Aqui fica o essencial de um comentário de LAM a este post do Zé Neves, que me parece resumir exemplarmente as razões que fazem com que nem Alegre nem Lopes possam ser amanhã opções de voto democraticamente consequentes. Não cuido aqui de saber se a recomendação de voto de LAM é idêntica à minha (voto branco ou nulo), nem se a sua recusa de votar numa das candidaturas referidas se mantém na eventualidade de uma segunda volta. Mas partilhamos um ponto de partida essencial. Ei-lo:
os projectos políticos que (…) deram origem [às candidaturas de Manuel Alegre e de Francisco Lopes,] e, mais do que isso, a decisão que os colocou como "inevitáveis" para o voto à esquerda, merece[m] toda a reprovação e castigo.
Mais do que [n]os candidatos, o meu voto [será] na crítica ao que os pariu, porque a esquerda (BE, PCP) tem de perceber que não esteve bem. Votar num deles é dar um sinal de aprovação ao caminho que seguiram na escolha desses candidatos.
22/01/11
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Urge separar as águas! É preciso ter coragem para assumir estratégias diferentes( quase antagónicas) e avançar abandonando as delicodoces mistificações inoperantes do " catastrofismo passivo " e do discurso reformista envergonhado que inpotencializa, a prazo, toda e qualquer possibilidade de Revolução. Esta campanha foi maravilhosa para " revelar " o grau de (im)preparação ideológica e a vontade de " travar " a autonomia da imaginação criadora das massas em luta! Como disse Rosa Luxemburg, " a Revolução é a única forma de " guerra " - e isso ainda constitui uma das suas leis de desenvolvimento - onde a vitória final não será obtida senão por uma série de " derrotas " ". LAM e MS. Pereira corajosamente constroem e apelam para uma real alternativa face a uma qualquer veleidade social-democrata recauchutada pelos epígonos lusos do moribundo marxismo-leninismo " oficial e parlamentar ". Niet
Caro Miguel Serras Pereira,
Eu vou votar. E vou votar porque considero que enquanto for possível manter uma frente de combate aberta, enquanto for possível manter a política na ribalta (mediática, pois que seja), mesmo que diminutas se desenhem as consequências, são momentos que não devem ser desaproveitados. Lá vou, na remota esperança de uma 2ª volta, de uma 3ª ou 4ª se fosse possível.
Se isso fosse conseguido (e aqui entra a poesia), independentemente do candidato que se opusesse a Cavaco e muito para além dele, acredito que se criariam dinâmicas espontâneas que poderiam superar a mera eleição de um PR. Não quero ficar de fora.
abraço.
Caro LAM,
eu cria saber que a sua posição seria a que diz - leitor atento que sou dos seus comentários aqui e noutros estabelecimentos.
Suponho que tenho menos fé na possibilidade de uma eventual segunda volta poder servir de detonador, etc. E receio que essa hipótese de trabalho nos distraia de outras. A constituição em acto daquilo a que chamei uma "plataforma democrática" capaz de abalar as relações de força e as relações de poder do regime em Portugal e na Europa - para começar. Cf. "Da democratização como plataforma necessária e suficiente" (http://viasfacto.blogspot.com/2010/11/da-democratizacao-como-plataforma.html).
E acresce que as eleições presidenciais, embora tivesse sido possível intervir nelas de outro modo (assim os interessados, entre os quais me incluo, tivessem sabido fazê-lo), têm qualquer coisa, na sua lógica, de "intrinsecamente perverso", para falar como as encíclicas papais. Sobre isso também já tentei explicar-me:
"Convém recordar que o Presidente da República é o “Chefe de Estado”. Como “chefe de Estado”, e enquanto o for, o Presidente é um símbolo por excelência de uma sociedade hierarquicamente organizada, assente, entre outras coisas, na distinção permanente e estrutural entre governantes e governados. A ideia de que é bom é ter um bom chefe à cabeça do Estado é apostar, mantendo a actual divisão do trabalho político, numa forma de poder que só pode impedir o caminho da sua conquista e exercício pelo auto-governo organizado e igualitário do conjunto dos cidadãos. O quadro de uma república instituída como expressão e actualização da vontade de autonomia da cidadania governante não conservaria o lugar e o cargo da “chefia do Estado”. No caso de ser necessário, em certas circunstâncias - protocolares, por exemplo –, que alguém desempenhasse o papel de “presidente da República”, isso poderia ser feito, como já defendi, por tiragem à sorte", etc., etc. (http://5dias.net/2010/01/16/pontos-previos-sobre-as-presidenciais/).
Aqui deixo, convencido de que partilhamos alguns pressupostos importantes, a pergunta com que encerrava o texto que acabo de citar: "será assumindo a causa de uma nova candidatura presidencial, que melhor se poderá desenvolver e propor a acção em vista da construção de uma cidadania quotidianamente activa e potencialmente governante, em que todos decidam das leis por que se governam e das leis que governam a sua actividade na esfera da produção e da economia? Será batendo-nos pela eleição de um chefe de Estado que, aos olhos da “multidão” dominada no seu dia a dia por toda a espécie de expropriações e de menorizações, expressaremos da melhor maneira a nossa vontade de autonomia e de avanço no sentido da emancipação?" (http://5dias.net/2010/01/16/pontos-previos-sobre-as-presidenciais/).
Abrç solidário
msp
Niet, salut et liberté!
msp
Nem uma vírgula contesto na caracterização que faz das monarquias sufragadas (às vezes) a que se convencionou chamar república, mas considero que um caminho há a percorrer para que as coisas assim sejam entendidas pelos largos milhares ou milhões capazes dessa mudança. Até lá, no que posso, no tempo que for o meu, e com o alcance possível, a revolução é sempre e já para amanhã. Se assim puder ser, os vindouros estarão mais próximos.
abraço e obrigado por partilhar as suas ideias.
Caro LAM,
sou eu quem agradece - e espero que possamos continuar a discutir as questões que aqui levantámos. Oxalá você queira continuar a contribuir para o Vias. Aqui tem o meu e-mail: miguelserraspereira@gmail.com - para o que der e vier.
Cordial abrç
msp
Enviar um comentário