11/06/20

"E Tudo o Vento Levou"

A censura imaginária a "E tudo o vento levou" - uma entre o zilião de empresas que alugam e/ou vendem filmes deixou de o ter em catálogo (se querem um filme - ambientado no mesmo tempo e local - que consta que é mesmo quase impossível de arranjar, faria mais sentido falarem de "censura" a propósito de A Canção do Sul, p.ex.).

A censura real a "E tudo o vento levou" - um filme que era para ter entrado no domínio público em 2014 (75 anos após ter sido feito), o que significaria que qualquer pessoa poderia fazer cópias dele, exibi-lo quando e como quisesse, etc [não é que já não se possa...], continua a estar coberto por direitos de autor devido a alterações retroativas da lei dos direitos de autor (e aí nem vale o argumento que prolongar os direitos de autor incentiva os criadores - isso não funciona para obras que já foram feitas).

1 comentários:

João Vasco disse...

A ironia é que a legislação que configura a "censura real" é tão completa e inequivocamente má, que a noção de que deve acabar nem sequer é polémica. E como não é polémica, acaba por se tornar, no contexto da dinâmica das redes sociais, desinteressante. Ninguém quer saber, porque ninguém vai ficar furioso caso tu defendas a posição de que deve acabar.

Não importa que seja milhões de vezes mais consequente na forma como limita o acesso à cultura, arte ou entretenimento que as decisões da gestão de tipo da HBO, o que importa é que como não vai enfurecer nenhum anti-racista ou vice versa, não vai gerar discussões acesas e toda a gente vai achar o assunto "chato".

É desta forma que têm sido roubadas as pessoas: enquanto esquerda e direita estão entretidas aos berros nas causas que as dividem, pode roubar-se toda a gente sob o manto de legislação com terminologia complexa e enfadonha. Podem usar-se tribunais privados para julgar estados, podem fazer-se trinta por uma linha, que as pessoas vão estar aos berros umas com as outras entretidas naquilo que é menos consequente, mas mais simples e polémico.

Ainda me lembro que enquanto o CETA estava a ser aprovado na Assembleia da República, o país estava parado a discutir um jantar no Panteão Nacional.