Pode ser que Manuel Alegre não seja o candidato de José Sócrates, mas isso não impede que José Sócrates seja o candidato de Manuel Alegre. E, a propósito, não seria desinteressante que o BE dissesse se está disposto a continuar a brincar. Senão leia-se:
Mas à saída do pavilhão, o candidato não escondeu o desagrado quando questionado sobre o facto de ter criticado os cortes nas prestações sociais durante a sua intervenção da noite (“Às vezes dizem que eu defendo a utopia por ser contra os cortes nas prestações sociais”, disse). “Não critiquei José Sócrates. Está a brincar comigo? O senhor está a brincar comigo?”, respondeu, tendo a sua mulher tentado serenar a situação.
O jornalista da SIC lembrou a alusão aos cortes nas prestações sociais e Alegre voltou a responder: “Não. Falei do FMI, daquilo que o FMI iria fazer em Portugal”, disse. “Mas não é a primeira vez que critica as medidas de austeridade do Governo”, insistiu o repórter. “Com certeza. Mas hoje não falei. Hoje falei do FMI. O senhor é que está contra a minha campanha”, disse, num tom irado, ao mesmo tempo que os seus assessores o encaminhavam rapidamente para o automóvel.
Já antes, e em resposta à questão da TVI, que lhe perguntou se precisava da presença de José Sócrates para “provar” o envolvimento do PS na sua campanha, Alegre notou que o comício em Castelo Branco tinha sido “a prova [do envolvimento] não só de José Sócrates, mas também dos milhares de socialistas” que ali estiveram. “Mas precisava desta prova?”, interrogou a repórter da estação televisiva. “Não. Eu não precisava. Os senhores é que talvez precisassem”, afirmou, dizendo depois que as palavras de Sócrates “coincidem” com aquilo que pensa e que os dois discursos (dele e do líder do PS) tiveram “coisas muito parecidas”
14/01/11
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15 comentários:
Não percebi bem o que é que achavas que era interessante o BE fazer neste momento. Importas-te de explicar melhor?
Se Alegre ultrapassar 20$ passo a acreditar em bruxas!
B Aranda,
o que o BE - posição oficial - tem feito neste caso foi, em meu entender, mal feito desde o começo (desde o anúncio a todo o vapor do apoio do BE por FL).
Recentemente, a única coisa incontestável que Cavaco Silva terá dito é que é provável que a crise social e económica abra uma crise política. O que fez Manuel Alegre crispar-se numa defesa da estabilidade política (governamental) a todo o preço, como valor supremo. Ora, o BE que não pode sem absurdo não apostar na crise política - que Cavaco, que a afirma, e Alegre, que tenta esconjurá-la, entendem, com razão de resto, como uma ameaça - evitou cuidadosamente esclarecer que 1) ou retirava o seu apoio a Alegre, ou 2) o mantinha por razões diferentes das até agora invocadas: ter em Belém um contrapoder que obstucalizasse a reciclagem autoritária e contra os direitos sociais visada tanto por Sócrates como por Cavaco e respectivas tropas.
Com efeito, como escrevi aqui há um ou dois dias: "Será possível manter os termos em que o BE, pela voz de Francisco Louçã, responsabilizava há dias o governo de José Sócrates & Cia e, ao mesmo tempo, reiterar o apoio a um candidato — Manuel Alegre — que ora se solidariza com a exigência oligárquica e anti-cívica da estabilidade acima de tudo proclamada pelo mesmo governo, ora se antecipa na sua formulação, a coberto de uma retórica social-patriota que só na de Francisco Lopes encontra termo de comparação?" (http://viasfacto.blogspot.com/2011/01/breve-revisao-da-materia-dada-ah.html).
Isto, no imediato. Para uma análise em que adianto algumas considerações de fundo menos sumárias, ver o meu post "Para o debate sobre o que significa intervir democraticamente nas presidenciais" (http://viasfacto.blogspot.com/2010/09/para-o-debate-sobre-o-que-significa.html)
msp
Miguel,
para o B Aranda você é um sectário incorrigível uma vez que não vê que o voto e Alegre é o voto da mudança...
Abraço
Miguel, neste momento o Bloco já nada pode fazer em relação ao pântano onde se colocou...
Mas ainda vão bem a tempo de fazerem uma auto-crítica e assumirem que houve aqui alguém que se enganou.
Sim, Ricardo. E quem diz o BE diz também outros que, colectiva ou individualmente, apelaram ao apoio à candidatura de Manuel Alegre como a uma batalha heróica contra a situação política e a ofensiva, encabeçada pelo governo, contra garantias cívicas e sociais.
