lá "para ver o animal sofrer" mas para apreciar o espectáculo. O sofrimento é uma consequência digamos à qual a maioria das pessoas se consegue abstrair. A morte não, é demasiado explícita, contundente e lidar bem com ela requer uma vileza de grau superior
Do ponto de vista do sofrimento infligido ao animal, não acho que faça grande diferença (ou até faz para melhor)
Achar a tourada de morte pior que a outra só faz sentido para quem ache que o problema da tourada não é tanto o sofrimento infligido ao animal, mas sim a repulsa moral de haver pessoas que se divertem com esse sofrimento. Mas, como disse no meu comentário anterior, isso é mais uma objecção "estética" do que outra coisa qualquer.
não lhe chamaria objecção estética mas qualquer coisa como escrúpulo civilizacional. Apreciar a morte do animal é inaceitável, é uma boçalidade da pior espécie. Divertir-se com a corrida, é cinico mas é muito mais compreensível. É obvio que a evolução concorre apenas num sentido mas tem imensos estádios que atravessa, sendo que a tourada é descendente directa do circo romano. E a abjecção da violência não é per se directamente correlacionada com a admissão de direitos da vitima. Os escravos deixaram de ser mortos apenas em público ou em situação de espectáculo.
Eu não sou aficionado de touradas mas penso que a ideia de que as pessoas se divertem com o sofrimento do animal é completamente falsa. Assim, e se o Miguel madeira tem razão, e penso que tem, que é isso que incomoda as pessoas, elas estão enganadas. Parece-me altamente perigoso tentar colocar parte da humanidade como sádicos irremissíveis, a quem acusar e condenar absolutamente. É uma tendência psicológica dos esquerdosos, isto é, animadores de protestos cheios de certezas morais, não confundir com proletários a tentar resolver os ses problemas em conflito com os poderes deste mundo, às apalpadelas, tentando construir um mundo novo, que apenas vão entrevendo enquanto avançam.
Pior ainda é a visão biocentrista, o discurso que legitima algo baseado na sua "naturalidade", tábua dos valores a que nos devemos ater, aliás, seja qual for a nossa classe.
ass: o que escapa das capelas a uma velocidade crescente tentando não tropeçar.
O anónimo disse tudo: "Apreciar a morte do animal é inaceitável, é uma boçalidade da pior espécie."
Vender bilhetes, acessíveis até a menores, para um espectáculo que tem o seu ponto alto na execução de um animal é coisa de infra-humanos.
E estou-me nas tintas para o animal, que para mim é um monte de bifes com patas — importa-me é a transformação da sua agonia em motivo de gáudio público. Fazemos mal a nós mesmos, mais do que ao bicho.
Ola,
Não tenho opinião definida sobre o assunto e confesso que ja fui, com genuino prazer, espectador de touradas, não apenas à portuguesa mas também de morte (em Espanha). Não estou a vangloriar-me nem a afirmar que fiz bem, apenas a dizer que apreciei sinceramente o espectaculo e que não me pareceu ter saido de la com ganas de invadir a Polonia (copyright Allen 1996).
A ideia do Luis, de que as pessoas que assistem ao espectaulo de uma morte, ainda que redunde na pratica num mero acto de talhante a cortar bifes, não colhe.
Tenho muita pena, mas não colhe. Não pode colher.
Ou então teria de me penitenciar imediatamente porque no outro dia levei as minhas filhas assistir às Coéfroras de Esquilo, e estava neste preciso momento a considerar leva-las ver o Hamlet...
Ja sei que não foi bem isso que ele quis dizer, mas ainda assim...
Boas
João Viegas,
Talvez seja boa altura para explicar às crianças a diferença entre realidade e ficção; entre simulação e morte a sério.
Ola,
Precisamente, Luis, se consideras que o touro não passa de um monte de bifes, não estaras a colocar a tourada na categoria da ficção ? Não sera isso mesmo que sucede para uma parte substancial dos espectadores de touradas (chamemos-lhes, sei la, cartesianos ?).
Boas
calaram-te Luis....
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