Em termos de debate no espaço público, tudo começou na Urgeiriça, município de Canas de Senhorim, distrito de Viseu, no dia 6 de Novembro passado, quando, por iniciativa de um grupo de uma dezena de militantes do nosso Partido no Maciço Central, tive oportunidade de discutir com eles os mais importantes temas teóricos, políticos e ideológicos suscitados pela experiência da Revolução de Outubro na antiga Rússia Czarista.Penso que as referidas "teses" são estas.
Os temas centrais aí abordados, gravados e distribuídos em vídeo pelo Partido, foram depois publicados no Luta Popular Online, a 16 de Novembro, e deram a volta ao Mundo, perdoe-se-me a imodéstia, sendo hoje em muitos países e numa parte significativa do movimento comunista operário marxista conhecidos como As Teses da Urgeiriça.
O que há de essencialmente significativo nessas teses é que elas colocam, quanto seja do meu conhecimento, pela primeira vez em evidência os erros sobre a natureza de classe da Revolução de Outubro, que não foi nem podia ser uma revolução operária socialista, mas uma grande revolução burguesa capitalista, do tipo da Grande Revolução Francesa de 1789, muito embora dirigida na sua fase final pelo proletariado e assumindo em muitos aspectos uma natureza proletária.
Essa revolução levou não à liquidação do modo de produção capitalista e à edificação do modo de produção comunista – nem aliás o poderia levar, dada a natureza mista, feudal e burguesa, da sociedade czarista -, mas a um tipo de sociedade até aí desconhecido – a sociedade capitalista monopolista de Estado, que, em parte Lenine, mas sobretudo Estaline e a Academia das Ciências da União Soviética qualificaram como sociedade socialista e até como sociedade socialista sem classes…
A primeira reação é gozar com a megalomania das teses que "deram a volta ao Mundo, perdoe-se-me a imodéstia, sendo hoje em muitos países e numa parte significativa do movimento comunista operário marxista conhecidos como As Teses da Urgeiriça" (um aparte - já em 1975, no seu livro "O MRPP - instrumento da contra-revolução", Saldanha Sanches referia uma tendência de Arnaldo Matos para se considerar a si e ao MRPP como o principal fator no cenário político mundial dos anos 70).
Mas, tirando isso, é impressão minha ou estas teses representam um rutura do MRPP com o maoísmo e até com o leninismo clássico?
1 comentários:
Delicioso,
O homem reinterpreta por completo a historia à sua maneira (1383-85 como primeira revolução burguesa e prenuncio de 1789, etc.), diz depois que todos se enganaram (menos ele) e remata com esta frase sabia "o movimento precede a consciência. E a consciência revolucionária procede do movimento revolucionário".
O materialismo historico à moda do MRPP não é brincadeira, vai inexoravelmente de Arnaldo a Julio...
Abraços
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