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13/03/11

Só para pôr as coisas em perspectiva: a Helena Matos será formada em astrofísica ou assim?

Há uma suficiência tipicamente portuguesa assim como há uma incultura tipicamente portuguesa.
Andam quase sempre de mão dada, como bem topou o Jorge de Sena já lá vão, portanto, uns aninhos.
Mais recentemente, o episódio Leopoldina protagonizado por Miguel Sousa Tavares comprova bem o quanto as moscas mudaram mas a merda nem por isso.
Para manter a lista actualizada, temos agora a intrépida Helena Matos a vociferar contra “Os filhos de Boaventura e @ gauche-caus@-modalisboa-lux” (título que, como a própria diria, é todo um programa).
Se não fosse Helena... Helena, eu diria: é de homem!
Porque se também eu me espantei com a formação académica de um dos organizadores do protesto “Geração à Rasca” (licenciado em Relações Internacionais com mestrado em Estudos sobre Paz e Conflitos em África...), nunca por nunca ousaria enfrentar com tanta coragem e músculo as hordas de sociólogos que ontem saíram à rua.
Já agora, e sem querer entrar na polémica (deus me livre de polémicas!) sobre as “duas culturas” (Letras versus Ciências), perguntava, dado o patente desprezo de Helena pela sociologia e/ou relações internacionais (está mais do que no seu direito...): a senhora é formada em quê?
Engenharia aeroespacial? Econometria? Nanociência? Ou, quiçá, em "Medicina Quântica"?

26/02/11

As pessoas decentes deviam emigrar* [excepto os porcos nas casas celtiberas perseguidos pela ASAE, mudou o quê?]

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada.
Não, nem é ditosa porque o não merece,
nem minha amada, porque é só madrasta
nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de ter nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
Quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela
Saudosamente nela,
Mas amigos são por serem meus amigos
e mais nada.
Torpe dejecto de romano império,
Babugem de invasões,
Salsujem porca de esgoto atlântico,
Irrisória face de lama, de cobiça e de vileza,
De mesquinhez, de fátua ignorância.
Terra de escravos, de cú para o ar,
Ouvindo ranger no nevoeiro a nau do Encoberto.
Terra de funcionários e de prostitutas,
Devotos todos do Milagre,
Castos nas horas vagas, de doença oculta.
Terra de heróis a peso de ouro e sangue,
E santos com balcão de secos e molhados,
No fundo da virtude.
Terra triste à luz do Sol caiada,
Arrebicada, pulha,
Cheia de afáveis para os estrangeiros,
Que deixam moedas e transportam pulgas
(Oh!, pulgas lusitanas!) pela Europa.
Terra de monumentos
em que o povo assina a merda
o seu anonimato.
Terra-museu em que se vive ainda
com porcos pela rua em casas celtiberas.
Terra de poetas tão sentimentais
Que o cheiro de um sovaco os põe em transe.
Terra de pedras esburgadas,
Secas como esses sentimentos
De oito séculos de roubos e patrões,
Barões ou condes.
Oh! Terra de ninguém, ninguém, ninguém!
Eu te pertenço.
És cabra! És badalhoca!
És mais que cachorra pelo cio!
És peste e fome, e guerra e dor de coração!
Eu te pertenço!
Mas seres minha, não!
Jorge de Sena

* a propósito da "polémica" sobre a "geração parva" e de certos comentários, como por exemplo este, que provam à saciedade que há uma estupidez especificamente portuguesa (e eu nem acho graça à música)