18/12/12

Guns & Amo de Filipe Nunes Vicente: não é todos os dias que um post põe tão a nu os nossos


GUNS & AMO

O nível actual do pensamento infantil-mediatizado: Se restringirem a posse de armas, os massacres  acabam / A existência de armas é a causa para os massacres.

Em Portugal existe mais de um milhão de caçadeiras legalizadas. Deve haver uns dez massacres por ano. Se os americanos  deixarem de ter acesso fácil a armas, os psicopatas vão passar a usar fisgas.

Na ausência de um mecanismo superegóico de controlo ( o machista e psicanalítico, o derivado da  cultura judaico-cristã etc), os povos viram-se para  a magia. Os Omaha ( Turner-High) acreditavam que o wakanda decretara o  fim da guerra , do ódio e da vingança e que os povos  tinham de se submeter. Acontece que os Omaha acreditavam também na superioridade da lei natural, que via  a guerra como anti-vida e o casamento como pró-vida: assim, um homem que fosse para  a guerra ficava a seco.

Como já só acreditamos no período sensório-motor da  infância, a magia consiste num fetichismo ( feitiço) lançado sobre as clavas ( as armas): se estiverem enterradas, ficam enterradas.

FNV

10 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

:)

Luis Rainha disse...

Nos EUA a discussão agora é sobre "armas de assalto"; ferramentas de eleição para os massacres indiscriminados.

FNV disse...

Não percebo o seu título, caro Miguel Serras Pereira, mas pelos vistos os comentadores perceberam.
A única coisa que pus a nu foi a incapacidade de uma sociedade doente de aceitar a sua doença.

FNV disse...

Caro Miguel Serras Pereira

Não entendo o título, ao contrário dos perspicazes comentadores ( pelo que o défice será meu).

A única coisa que pus a nu é que o tipo de arma é indiferente ( Huberty matou 21 pessoas num McDonalds com uma caçadeira e um pistola) e que julgar que um psicopata recua diante de um decreto administrativo é fascinante.

Diogo disse...

Falso! Numa cena conflituosa (e perdidas as estribeiras) é natural que os contendores façam uso daquilo que têm à mão.

«Nélio Marques foi assassinado com três tiros à queima-roupa, numa estação de serviço em Benfica, tendo ficado provado que Gonçalo Cardoso foi o autor dos disparos, depois de uma manobra perigosa em que se envolveram as viaturas da vítima e do agressor. O caso ocorreu a 28 de Março de 2005, após uma desavença de trânsito iniciada em Sete Rios, Lisboa, entre o agressor e a vítima.»

Neste caso, se o Gonçalo não tem uma arma no carro, tinha levado uns murros e não tinha morto ninguém. Quantos de nós andamos com fisgas no carro ou nos bolsos?

joão viegas disse...

Pois,

Por outro lado, esta hoje mais do que provado que havia mortes violentas, por mão humana, durante o paleolitico superior, ou seja milhares (ou mesmo milhões) de anos antes de se construirem as armas de assalto que hoje se incriminam com tanta leviandade.

Portanto isso não tem nada a ver.

Boas

Miguel Serras Pereira disse...

Ana, devolvo-te o cumprimento e recordo que foste das primeiras a chamar a atenção para o aparecimento do blogue do Filipe e seus companheiros de bordo: :)


Luís,

se bem o leio, o post do FNV não toma posição sobre a regulação do comércio de armas nem sobre outras questões relativas ao sector. Quando muito, leva-nos a perguntar - embora não o faça directamente - se os nexos causais que estabelecemos e damos por óbvios não deverão ser revistos. Repara que é mais verosímil pensar que a "causa" de ser tão grande e desimpedida a margem de acção do sector do armamento é a mesma que faz com que os massacres sejam quais e quantos são. E também não será a falta da razoavelmente desejável regulação do mercado e menos ainda do uso e porte de arma que acabarão com outros sintomas do mesmo mal profundo, como, por exemplo, o modo como os EUA administram a pena de morte. Mas dizias tu…


Caro Filipe,

a sua perplexidade desconcerta-me, pois, com efeito, todos os dias leio títulos mais obscuros do que aquele, tão banal, em que incorri. De qualquer modo, reconforta-me supor que estaremos de acordo para sustentar que é ilusório tentar vencer a "banalidade do mal", ou a sua banalização, regulando a venda de armas.

Caro João Viegas,

respondo-lhe como a Ana a mim, ou, sobretudo, ao Filipe: :)

Abraço

msp

Anónimo disse...

O grande animador do blog " Declínio e Queda " faz mais uma vez prova de grande virtuosismo teórico. Fustiga a violência esotérica e rompe o cerco à expiação mais destruidora incarnada no " imenso sindroma de Estocolmo ", que J. Baudrillard descreveu de forma sublime:" É uma violência separada do seu objecto e que se postula contra o seu próprio objecto- contra a política e o social. Não é mais anarquista ou revolucionária, é de um grau muito mais forte. Porque não tem por objectivo regularizar o sistema ou de transformar o mundo por uma forma de criação violenta e histórica, toma por objecto o próprio sistema que submete a uma desestabilização sistemática. Não se interessa pelas suas contradições internas, visa o fundamento essencial do social e do político. Toma espontaneamente uma forma viral e caracterial.É uma violência esotérica, que se funda exclusivamente em si-mesma, uma violência exclusiva que não é senão o correlato de um sistema de exclusão. Responde à exclusão sistemática que pratica a nossa sociedade por um acréscimo mais de exclusão, separando-se do universo social pela indiferença ou raiva ", in " Le paroxyste indifférent ", J. Baudrillard et Philippe Petit, Edit. Grasset,1997. Niet

Luis Rainha disse...

http://www.guardian.co.uk/news/datablog/interactive/2012/jul/22/gun-ownership-homicides-map

FNV disse...

Caro Miguel,
Já entendi.