13/01/11
euskadi ta askatasuna?
por
Zé Neves
Este post (tirando a cretinice imbecil de acusar o Daniel Oliveira de escrever o que escreve para agradar o patrão) coloca questões importantes. Para ser telegráfico, enquanto comunista não-patriota (ainda os há) a minha posição sobre a chamada questão basca é esta: 1) havendo quem o reivindique (e há e não são poucos), um comunista não-patriota deve apoiar a realização de um referendo sobre a autodeterminação do País Basco; 2) nesse referendo um comunista não-patriota deve fazer campanha contra a autodeterminação nacional do País Basco.
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20 comentários:
Isso não entendo. Quanto muito deveria abster-se. Não é pela NÃO autodeterminação nacional desse país que deixa de ficar dependente de um outro país. No caso, não sendo apoiante da nacionalidade basca, implica ficar sob nacionalidade espanhola.
Mas em principio um "comunista não-patriota" deveria defender algo como uma confederação mundial (não necessariamente com esse nome), logo uma Espanha unida estaria mais próxima desse objectivo do que uma Espanha fraccionada.
Mas, caro LAM, se o leio bem, o que o Zé Neves faz é propor a destituição e desmistificação da "independência nacional" e so "soberanismo", através da aposta na democratização e na autonomia ou na "comunização" anti-nacionalista do autogoverno e das lutas que o antecipam contra os aparelhos hierárquicos e classistas do poder oligárquico e da sua divisão do trabalho político.
Abrç
msp
Mais aquêm do que o ZN diz: para convocar o referendo alguém tem de impor quem é o sujeito colectivo que vai falar. A convocatória é um acto de reconhecimento da existência dum sujeito e da não existência doutros. As fronteiras territoriais e a população étnica (ou políticamente) correcta, com direito a participar, decide-se antes do referendo. O referendo é a imposição da Nação contra a Multidão.
Deste ponto de vista, um comunista não-patriota nunca poderá votar em Alegre.
nacionalismo e internacionalismo (proletário) são noções contraditórias
portanto, não invoqueis o santo nome do comunismo em vão; para quem se pretende Comunista só existe uma opção
entretanto, temos aqui mais uma: Cavaco esconde escritura da sua casa na aldeia BPN
MSP, aceito. Contudo penso que para haver uma discussão mais objectiva sobre este tema há que recuar aos conceitos que determinam termos como "nacionalismo" (ou até regionalismo, por exp., se se entrar num campo mais "doméstico"). Isto porque determinados valores e diferenças (culturais, por expl. como a língua e história no país basco, e do que daí decorre de afirmação social e política), só estão plenamente enquadrados naquilo que, para todos os efeitos, chamamos "nacionalismo"e só se impõe, no caso actual da organização dos estados, através da "independência".
Carl LAM,
eu também aceito boa parte do seu argumento e não penso que seja desejável uma homogeneização linguístico-cultural por redução (se assim posso dizer). Mas não creio que, nas actuais condições, a criação de mais Estados independentes seja a via possível de qualquer democratização efectiva, de qualquer efectivo avanço da participação igualitária, tendencialmente governante, até mesmo a nível "local".
Assim, veria com bons olhos que, por exemplo, a monarquia e o centralismo "castelhanos" fossem desmantelados através de uma solução federativa, na qual a "região portuguesa" entrasse de parte inteira, juntamente com as regiões ou países basco e catalão, galego, etc., e que não pusesse em causa a UE, antes contribuísse para criar as condições da democratização a todos os níveis das suas instituições.
No fundo, e como que em tese geral, eu diria que a diferença que conta se joga ao nível da democratização do exercício do poder e dos direitos e responsabilidades de participação igualitária dos cidadãos, e não no plano da oposição "local" ou "nacional" a "internacional" ou "global", embora, sem dúvida, não haja democratização concebível que não passe pelo lugar de cada um e spela transformação das relações de poder dos seus contextos locais de partida. O problema é que o teor de "localidade" ou "nacionalidade" de um poder ou conjunto institucional de organização do poder político efectivo (incluindo o que se exerce a coberto da economia e do seu regime) nada nos diz sobre o seu grau de democratização.
