Já não dá mais para tratar com meias palavras a situação de Cesare Battisti. Infelizmente, desde o momento em que Cesare foi preso ouvimos vários dos seus defensores, tanto no Brasil como na Europa, defenderem uma política do silêncio e pretenderem que as pressões nos corredores seriam mais eficazes do que as pressões públicas. Ainda na véspera de Lula ter tomado a decisão de não extradição algumas dessas pessoas faziam campanha para que os defensores de Cesare se mantivessem em absoluto silêncio, nem sequer prestando declarações a jornalistas, com o perverso argumento de que tudo o que dissessem só estimularia a má vontade do governo italiano. Como se a má vontade do governo italiano pudesse ser estimulada!
E, assim, o alheamento em que os movimentos sociais e os partidos políticos da extrema-esquerda se mantiveram acerca da situação de Cesare Battisti — alheamento que nós, no Passa Palavra, sempre temos criticado, tanto em público como em privado — foi objectivamente estimulado por aqueles que viam nessa atitude uma caução da política do silêncio e das pressões nos bastidores. Mas hoje todos podem entender claramente que a política do silêncio é a política do avestruz.
É necessário alertar a opinião pública de esquerda para a possibilidade, cada dia mais próxima, de um golpe de Estado judicial que coloque Cesare Battisti num avião rumo à Itália antes de a defesa de Cesare ter qualquer possibilidade de reação.
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