Está na moda uma "carta viral" escrita em resposta a Mariana Mortágua.
Só vou abordar três ou quatro pontos, que podem parecer irrelevantes, mas acho que até (sobretudo o segundo) são fundamentais:
« Cresci sozinha porque era preciso trabalhar arduamente para “acumular
dinheiro”. Porque o meu pai não assaltou bancos. O que tinha era mesmo
dele. Saiu-lhe do corpo.»
Não se percebe muito bem o que a autora quer dizer com esta conversa de pais e assaltos a bancos - quererá insinuar que o dinheiro do assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz não foi para a LUAR mas que em vez disso o Camilo Mortágua ficou com ele? Penso que em todas as polémicas sobre o destino do dinheiro ninguém alegou tal coisa, e que a única pessoa que foi acusada (acusação posteriormente desmentida) de ter ficado com dinheiro para ele foi o Emídio Guerreiro. De qualquer forma, o Banco de Portugal cancelou as notas com aqueles números de série, pelo que, no fim, ninguém ficou com dinheiro nenhum, apenas com papelinhos ilustrados.
«Saiba que os “acumuladores de dinheiro deste país, trabalharam
arduamente para o ter. Sejam grandes ou pequenos acumuladores de
dinheiro”, TODOS começaram de baixo (excluo aqui, como é óbvio, os
criminosos assaltantes de bancos, de património, traficantes). E
consoante as suas aspirações, uns apostaram mais alto, outros menos, mas
todos contribuindo para o enriquecimento da Nação.»
Tal não corresponde claramente à verdade - a lista das maiores fortunas de Portugal está cheia de pessoas que são ricas há gerações (e, ironicamente, entre esses o que pode ser o exemplo mais clássico de alguém que veio de baixo - Belmiro de Azevedo - poderá para alguns ser visto como um "assaltante de património"; não me admirava que família Pinto de Magalhães pense algo parecido dele).
«Por isso, cada vez que estiver nessas reuniões de “trabalho” sinta
vergonha por mais 1 assalto à classe dos “abastados” (classe média) em
vez de começar por tributar o património dos partidos políticos onde se
inclui o vosso palacete ocupado à força depois da revolução; por ter
chumbado o decreto sobre enriquecimento ilícito; por ter permitido as
subvenções vitalícias; por fazer vista grossa à corrupção existente no
sector financeiro e organismos público»
Essas acusações poderiam fazer sentido dirigidas a muita gente, mas completamente alucinado fazé-las à Mariana Mortágua, cujo partido defende que os partidos passem a pagar IMI, que é contra as subvenções vitalícias e que votou a favor ou absteve-se nas propostas de lei sobre o enriquecimento ilícito, e quando ela própria ficou famosa exatamente nas investigação ao caso Banco Espírito Santo.
Já agora, interrogo-me se a autora faz ideia do que estava em questão no chamado "enriquecimento ilícito" - é que acho estranho alguém que tanto defende o direito a acumular riqueza seja a favor de uma lei que tinha como ponto central determinar que quem "acumulasse riqueza" teria, na prática, que provar que não a tinha obtido ilegalmente.
19/09/16
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3 comentários:
A CLASSE MÉDIA TEM DE SER REEDUCADA
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A Esquerda Bandalha/Marioneta:
i) diz que a salvação do problema do deficit demográfico da Europa... está... na naturalização da 'boa produção' demográfica daqueles que reprimem os Direitos das mulheres - ex: islâmicos;
ii) diz que a classe média que poupa/investe... tem de ser martelada/demolida com impostos!
[a classe média tem de aprender que ter património é coisa da alta finança... leia-se: a classe média deve, de preferência, vender o seu património ao desbarato a grupos multinacionais com sede em paraíses fiscais]
Uma obs: a alta finança não paga impostos: até as suas casas de habitação estão em offshores.
.
.
P.S.
A alta finança (capital global) está apostada em dividir/dissolver as Nações... terraplanar as Identidades... para assim melhor estabelecerem a Nova Ordem Mundial: uma nova ordem a seguir ao caos – uma ordem mercenária (um Neofeudalismo).
Andam por aí muitas marionetas... cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da alta finança (capital global).
Escrever história apenas pelo que se ouve dos vencedores, dá sempre asneira.
Não foi a LUAR quem beneficiou do dinheiro roubado na Figueira da Foz. É certo que a LUAR, do Emídio Guerreiro, que chegou a líder do PPD, reivindicou a proeza, mas quem ficou na posse do dinheiro foram os assaltantes que haviam constituído uma associação que visava alcançar o poder pelas armas.
É também certo que muitas notas foram "retiradas de circulação" pelo Banco de Portugal, mas muitas outras não e que nunca foram prestadas contas públicas do destino daqueles dinheiros.
Eu creio que os assaltantes ficaram surpreendidos quando a LUAR (de que nunca tinham ouvido falar) reivindicou a ação, mas depois acabaram por aceitar o facto consumado e mais ou menos integraram-se nela - o facto de mais tarde o Palma Inácio ter acusado o Emídio Guerreiro de ter ficado com parte do dinheiro parece indicar que, a partir de certa altura, o dinheiro esteve mesmo nas mãos da LUAR
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