A respeito da suspensão do parlamento.
Há umas pessoas que dizem "a rainha não teve nada a ver com isto, ela tem que fazer tudo o que o primeiro-ministro peça", e agora o argumento jurídico para revogar a suspensão do parlamento é dizer que Johnson mentiu à rainha (que, pelos vistos, não lê jornais e não sabia que há uns 8 meses que se fala em suspender o parlamento para este não interferir com o Brexit).
Atendendo ao que se sabe sobre os poderes efetivos da família real (em que nenhum medida do governo que os possa afetar minimamente é tomada sem antes a rainha e o principe de Gales se pronunciarem), quase que aposto que antes da suspensão ter sido anunciada oficialmente, terá havido (não necessariamente em pessoa, pode ter sido via emissários) uma conversa deste tipo entre Boris Johnson e a rainha:
Johnson - "Sua Majestade sentiria-se incomodada se lhe fosse apresentada uma proposta para suspender o parlamento, num período significativamente superior ao habitual?"
Rainha - "A interpretação do Palácio é que a prorrogação do parlamento, incluindo datas e prazos, é tradicionalmente vista como um assunto sujeito à discrição do primeiro-ministro" [tradução - "podes suspender o parlamento que não me importo"]
E após a conversa a rainha terá provavelmente ficada a pensar "Finalmente! Todo o meu reinado sonhei com este dia - assinar um decreto suspendendo um parlamento incómodo, como os meus antepassados fariam nos velhos tempos, sem sequer precisarem do conselho de um primeiro-ministro; pronto, já tinha havido aquela situação na colónia penal, quando o meu representante demitiu um governo e nomeou outro, mas isso foi do outro lado do mundo e foi da iniciativa do meu representante, não minha, pelo que não deu tanto entusiasmo; e houve também aquilo na ilha dos piratas, mas isso nem se consegue ver no mapa".
12/09/19
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