Por piores que sejam os resultados da política económica do governo, o PM Passos Coelho parece pecar incomensuravelmente por falsa modéstia ao afirmar que: Nós temos de conseguir ser mais atrativos para o investimento, não apenas no que respeita à fiscalidade sobre o rendimento das empresas, mas também no que respeita ao custo do trabalho para as empresas — e que a única importante reforma que o seu governo não conseguiu realizar foi a da redução do custo do trabalho para as empresas e, por conseguinte, o aumento dos níveis da "empregabilidade", a entender, evidentemente, como o crescimento dos efectivos de força de trabalho disponível, tanto mais empregável a baixo custo quanto mais "desempregada". No entanto, se relermos com atenção as palavras do PM, não poderemos deixar de concluir rapidamente que a sua falsa modéstia traduz afinal uma promessa de futuro: a promessa de um futuro que efectivamente torne menores as reduções sem precedentes do custo do trabalho já conseguidas. Não se diga, pois, que o PM e o seu governo andam a enganar quem os ouve. Com efeito, dificilmente a formulação do seu verdadeiro programa poderia ser mais clara:
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apontou hoje a redução do custo do trabalho para as empresas como uma reforma por fazer e afirmou que a quer concretizar nos próximos anos, com o apoio da União Europeia.
Durante uma conferência sobre investimento em Portugal, realizada nas instalações da Fundação Champalimaud, em Lisboa, Passos Coelho defendeu a opção do Governo PSD/CDS-PP de baixar primeiro os impostos sobre as empresas, antes de reduzir a carga fiscal sobre as pessoas singulares, e reiterou a intenção de cumprir a redução progressiva do IRC calendarizada para os próximos anos.
Em seguida, considerou que "hoje que o custo do trabalho para as empresas ainda é muito elevado", acrescentando: "Essa foi talvez a única importante reforma que não conseguimos completar neste domínio fiscal durante estes quatro anos. Mas será um objetivo seguramente importante para cumprir nos próximos anos".
10/04/15
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2 comentários:
Lapidar a relação salarial na guerra económica as sucessivas campanhas - das exportações ao investimento - têm deteriorado todas as variáveis macro-económicas e os fundamentais da economia cada vez mais extrovertida e que por isso sofre os efeitos das "externalidades"- negativas para a população que sofre a emigração,o desemprego,o endividamento,a pobreza num quadro de agravamento das desigualdade com recurso a todos os instrumentos de que ainda dispõe, a fiscalidade e a política orçamental, o governo tem uma política de "monocultura" de mão-de-obra barata e de saldo dos direitos que tende à transformação do Estado de Direito Democrático num novo Estado Neo-Liberal.
Ola,
A mim, ja nem me incomoda o facto de o Passos Coelho não fazer a mais pequena ideia do que esta a dizer. O que me preocupa é o facto de ser razoavel o calculo que ele faz, quando parte do principio de que ninguém vai tentar compreender o que significam mesmo as suas afirmações.
Falar dos "impostos sobre as empresas" como se eles tivessem alguma relevância ao pé dos "impostos sobre as pessoas singulares" é estar a gozar com toda a gente.
Quanto ao famigerado "custo do trabalho", defender que ele é elevado em Portugal é outra estupidez. Sera elevado se o compararmos com o que existe na Somalia. Mas então é elevado em toda a parte...
O principal problema que ha com o investimento em Portugal não é "o custo do trabalho", mas a incapacidade de uma casta clerical inculta e incompetente, completamente incapaz de valorizar o trabalho dos Portugueses (trabalho que é muito bem valorizado quando eles vão para outros paises, apesar do preço do trabalho ser muito maior nesses paises...).
Deixem os trabalhadores Portugueses em paz, e preocupem-se antes com os fidalgotes "empreendedores" da laia do Passos Coelho, que se calhar deviam ser recambiados para o campo para aprenderem de vez o que é mesmo o "custo do trabalho" !
Abraço
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