Do mesmo modo a desejável salvaguarda da pluralidade linguístico-cultural e/ou a desejável pluralização, que a partir dessa pluralidade se desenvolva, parecem-me dever ser garantidas pelo reforço e afirmação do critério de participação e comunização democráticas enquanto traço cultural distintivo partilhado e subordinante de cada uma das tradições ou parcelas em confronto.
Trata-se sempre da extensão da democrastização federativa, operada de baixo para cima, contra a soberania "estatal" e o seu modelo hierárquico, de natureza classista, ou o seu funcionamento de cima para baixo.
Muito haverá a discutir a propósito de tudo isto, mas creio que posso contar consigo para que este começo de conversa - tão premente como prometedora - não fique por aqui.
Calorosas saudações democráticas
msp
p.s. isto para insistir que, o voto contra como defendido por Zé Neves, pressupõe o abandono das bandeiras enquadradas no "nacionalismo", bem como implica a opção por um estado (o espanhol no caso)em detrimento de outro. Ora não sei em que isso concorre para a "destituição e desmistificação da "independência nacional" e so "soberanismo", dado que, queiramos ou não, ao votar contra uma coisa, estamos a votar a favor de outra.
Caro LAM,
objecção mais do que pertinente, a sua.
Digamos, em primeiro lugar, que a proposta do Zé não decorre automaticamente das considerações de princípio ou de fundo que eu, a partir dela, desenvolvi. E que já é alguma coisa, alguma coisa de fundamental, chegarmos a um acordo sobre os pressupostos da discussão.
Mas, tentando responder à sua pergunta - em que medida os critérios que propus podem basear ou justificar a proposta do referendo, etc.? -, direi agora que, sem sabero que pensará o Zé Neves do assunto, creio, pelo meu lado, que a exigência/aceitação de um referendo como o que ele refere teria de ser acompanhada da garantia de uma revisão constitucional - na realidade, redefinição constitucional - em que a agenda pusesse a questão do regime e das autonomias. O que, de resto, PODERIA abrir caminho, fosse qual fosse o resultado do referendo, à afirmação de novos direitos sociais e de participação política.
Faz sentido?
msp
Lam,
COncordando com os pontos do MSP, aceito perfeitamenet o seu argumento. Não pretendendo resovler a questão, talvez até lançasse mais uma acha para a fogueira: a hipótese de uma autonomia nacional basca que no quadro de um processo europeu ferderal se tornaria antes uma questão regional... mas como o processo europeu já conheceu melhores dias...
abç
«Mas em principio um "comunista não-patriota" deveria defender algo como uma confederação mundial»
Mas uma confederação voluntária e horizontal, o que não é o caso. O referendo não a torna voluntária porque não vão ser umas eleições liberais com grande absentismo e votação desinformada que vão legitimar o processo. E de horizontal então não tem nada.
De facto, não se percebe. O Zé Neves apoiaria um referendo – presume-se que organizado, ou pelo menos com o aval do estado espanhol – para a autodeterminação do país Basco (sendo que o uso da palavra “autodeterminação” significa a constituição formal de um estado autónomo, e não necessariamente a autodeterminação do povo basco) para nos informar que, como comunista não-patriótico, faria campanha contra a «autodeterminação nacional do País Basco». O que é que faz, naquilo que é sumariamente proposto pelo Zé Neves, o não à autodeterminação nacional de um país por referendo um sim ao comunismo não-patriótico tendo em conta obviamente que esta seria uma escolha entre estados (um existente e outro inexistente)?
nf
Sim, Zé, é isso mesmo. Nunca me passou pela cabeça que o teu exemplo fosse um modelo pronto-a-vestir de uso obrigatório. Vi-o sempre como uma concretização de uma tomada de posição política de fundo que poderia assumir e animar outras figuras.
Abrç
Caro nf,
tudo bem, mas:
1. o referendo no caso basco só poderá resultar de uma reivindicação apresentada ao Estado espanhol, que sempre se tem recusado a considerá-la - tornando o independentismo inconstitucional e incompatível com a participação no parlamento, etc.
