“O euro e a União Europeia hoje não são uma solução para o país. São um problema, não para Portugal, mas para todos os países. Mas isso não quer dizer que não resida na Europa uma solução de futuro para todos os países. Não nos enganemos, o tempo não volta para trás, não vamos ser nações isoladas. Agora é preciso dizer que a construção europeia, tal como ela foi feita, não serve.”
“Acho que, neste momento, não ganhamos em achar que as soluções para todos os países são referendos que podem pôr em campos opostos soluções que são todas más. Este é momento de a política assumir responsabilidades e fazer propostas sobre alternativa de construção.”
Catarina Martins
26/06/16
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3 comentários:
Ola Pedro,
Isto era a pergunta no teste de português do 12° ano ? Ora bem, eu acho que são declarações tendencialmente anti-Euro (ou pelo menos anti aplicação do Euro em Portugal) e também, tendencialmente, anti União Europeia (no que diz respeito a Portugal).
Agora, em rigor, em rigor, não são anti-europeias. Repara que também não são anti-americanas, nem anti-asiaticas, nem anti-africanas nem anti-oceanicas...
Outro assunto, ja mais politico : dizer que ha problemas no Euro e na União europeia não parece incompativel com a defesa de um ou da outra. Em contrapartida, dizer que não ha soluções que possam vir dai implica ja uma postura essencialmente critica.
Quantos pontos ganhei ?
Abraço
Olá João,
O meu post vem na sequência duma conversa que ocorreu nos comentários do post mais recente do Miguel Madeira. E pretende chamar a atenção para a necessidade de rigor no que é dito sobre a Europa, ou política europeia, evitando pelo caminho cair num maniqueismo (que identifica União Europeia com o espaço europeu nas suas múltiplas vertentes, em particular a política) que, para além de dar uma visão distorcida da realidade, apenas beneficiará a direita, quer neoliberal (pró) quer nacionalista (anti).
Quanto às declarações da Catarina Martins, estas não são "tendencialmente" anti-Euro e anti-União Europeia. São mesmo anti-Euro e anti-União Europeia! Mas, há um detalhe muito importante nas declarações: a palavra "hoje". Hoje, no presente, quem quer que seja de Esquerda (atrevo-me a dizer), não pode concordar com o que implica o Euro e o como se comporta a União Europeia. Mas, a Catarina Martins, de vários modos, num curto parágrafo, esforça-se claramente em vincar que (mesmo assim) defende a cooperação europeia, inclusive no seio duma união monetária, e em geral no quadro da União Europeia. Ou seja, segundo ela nem o Euro nem a União Europeia necessitam de ser desmantelados, de modo a que "outra Europa" seja possível. Mas as regras segundos as quais o Euro e a União Europeia funcionam têm de mudar, muito substancialmente. Isto é o que considero uma posição pró-europeia (bem diferente da posição da direita nacionalista), anti-Euro e anti-UE tal como se apresentam hoje (bem diferente da posição da direita neoliberal), pró-Euro e pró-UE no que respeita ao que podem vir a ser (bem diferente da direita no geral).
Como já mencionei no post que escrevi sobre Capitalismo, Estado e Nação, não partilho do "optimismo" da Catarina Martins no que diz respeito ao que o Euro e a UE podem vir a ser. Mas, isso não quer dizer que defenda a saída de Portugal do Euro ou da União Europeia. Mais que não seja, e dum ponto de vista de certo modo egoísta, porque esses passos não só trariam mais miséria a muitos dos habitantes desta região europeia, como também pouco impacto teriam numa (des/re-)construção europeia. O ritmo a que esta ocorrerá vai ser determinado principalmente pelo que acontecerá em Espanha, França e Itália no curto/médio prazo, e na Alemanha a médio/longo prazo.
Abraço,
Pedro
Caros,
uma coisa é dizer que a UE e a sua moeda são governada por uma política oligárquica e antipopular, que, mais do que um problema para o país, é uma necessidade urgente —— para a grande maioria dos cidadãos comuns de toda a Europa — combater através de formas de luta e acção alternativas, capazes de abrir caminho à democratização das instituições e das actuais relações de poder; outra coisa, muito diferente e muito mais disparatada, é dizer que será através do desmantelamento da UE e da recuperação por cada Estado-membro dessa coisa que dá pelo nome de "independência nacional" que a grande maioria dos cidadãos comuns deste país verão os seus problemas resolvidos por não se sabe que artes de não se sabe que esclarecidos grandes dirigentes.
Abraços demo-cosmpolitas e republicano-libertários
miguel(sp)
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