Um artigo do Engenheiro Sebastião Feyo de Azevedo sobre a "desvalorização das licenciaturas pré-Bolonha", que foi concretizada pelo Governo Português.
Desvalorização é a opção do articulista, que se entende, dadas as regras de urbanidade que caracterizam a intervenção pública da Ordem dos Engenheiros e dos seus dirigentes. Eu acho, no entanto, que aquilo que o Estado Português fez tem outro nome: GAMANÇO.
É disso que se trata. O Estado, como se fosse um Estado totalitário - e em muitas situações é-o, de facto -, resolve, ditactorialmente, desqualificar centenas de milhares de licenciados - cujas licenciaturas foram obtidas em universidades públicas, em cursos reconhecidos como de elevada qualidade e com provas dadas no exercício das suas profissões - transformando as suas licenciaturas em bacharelatos.
Um Estado que resolve apagar dois anos da formação universitária de centenas de milhares de pessoas - e mesmo assim favorecendo algumas formações em detrimento de outras, caso das engenharias - pode ser considerado um Estado democrático?
Há coisas que se fazem em Portugual que deixam qualquer um arrepiado. Suspeito que este tipo de violências não provocam qualuer arrepio a António Costa.
Declaração de Interesses: Sou licenciado em Engenharia Civil, ramo de Estruturas, pelo IST, desde 1981. Sou por isso Licenciado em Engenharia Civil, pré-Bolonha. Sou Mestre em Planeamento Regional e Urbano pela Universidade Técnica de Lisboa, desde 2005, isto é pré-Bolonha.
03/10/18
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1 comentários:
Desqualificação governamental
A propósito da equiparação dos licenciados pré-Bolonha (5 ou 6 anos) a mestres pós-Bolonha, venho antes de mais dizer que sendo licenciado pré-Bolonha (5 anos) pelo IST em engenharia civil, não tenho e nem nunca tive qualquer pretensão a ser mestre.
O que não se pode aceitar é que por ineficácia deste ou de qualquer outro governo se seja desqualificado por decreto. E muito menos por razões orçamentais. Tal como uma borracha, a acção ou a sua falta por parte do Governo, apagou dois anos da nossa formação quando nos colocou como licenciados ou bacharéis com 3 anos de formação superior.
Inaceitável.
É que nem sequer o quadro de qualificações comum a todo o espaço europeu (de 2008) que define 8 níveis de qualificação, pode servir de desculpa que impeça que os licenciados de 5 ou 6 anos sejam colocados no nível 7, o mesmo dos mestres. E ao contrário do afirmado pelo ministro, não é verdade que em nenhum país da Europa isso tenha ocorrido. Em Espanha um decreto real fez isso mesmo, equiparou os licenciados de 5 anos aos mestrados. E atenção esta equiparação não significará que passem a ser chamados de mestres.
E assim, da promessa feita por este governo de equiparar o atrás referido, ainda que abrindo, em março deste ano, a discussão pública para alteração do DL 74/2006, com um texto sem essa promessa, se passou, de acordo com o referido pelo Reitor da UL, por uma versão intermédia que previa esta equiparação, apresentada ao conselho de reitores, para o decreto publicado que coloca os engenheiros (e não só) de 5 ou 6 anos de formação superior, em posição bem pior do que a existente desde o ano de 2006.
Mas se nada deste comportamento governamental se pode considerar estranho por tão usual se ter tornado, a nossa curiosidade não pode deixar de ser aguçada quando se constatou o especial cuidado, que este governo teve, em retirar do texto inicial, no art 19º, a referência à Directiva 2005/36/CE, substituindo-a pelas formações ali referidas.
Os engenheiros civis da Directiva, desqualificados por este governo (e não só), há muito que não acreditam em coincidências. Esta desqualificação, é apenas mais uma não coincidência. E tal como noutras, igualmente com a chancela do Presidente da República.
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