2. A hipótese de imposição da independência contra a vontade actual, efectiva (o que não quer dizer "teoricamente correcta" ou sequer "esclarecida" q.b do seu ou meu ponto de vista), seria uma limitação e negação da liberdade política comparável à dos piores momentos do centralismo castelhano. Como dizia Rosa Luxemburgo, a melhor verdade transforma-se num erro monstruoso quando é imposta aos interessados em nome do esclarecimento ou saber superior dos "responsáveis".
Saudações ibero-europeístas e republicanas
msp
Caro MSP,
Ora a "autonomia", ou outro nome porque isso seja designado, parece que já existe, representado até por um governo regional, etc. Mas, ao que se vai sabendo e pela parte dos "independentistas", não chega para essa afirmação.
Eventualmente uma "redefinição constitucional" como diz, em que fossem alterados o regime e o estatuto das autonomias, não só poderia resolver o problema basco como a não menos premente solução para a Catalunha e até a Galiza, fazia sentido, sim. Contudo isso iria tornar o processo ainda mais dependente das decisões de Madrid para a sua concretização ou seja, nunca.
Zé Neves,
Repare que também eu não pretendo resolver a qustão, para a qual me faltam conhecimento não só do ponto em que estão os processos, como também os passos, alternativas ou soluções entretanto aventadas em muitos anos anteriores em que este processo tem decorrido. Digamos que estou a "pensar alto" com base na ideia e posição (chamemos assim), que tomou no seu post. Em relação à hipótese de autonomia no quadro de federalização europeia, que propõe, sabendo o que sabemos hoje, creio que isso ainda remeteria a solução do processo para mais longe, além de que, os estadios de afirmação de comunidades e/ou regiões na Europa, são muito diferentes e com reivindicações de afirmação muito diversas. Apesar de que, no caso basco, isso implique mais do que a "negociação" com um só estado.
(ha o caso também doméstico, mas com reivindicações menos "avançadas", uma vez que passa apenas pelo efectivo reconhecimento de uma região, mas que tem, também, um carácter transnacional, que é o caso do noroeste peninsular, norte de Portugal/Galiza.)
abraços.
(tomemos até como exemplo
(desculpem o "tomemos até como exemplo" no fim, que era uma frase lá pelo meio do texto que não foi cortada como devia)
;)
Caro LAM,
no meu espírito -mas talvez me tenha explicado mal -, não se trata de ficar na dependência de Madrid ou de deixar que ela se agrave. Porque me parece claro que - como escrevi em resposta a um comentário do NF -
o referendo no caso basco só poderá resultar de uma reivindicação apresentada ao Estado espanhol, que sempre se tem recusado a considerá-la - tornando o independentismo inconstitucional e incompatível com a participação no parlamento, etc.
Está melhor assim?
A mesma lógica - embora não exactamente os mesmos argumentos - poderá ou, em meu entender, deverá ser usada em relação à UE e ao federalismo. Parece-me que é através do alargamento de campo e não do ensimesmamento que devemos enfrentar os problemas locais. E, apesar de tudo, como se fartou de pregar o Manuel Villaverde Cabral, não estaríamos em condições de luta mais favoráveis à democratização (política, económica, etc.), cá e lá, se, na Europa, em vez da aberração do Tratado de Lisboa tivéssemos em comum uma constituição por má que fosse, um orçamento, instâncias governamentais mais responsabilizáveis e mais claramente identificadas?
Até já…
msp
O nacionalismo basco não tem nada que ver com o "nacionalismo" comunista.
"Comunista não patriótico"? Comunista??? Qual, tipo Defensor de Moura?
Ó rapaz, faz lá um esforço para te levarmos a sério, vê lá se a bota , ao menos uma vez, bate com a perdigota.
anónimo,
a minha concepção do voto, ao contrário da sua, não está viciada pela converseta demo-parlamentar. Eu não voto em representantes. Voto, quando voto (que por acaso tem sido sempre, mas vamos lá ver como é que as coisas correm), procurando jogar o jogo. Nesse sentido, Defensor é o voto mais inócuo de todos os votos que contrariam Cavaco. Os outros votos têm significados políticos que não me interessa alimentar (uns mais do que outros, por certo). quanto ao mais, em vez de perder a vida em comentários aos meus posts, bem que podia ir colar pendões de apoio ao camarada francisco lopes. andor, andor.
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