Podem ter-se enganado ou, até, e mais ainda, ter boas razões para sentirem que foram enganados pelo candidato (não seriam os primeiros). O que não é razão para se calarem e/ou persistirem - em nome de quê, agora? - no apoio a um candidato que declara, por exemplo:
"(…) eu admiro a coragem e a determinação com que José Sócrates está a defender a autonomia e a capacidade dos portugueses resolverem por si próprios os seus problemas e terá sempre o meu apoio, ele ou qualquer outro Governo que queira resolver os nossos problemas sem interferências nem ingerências de outros países», afirmou.
Manuel Alegre manifestou ainda a sua satisfação por estar «lado a lado» com José Sócrates no comício".
Quer-me parecer que as próprias razões invocadas para apoiar Alegre não deixam outro caminho que não seja o da oposição clara e honesta a estas suas tomadas de posição. Masisto sou eu que não passo de um velho democrata libertário a quem as intrigas de palácio da oligarquia só interessam na medida em que o seu conhecimento possa ajudar à substituição do seu teatro (o palácio) pela supremacia da praça da palavra como base do autogoverno dos iguais…
Ricardo, a Direcção do BE vai encontrar bodes expiatórios para a derrota anunciada da sua estratégia e do candidato que apoia. Grande parte (ou a exclusividade?), deles, internamente...mas nunca fará uma autocrítica. Como agirá com eles, com os membros das facções minoritárias, de que falava FL aquando do apoio extemporâneo e sem condições a Alegre, irá depender de alguns factores externos,nomeadamente de haver ou não eleições antecipadas e internos, de quando será a próxima Convenção do Partido em relação a elas.
E isto nada tem de futurologia...apenas de algum conhecimento de causa.
E há, no Bloco, quem nunca se engane, acredita...
Miguel, touchée!
O meu anterior comentário é, reconheço, feito com base no que chamas as intrigas do palácio.
Só não me assusto muito porque aoho que ainda tem cura...
Sigo a campanha mais ou menos atentamente... De qualquer forma, de forma bastante mais atenta do que a média dos portugueses, como deves imaginar.
Dito isto, parece-me que o discurso do Manuel Alegre e dos seus apoiantes está muito longe de ser no essencial uma ode à estabilidade política. (tem piada que ainda hoje li no Correio da manhã um comentador dizer que Alegre só falava do BPN. Pelos vistos cada cabeça....)
Estamos em plena campanha eleitoral e neste contexto seria um erro não responder à cartada do candidato da direita que, com o Presidente do PSD ao lado, insinuou que é preciso dissolver o parlamento.
Anónimo: Não tenho nada a ideia que o Miguel seja sectário, antes pelo contrário, aliás.
Fazer comentários políticos com base em fantasias auto-elaboradas dá quase sempre asneira
"Dito isto, parece-me que o discurso do Manuel Alegre e dos seus apoiantes está muito longe de ser no essencial uma ode à estabilidade política. (tem piada que ainda hoje li no Correio da manhã um comentador dizer que Alegre só falava do BPN. Pelos vistos cada cabeça....)"
Bernardino, o Alegre é assim mesmo como bom oportunista dá para parecer as duas coisas. Ouviste ontem o seu comicio?
Não falas nada sobre isso...revelador.
mas já ninguém se lembra que o alegre saiu em apoio ao sócrates aqui há uns tempos, num comício qualquer em que foi dizer que o eng. de fim-de-semana era de esquerda?
(estou com preguiça de procurar e tb. não acho importante: estão bem um para o outro)
Olha que o bernardino vem já aí dizer que és uma sectária...
Isabel,
fica lá com o cachimbo de paz, embora não tenhamos estado propriamente em guerra, desta citação da Rosa que hoje ou ontem o Passa Palavra (http://passapalavra.info/) repescou: "Não estamos perdidos se não tivermos desaprendido de aprender".
Abrç
msp
Bernardino Aranda,
este jogo das escondidas da estabilidade e das acusações de desestabilização entre os candidatos não é lá muito próprio para a minha idade. Lembrou-me a cantilena com que, no meu tempo, se tirava à sorte quem se ia esconder e quem ia apanhar os que se escondiam:
Os candidatos a correr
E a malta para aqui a ver
Qual será o mais estável
Que nos quer comer?
Também não o acho sectário, mas receio que esteja a idealizar contando como triunfos da sua barricada as burricadas de um Alegre atrelado à carroça de Sócrates.
msp
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