23/07/14

Blockupy



Blockupy nasceu para responder às especificidades e desafios presentes na situação social e política alemã. Defende a solidariedade sem fronteiras, e a construção participativa da democracia, inclusive à escala europeia. Recentemente, Corinna Genschel descreveu as razões que levaram à constituição deste movimento, bem como a sua estratégia e objectivos (em inglês):

"No entanto, Blockupy é mais do que um protesto necessário nos centros de poder. O que resultou de um duplo dilema para as forças emancipatórias alemães (como lidar politicamente com o "papel alemão" na crise europeia e como mobilizar em torno da questão) tornou-se ao longo destes três anos num meio para realinhar a esquerda na Alemanha, num ponto de encontro potencial para essas forças, ainda uma minoria, que se opõem à "grande coligação" política e social. Igualmente importante, devido ao seu caráter, Blockupy também se tornou parte do processo de reconstrução dum movimento e estratégia comum a nível europeu - um espaço onde articular o inevitável desencontro de conflitos sociais e lutas numa Europa em crise, trabalhar em comum e discutir as diferenças e práticas, particularmente nas ruas. Tornou-se um novo espaço na Europa, contra a Europa actual e para uma Europa construída por todos.

  (...)

O segundo dilema diz respeito à questão da nacionalidade e trans-nacionalidade: o reconhecimento de que para lutar contra a classe mundial e caráter capitalista da crise e das suas soluções, as nossas lutas e movimentos precisam de ser simultaneamente nacionais e trans-nacionais. No entanto, dada a articulação desigual e hierárquica da crise na Europa, e a consequente desigualdade das lutas sociais em toda a Europa (e de fato em todo o mundo), este é um desafio. Como podemos formar movimentos trans-nacionais e construir alternativas, enquanto as condições forem tão diversas para a luta, para a construção de novas alianças entre sociedades, para a reconstrução de alternativas, e para encontrar diferentes pontos nodais de conflito?

(...)

Os últimos anos têm demonstrado que a Europa em crise também é um campo no qual podemos desenvolver novas estratégias de enfrentamento contra a reestruturação capitalista da Europa e da democracia - e, potencialmente, de reconstituição de espaços sociais alternativos que vão além do nacional. No entanto, isso está longe de ser poderoso no sentido real da palavra. Portanto, cabe-nos expandir para outras redes organizadas, alianças europeias e processos de base, bem como para mais regiões europeias (especialmente para a Europa Oriental), aprofundando politicamente este processo e encontrando os pontos nodais para efetivamente enfrentar a crise europeia e a consolidação dum modelo de governação económica neoliberal. Parece claro que, enquanto eles querem capitalismo sem democracia e continuarão intensamente a trabalhar nesse sentido, nós, no entanto, queremos democracia sem capitalismo."

1 comentários:

António Geraldo Dias disse...

"Queremos democracia sem capitalismo" belíssima fórmula para nos livrarmos de uma burguesia falida que arrasta consigo a democracia numa luta que mais tarde ou mais cedo levará à morte de um ou de outro.