02/11/18

Sérgio Moro e outros ministros

Helena Matos parece achar que a nomeação de Sérgio Moro por Bolsonaro é equivalente à nomeação de um juiz da Audiencia Nacional (creio que o Supremo lá do sítio) para o governo espanhol.

Mas há uma diferença, pelo que vejo - o Moro está conotado com um processo judicial que objetivamente terá contribuído para a vitória de Bolsonaro (podendo levantar questões do tipo "a mulher de César...", a respeito da sua isenção nesse processo - toda a polémica com a nomeação do Moro anda à volta disso); já o Grande-Marlaska (de quem eu nunca tinha ouvido falar) não parece (pelo menos pelo que diz no artigo que Helena Matos linka) estar associado a processos relevantes (pelo menos relevantes ao ponto de serem referidos no perfil) que tenham beneficiado o PSOE (os processos relevantes dele parecem ter sido em casos contra a ETA, o que, no momento atual - em que o PSOE está aliado aos separatistas - até contaria como processos desfavoráveis ao atual governo).

4 comentários:

António disse...

Não leio a Dona Helena, desde logo porque me poupo a jornais de extrema-direita.
Mas se lhe pudesse responder, dir-lhe-ia: "Se isto é um juiz...:
E já agora, tanto quanto sei, Marlaska é do MP (Fiscalia, lá). O que faz a sua diferença, em termos de independência e imparcialidade. Mas, como é timbre de gente daquela, a mentira tantas vezes dita alguma vez há-de pegar…

Anónimo disse...

Professor gaúcho de Ciências Políticas Fernando L. Schüler:

– Sérgio Moro sempre deixou claro que a pauta de combate à corrupção demandava decisões que cabiam ao sistema político tomar. Pautas que iam muito além da capacidade de ação do Poder Judiciário. Ele agora terá essa oportunidade. O desafio que ele tem pela frente é enorme. Sua pasta tratará do tema do combate à corrupção, da transparência e de toda a temática da segurança pública e do combate ao crime organizado. Tudo isso numa época de polarização política e de uma nova elite política com pouca experiência de governo. De qualquer modo, acho que ele tomou uma grande decisão. É um homem corajoso, que aceita os riscos próprios do mundo da política. E é um patrimônio brasileiro, no contexto internacional, que funcionará como um enorme ativo para o governo Bolsonaro. Por fim, funciona como um fiador a mais da ordem constitucional e da sociedade de direitos.

joão viegas disse...

Ola,

A aceitação do cargo por Moro so acredita as suspeitas de parcialidade levantadas publicamente por muita gente desde ha muito. Como magistrado, o homem tinha a obrigação de saber isso. E nem vale a pena mencionar as obvias reticências que qualquer democrata, e alias qualquer pessoa que preze o Estado de direito, deve ter perante um convite desses, vindo de quem vem.

Continuo a acreditar que a operação Lavajato foi uma boa coisa e que muito do que foi revelado corresponde, infelizmente, à mais crua realidade, realidade que o PT e os outros partidos pagaram caro nesta eleição.

Agora a aceitação do cargo pelo juiz Moro parece-me, no melhor dos casos, uma ingenuidade parva completamente inaceitavel, no pior, a confissão de que o juiz tinha uma agenda escondida incompativel com o seu ministério.

Mais uma triste noticia sobre a triste situação do Brasil...

Abraços

Anónimo disse...

O juiz federal Sérgio Moro enviou uma mensagem aos colegas da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) na última sexta-feira (2) em que revela ter se inspirado no juiz italiano Giovanni Falcone, da "Operação Mãos Limpas", para aceitar o convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para assumir a Ministério da Justiça no novo governo. As informações são do jornal "Folha de S. Paulo".

Moro também pede aos colegas para que "continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça)". Ele também afirmou que a decisão de ter deixado a magistratura foi "muito difícil".