Helena Matos ataca a "geração de 60", "a geração que (...) nos tem governado" e que "será em Portugal uma das primeiras em décadas e décadas a ser sucedida por outras que viverão pior", tendo, não apenas falhado a vida mas que "também lixaram a vida daqueles que vieram depois".
O que este filho de 1973 (que se auto-classifica na geração de 90) vem perguntar é se é a "geração de 60" (que, basicamente, corresponde aos nascidos nos anos 40, mais ano, menos ano) que nos tem governado - ou será que, na história do Portugal democrático, o poder saltou quase directamente da geração dos oposicionistas históricos (o pessoal do MUD Juvenil, da campanha de Delgado, etc.) para a geração que despertou para a politica com o 25 de Abril, que actualmente nos governa (e já a preparar a mudança de testemunho para a geração Passos Coelho/António Costa)?
Efectivamente, poderia-se dizer que a "geração de 60" (ou parte dela) esteve no poder no tempo do "cavaquismo" (será esse o verdadeiro itento da crónica de Helena Matos - atacar Cavaco Silva?), mas o perfil de Cavaco e dos seus companheiros de geração que estiveram no governo é tão diferente do estereótipo da "geração de 60" que nem aí se poderá dizer que a "geração de 60" nos governasse.
Já agora, ocorre-me que talvez seja esse o destino provável de todas as gerações, pelos menos na chamada "democracia ocidental" (nalgumas "democracias tribais" talvez seja diferente e tenhamos mesmo uma dada geração a governar durante algum tempo)- quando passa a ter idade e estatuto suficiente para aspirar ao poder, o "espírito do tempo" já é outro, logo os membros dessa geração que vão para o poder não serão os mais típicos da sua geração mas sim os mais sintonizados com os novos tempos.
02/01/11
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6 comentários:
Já agora: de que geração é a Helena Matos?
Como diria Kropotkine, mesmo se fossem anjos a tentar liderar a nossa vida, a coisa daria para o torto e as dificuldades não cessariam de crescer e de nos castigar severamente. A que acrescentou, in fine: " Precisamente por não existirem anjos entre os homens, dizemos: Fazei de forma que cada homem veja o seu interesse inserido no conjunto do
interesse dos outros; e, só então, não existirá mais inquietação pelo terror das más paixões ". Belo e explosivo, não?
A Helena Matos é contemporânea do JMF1957; e parece que andou pela redacção de " A Voz do Povo ". A geração de " 60" tem vários módulos, consoante a gesta humana dos seus membros: há a ligada à crise de 62, a da dissidência multipolar do PCP(64) e a da revolta de Maio 69. Com efeito, a malta da crise de 62 já ronda pelos 60 e tal anos, como o Sampaio, o Vera Jardim,o Nuno Brederode,o Valentim Alexandre e o infausto João Martins Pereira entre muitos outros; a do Maio 69 luso terá hoje 60 anos, a que pertence Mariano Gago, Alberto Costa, João Soares, Fonseca Ferreira e António Oliveira Baptista, entre muitos outros. Portanto, Helena Matos- que deve ser apoiante de Cavaco Silva...-tenta amalgamar e torcer uma realidade geracional muito diversa, política e éticamente falando, claro. Salut! Niet
Há uns 30 anos atrás, o Pacheco Pereira escreveu um ou dois ensaios exactamente sobre isso, a diferença entre a geração de 62 e a de 68 (segundo ele, a geração de 62 era o equivalente, em termos de atitude e referências, às gerações de 50 do resto da Europa)
Ricardo Alves,
Tomando o ano de nascimento, 1961, podemos dizer que anda ali pela geração de 70 (fins) e 80. O que, fazendo uso da mesma vala comum que Helena Matos usa para os de 60, podemos dizer que, sem dúvida está bem acompanhada pelo 1º Sócrates, pelo não menos brilhante Pedro Santana Lopes, Durão B. e por essa insigne figura do regime chamada Armando Vara. Isto apenas como amostra do brilhantismo da fornada pós 60s e que, claro, nada tem a ver com o estado desta merda.
Quando se fala em geração sessenta está-se a pensar nos hippies. Esses têm agora qualquer coisa como 65 anos e, como se sabe, tomaram as rédeas do poder por volta da década de 90. Ninguém nega que tanto Cavaco Silva como António Guterres foram dos maiores hippies portugueses. Quem era nascido nos sessenta sabe bem que assim é.
pois , os das tribos lá sabiam : nada como uns daqueles rituais de passagem durissimos para fazer uns homens riginhos e capazes de governar. e tinham partilhado algo.
pensando bem , agora já não há nada que se aproxime disso , nem já a escola se pode considerar como um sacrificio necessário de disciplina , e sofremos todos do complexo de peter pan.
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