15/02/16

Voo picado

A "recuperação" da maioria do capital da TAP - e da sua gestão, recorde-se - não foi uma trapalhada pequena. Apesar do aplauso veemente do realizador António-Pedro de Vasconcelos, e das explicações atabalhoadas do nóvel ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, quase ninguém acha que o Governo tenha feito aquilo com que se comprometera. Antes pelo contrário. Percebemos todos que o Governo recebeu uns pretensos 50% da empresa a troco de menos de 2 milhões de euros, contra duas condições: Não fica a mandar nada na empresa e, quando ela lucrar recebe menos de vinte por cento dos dividendos; autorizou os compradores a arranjar dinheiro onde ele ainda abunda: na China. Ficámos todos  a saber - os que ainda duvidavam .- que Passos e Portas venderam a TAP - quando já não tinham legitimidade política para o fazer - a dois empresários que não tinham dinheiro para revitalizar a empresa. Dinheiro que agora aparece por força destes investidores chineses, que entraram, dissimuladamente, à boleia da "intransigência" do Governo na devolução da TAP ao País.
Compreende-se por isso que Passos e Portas estejam horrorizados. Negócios com os comunistas chineses, nunca, afirmam em uníssono. Negócios com quem espezinha os direitos humanos, "jamais". Portas nunca se esquece de Tiananmen, e de rezar, quinzenalmente, pelas vitimas da barbárie comunista. Vai mesmo fazer uma campanha internacional para denunciar a submissão de Portugal ao capital-comunista chinês. Financiada pela EDP, pela REN, pela Fidelidade e pela Espirito Santo Saúde. Vai convidar Catroga para ser o "curador" da campanha.

3 comentários:

José Monteiro disse...

Foi noticiado, pelo menos eu li e reli há poucos dias, que a entrada dos chineses aconteceu ainda no tempo do governo anterior.

Com isto não quero de modo algum retirar ênfase à situação denunciada, designadamente com a frase, que subscrevo inteiramente: "A "recuperação" da maioria do capital da TAP - e da sua gestão, recorde-se - não foi uma trapalhada pequena."

Anónimo disse...

A politica tradicional entrou em agonia, desde que o Syriza se acomodou no último Verão sob a ameaça de um diktat de Schaüble, o todo poderoso ministro das Finanças de Ângela Merkel. Este é um dos leitmotiv mais fortes de um texto subscrito por Eric Hazan, fundador das Éditions La Fabrique, e Julien Coupat no matutino pariseense Libération de ontem. Trata-se de um texto luminoso e preclaro contra as terriveis ilusões do " circo eleitoral " que se insinuam na actualidade não só na classe politica francesa como sobretudo na europeia à esquerda do PS(`s)...Os autores, a que já se juntou o filósofo Jean-Luc Nancy, citam Kafka com desassombro: " Um mundo de mentiras não pode ser destruido pela verdade, somente por um mundo de verdade, melhor, por um mundo de verdades ".Niet

Anónimo disse...

Existiu confusão nas datas sobre os textos contra a politica tradicional,publicados pelo matutino Libération., que anunciei. O artigo de Hazan e Coupat saiu a 24 de Janeiro pp. E a resposta do J-L.Nancy é do dia 11 do corrente mês.A situação politica portuguesa não é comparável à francesa,mas tem inúmeros pontos de contacto. Assim como as alternativas ao governo do PP espanhol que se perfilam em Espanha agora, podem vir a assegurar o modelo de coabitação dos socialistas com o Podemos. A situação económica e politica italiana é também muito complicada, e ninguém se arrisca a vaticinar o que quer que seja. Claro, os Média portugueses tentam ignorar todas estas questões, seja a que nivel for.O que se sabe, no entanto, é que a "solução" Costa de acordo parlamentar com o PCP, o Bloco e os Verdes foi muito bem recebida em Itália pelo governo Renzi, que tem secundado as pretensões portuguesas face às " correcções " alvitradas pelo Eurogrupo. Niet