26/03/16

Marchar contra o medo, sim — mas só quando já não houver nada a temer

A "Marcha contra o Medo", marcada para domingo para assinalar os atentados na capital belga, foi desmarcada por razões de segurança, após um alerta das autoridades. "Entendemos o pedido. A segurança dos nossos cidadãos é uma absoluta prioridade. Juntamo-nos às autoridades e propomos um adiamento e pedimos aos cidadãos para não comparecerem neste domingo", disse a organização.
As autoridades belgas tinham pedido às pessoas para que não participassem na marcha por motivos de segurança, sugerindo que a iniciativa, realizada em resposta aos atentados de terça-feira, seja adiada por algumas semanas.

Dir-se-ia que a organização de uma "marcha contra o medo" nas ruas de Bruxelas só poderia ter por fim mostrar ao terrorismo islamita que há cidadãos que não admitem deixar de habitar a sua cidade e desertar as suas ruas em obediência às ameaças de morte que os agentes do referido terrorismo fazem pairar sobre as nossas cabeças. Dir-se-ia que, frente aos que não têm medo de morrer para matar, se torna necessário mostrar que existem cidadãos cujo apego à liberdade é mais forte do que o medo de morrer. Mas, aparentemente, não é assim: os organizadores da "marcha contra o medo" estão dispostos a adiá-la, acatando os conselhos das autoridades, até que não haja nada a temer. Assim, à discutível vitória da causa terrorista que foi a realização dos atentados, os organizadores capitulacionistas e as autoridades do reino da Bélgica somam uma vitória indiscutível do fascismo islâmico sobre o exercício da cidadania e as perspectivas de democratização que este poderia abrir — alvos por excelência do terrorismo islâmico.

1 comentários:

José Guinote disse...

Miguel, menos de 24 horas depois do que escreveste, a extrema direita e os neo-nazis sentiram-se encorajados a virem à rua. Aproveitaram a desmobilização dos cidadãos amantes da liberdade e da democracia, imposta pelas autoridades/organizadores capitulacionistas, para tentarem agredir um pequeno grupo de cidadãos, que não desistiu de homenagear as vitimas dos terroristas islamitas.

http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-03-27-Confrontos-em-Bruxelas-durante-homenagem-as-vitimas