10/08/16

O Galpismo e a ética politica.

Desde que eclodiu o escândalo da participação dos Secretários de Estado na operação de "apoio público à selecção nacional  de Futebol" que em França perseguia o título europeu, que se sabia terem tido os Secretários outras ilustres companhias. O presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, e o seu colega de Santiago do Cacém, o independente* eleito pela CDU, Álvaro Beijinha, foi agora divulgado, participaram também na mesma operação de apoio público, na criativa formulação de Augusto Santos Silva, o bombeiro de serviço para apagar/conter os efeitos deste pequeno incêndio estival. No caso de Sines, além do Presidente terá viajado o vice-presidente, e Presidente da Concelhia do PS (?), Fernando Ramos.
Como se sabe, a GALP não é uma instituição de solidariedade social. Trata-se da mais poderosa empresa a operar em território nacional. Como se sabe, a actividade da GALP colide com questões muito sensíveis relacionadas com o ambiente, o direito à saúde, o direito ao bem estar, os direitos constitucionais dos cidadãos residentes nas áreas afectadas pela sua actividade.
Politicamente mexe com a questão da memória e do esquecimento, na formulação de Milan Kundera. A GALP promove o "esquecimento activo" para manter o seu poder intacto, inatacável.  Como se sabe a GALP não "convocou" para a operação de apoio público à selecção nacional os autarcas de Freixo de Espada à Cinta, ou de nenhures. Escolheu os autarcas cujos concelhos são afectados positivamente, e negativamente, pela presença da refinaria da empresa e pela sua operação. A parte negativa da afectação é o problema ambiental na área de Sines. Um não problema para a generalidade do País, incluindo a classe jornalística, e para toda a classe politica. Uma velha luta da GALP contra aqueles que ao nível local exigem que a empresa respeite os valores ambientais e que protestam contra os elevados níveis de poluição. Luta sempre vitoriosa por parte da empresa. Os programas de "esquecimento activo" nos quais se inscreve esta criativa operação de "apoio público" aos nossos heróis, têm sido um sucesso.
A GALP não perde uma oportunidade para mostrar que todos não somos de mais para apoiar a nossa selecção, e, muito menos, para promover o esquecimento e obnubilar a memória. Será que se pode falar de ética (aqui e aqui) quando não há memória?

* - erradamente referido inicialmente como sendo militante do PCP.

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