16/04/16

Opções de mérito duvidoso.

O BE quer acabar com o cartão de cidadão substituindo-o pelo cartão da cidadania. Ainda bem que o BE tem tantos deputados e tantos assessores, só assim pode avançar com medidas como esta, que toda a gente percebe que contribui para qualificar a democracia. Medidas que exigiram reflexão e preparação, tempo muito bem empregue, certamente. Pode ser que tenham um bocado de tempo livre, deste tipo de causas fracturantes, e possam meter mãos à tarefa de propor, por exemplo, uma mudança urgente no sistema de contratação pública. A começar por uma moratória nos ajustes directos, ou uma significativa redução dos valores pelos quais podem ser celebrados. Uma proposta assim pode levar um a dois dias a preparar, não será muito. Uma proposta que só pecará por tardia, já que a corrupção e o tráfigo de influências, à volta do aparelho de Estado,  alimentam-se à bruta deste poder para decidir em cada momento quem faz o quê, apenas porque queremos, isto é, apenas porque temos poder para assim determinar. Corrupção e Tráfigo de Influências que estão habituados a coexistir com o aparelho de estado mesmo quando os seus titulares trocam de cartão... partidário.

12 comentários:

David da Bernarda disse...

Apoiado. Já que estamos a dar a nossa contribuição a esse alegre partido chamado BE, proponho que seja proibido o financiamento empresarial, e de pessoas colectivas, aos partidos políticos pois é uma das fontes determinantes da corrupção política no nosso tempo. Reformismo por reformismo que pelo menos seja sério...

Miguel Serras Pereira disse...

Na mouche, meu caro. Idem, para o comentário do David da Bernarda, também.
Abraço

miguel(sp)

Fernando Lacerda disse...

José Guinot, penso que o BE está aberto a que apresentem propostas sobre os variados assunto para discussão no GP. Será um dever de cidadania de sua parte, fazê-lo. Mãos à obra!

Diogo disse...

Absolutamente de acordo! E não esquecer a revisão completa de todas as PPPS.

José Guinote disse...

Fernando Lacerda, pensa ou tem a certeza? A mim pareceu-me que o seu comentário pretende apenas questionar a legitimidade para alguém exercer o seu direito à critica - tenha ela sentido ou não, seja justa ou injusta - a menos que cumpra previamente o "dever de cidadania", como lhe entendeu chamar. Pareceu-me, mas não tenho a certeza.

Anónimo disse...

Desculpem lá, o meu jeito. Mas estamos a marchar sobre ovos...sem serem cativos. Ora, urge ultrapassar os diferendos ideológicos menores e apontar para o futuro... do processo revolucionário. O que está em causa.portanto:" Não podemos esperar do jornalismo com pretensões intelectuais outra coisa senão o pior, isto é,a superficialidade e o seu processo, a simplificação grosseira, a mentira por omissão e por selecção e o servilismo perante os valores da hora... ". Niet

Anónimo disse...

José Guinot, registo que não tem a certeza. Só sugeri, sem querer deslegitimar seja o que for, que apresente ao BE as sua propostas. Estou convencido de que não serão ignoradas. Não será o primeiro a fazê-lo. Aqui não tenho dúvidas. Como vê, não há motivo para crispação.

Anónimo disse...

A citação entre aspas do meu comment pertence a uma entrevista de J. Bouveresse à antiga revista Agone. Bouveresse é um electron libre de imensa qualidade no espaço cultural francês, cultor eximio de Wittengstein e da Escola de Filosofia de Viena. Fica a rectificação, portanto. Niet

Sérgio Pinto disse...

E' sempre bom ver auto-proclamados esquerdistas a adoptar o mesmo tipo de argumentacao utilizado por partidos conservadores, quando instados a comentar medidas que expandem direitos sociais que promovem a inclusao e a igualdade. Casamento e adopcao por homossexuais era, tambem, uma perda de tempo e um assunto que apenas serve para distrair sobre os "reais problemas do pais". "Causas fracturantes", sem nenhuma utilidade, pois claro.

De resto, sobre isto, o texto de Francisco Louca expoe de forma brilhante o ridiculo a que estes criticos se decidiram expor: http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2016/04/22/cuidado-a-civilizacao-esta-ameacado/. Com Henriques Raposos, Camilos Lourencos, Nunos Melos, e Joses Milhazes, estao certamente em boa companhia.

José Guinote disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Guinote disse...

Sérgio Pinto, embora o seu texto seja particularmente confuso e cheio de classificações e acusações mais ou menos generalizadas/apatetadas não me parece que isso se deva a ter dificuldade em compreender as coisas que lê. Antes pelo contrário: parece que sabe ler muito bem. Só isso o leva a ignorar aquilo que lhe convêm.

Miguel Serras Pereira disse...

Sérgio Pinto,
já agora, se quiser, podem embrulhar o seguinte:
O texto de F. Louçã que refere caracteriza-se por uma argumentação jesuítica e uns quantos malabarismos que denunciam o mal-estar que o seu autor sente por se ver na contingência de defender uma causa que, de facto, não lhe parece convincente q.b.
Para o demonstrar — sem entrar num registo tão maçador como o dos seus (de Sergio Pinto) comentários — será suficiente considerar o ponto em que FL afirma que, sendo embora legítimo, dizer "crianças", porque "crianços" não existe, para designar jovens indivíduos dos dois sexos, já será machismo dizer "cidadãos" ou "alunos" para designar os alunos e alunas de uma cadeira os cidadãos e cidadãs de uma assembleia, uma vez que a palavra "alunas" e "cidadãs" também existe. O problema é que, pela mesma lógica, ninguém mais poderia perguntar sem incorrer em incorrecção sexista: "Gostas de cães?", ou dizer: "Esta noite, os gatos fizeram tanto barulho no telhado que não me deixaram dormir" — a menos que estejam apenas em causa os machos das duas variedades animais. Do mesmo modo, será sexualmente condenável dizer: "Os meus vizinhos são incríveis" para formular um juízo sobre o casal que vive no andar de cima. Etc., etc.
Há ainda a questão que Louçã e muitos dos aficionados da correcção de género esquivam com pertinácia e que se pode resumir na pergunta: "Qual é o antónimo de machista?" Não me parece, por motivos óbvios, que "feminista" sirva. Mas não haverá discriminação no facto de o referido termo pejorativo não ter antónimo?
Enfim, quando começamos a desenrolá-la, damo-nos conta de que a meada não tem fim. Mas por aqui me fico, pois creio que já será tarefa esgotante para si, Sérgio Pinto, embrulhar a presente amostra.

miguel(sp)