A reunião do Eurogrupo não foi capaz de aceitar a proposta grega. Apesar dos níveis de austeridade aceites - muito mais do que recusara dias antes do referendo - pelo governo, os pró-austeritários não se consideram saciados. Querem mais sangue, mais sofrimento, mais miséria, mais castigo. Sabe-se agora que em muitos países do Euro se defende o Grexit. O falcão germânico divulgou mesmo, estrategicamente, antes da reunião, um documento que defende uma saída da Grécia por um período de cinco anos. Esperto como é sabe que nunca mais voltará, já que depois será impossível cumprir os critérios de convergência.
Varoufakis publicou um artigo de opinião em que acusava os alemães de ostensivamente quererem punir a Grécia, empurrando-a para fora da Europa.
Based on months of negotiation, my conviction is that the German finance minister wants Greece to be pushed out of the single currency to put the fear of God into the French and have them accept his model of a disciplinarian eurozone.
No mesmo dia o The Guardian dava conta de duas iniciativas largamente simbólicas mas com a sua importância. Um artigo do NYT que denuncia a hipocrisia alemã na crise grega, recordando a assinatura em 27 de fevereiro de 1953 , em Londres, do acordo que permitiu cortar, nesse exacto momento, metade da dívida alemã. Acordo muito defendido por Keynes, entre outros, e que se traduziu num sucesso económico, possibilitando que a economia alemã se reerguesse do caos em que mergulhara com a guerra. A outra iniciativa foi uma petição assinada entre outros por Piketty que instava Merkel a mudar de rumo e a apoiar de facto a permanência da Grécia na zona euro. Nesta petição fazia-se a mais clara síntese daquilo que parece ser o objectivo dos que mandam na Europa:
The Greek government is being asked to put a gun to its head and pull the trigger. Sadly, the bullet will not only kill off Greece’s future in Europe. The collateral damage will kill the eurozone as a beacon of hope, democracy and prosperity, and could lead to far-reaching economic consequences across the world.
A uma velocidade surpreendente os falcões que dominam a Europa aumentam a sua força e a sua pressão. As dúvidas que pairavam sobre o formato final do acordo com a Grécia - a inclusão ou não da renegociação da dívida - são chão que já deu uvas. A questão foi deslocada, por decisão de Schäuble, para o campo da saída da Grécia, atentas as questões da "falta de confiança" a que os falcões são tão sensíveis. Ou isso, ou 50 mil milhões em activos transferidos para as mãos dos credores internacionais. Os alemães parece que querem mesmo fazer à Grécia muito pior do que fizeram os seus antepassados durante a Segunda Guerra Mundial.
12/07/15
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4 comentários:
Caro José Guinote,
só duas reservas: em primeiro lugar, parece-me um pouco excessivo identificar Schäuble com os alemães sem mais — e o mais provável é que a sua posição não faça neste momento a unanimidade do próprio governo alemão. Assim, em torno da questão grega, abriu-se finalmente um conflito nas próprias instãncias governantes da UE e no campo dos credores, conflito que atravessa as instituições, as forças políticas presentes na União e em cada país desta.
Em segundo lugar, os falcões ameaçam não só devastar a Grécia como todo o conjunto da Europa e podem contar com o concurso de toda a extrema-direita europeia e, pior, com a solidariedade objectiva das esquerdas nacionalistas que se opõem ao aprofundamento da integração e da via federal.
Abraço
miguel(sp)
Um blogue anar francês divulgou hoje uma entrevista com Valérie Bugault sobre o futuro da Grécia e do hiper-capitalismo...A grande advogada em Relações Económicas assegura que a Grécia não sairá nem do Euro nem da UE. E, com muito cuidado, revela cálculos e estimativas/probabilidades sobre a descoberta de uma gigantesca banda de hidrocarbonetos( petroleo, mas sobretudo gaz) que irá das costas de Creta e mar Egeu ao alto-mar em frente da Banda de Gaza, e que fará da Grécia/ Chipre/ Israel e Turquia um eldorado petrolifero fabuloso comparável ao iraniano. Israel tem-se mexido e parece ter assegurado a cooperação militar com Chipre para a protecção das futuras plataformas maritimas de exploração.Procurar via google.fr e marcar o nome da grande especialista, surge logo a entrevista no youtube de cerca de 30 minutos. N.
Os problemas do euro e da europa não são de agora, mas só agora são nítidos para qualquer leigo como eu. Acho difícil preocupar-me com algo tão podre e começo a achar estranho tanta fixação com uma moeda que não funciona e que de maneira nenhuma sobreviverá à próxima bolha que deve estar prestes a rebentar.
Os grandes blogues- Agoravox e Wikistrike-detalham a fabulosa perspectiva das reservas de gas e petroleo gregas e de mais 4 Estados do Mediterrâneo Oriental, situadas num conjunto colossal que abarca áreas das costas gregas ao Libano, Egipto, Siria, Israel e Faixa de Gaza. N.
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