O basismo de Daniel Oliveira

Na análise do caso de Bloco de Esquerda de Elvas, Daniel Oliveira conclui tratar-se de um fenómeno que ilustra as limitações das "formas inorgânicas e basistas de participação política", acrescentado que "a política sem programa escrito e sem liderança com rosto é, por não responsabilizar ninguém e apenas reagir à vontade maioritária de cada momento, destituída de limites éticos". Tal tese apresenta os seguintes problemas:

1. Não nos parece que estejamos perante um exercício de poder da cúpula "junto da base para manter a coerência de valores do partido", mas sim uma ação de uma liderança central (e superior) sob uma liderança local.

2. A denúncia do caso partiu da base, vindo a público graças à divulgação realizada pela SOS Racismo, essa forma basista e inorgânica de participação política.

3.  Ao longo do artigo, transparece a ideia de que o racismo advém das bases e nunca das cúpulas, como se as elites de Lisboa fossem menos racistas que os populares de Elvas. 

4. A peça insiste no mito do cariz inorgânico das formas de participação política associativas. Estas, pelo contrário, tendem a ser tão ou mais organizadas que partidos políticos e sindicatos, uma vez que todos os seus membros detêm um poder de intervenção. Noutras palavras, não são apenas uns tantos que têm que ser organizados. Algo que para Daniel Oliveira não parece ser nem mau, nem bom, nem sequer mais ou menos: é-lhe, por e simplesmente, incompreensível.