A zona central de Itália é uma zona com uma elevada sismicidade. Por outro lado muitas das localidades que aqui se localizam são muito antigas, com vários séculos de existência. Estes dois factos são conhecidos das autoridades. Há abundante investigação cientifica sobre a sismicidade da zona e muito e bom trabalho feito sobre as características do edificado e sobre as formas de reabilitar sismicamente as estruturas antigas. Provavelmente Itália será um dos países em que mais se sabe sobre esta questão.
Na questão dos sismos em Itália, como em Portugal, a cultura dominante é ainda a de enterrar os mortos e ajudar os vivos. Uma cultura de "protecção civil" que coloca as populações à mercê das forças da natureza. Por isso o primeiro-ministro Matteo Renzi veio lançar 50 milhões sobre a morte, a dor e a destruição, que fustigam as populações. Outro galo cantaria se tivesse, ele e os que o antecederam, utilizado uma parte desse dinheiro para promover a reparação e o reforço das edificações mais vulneráveis, aquelas que além das obras de fachada, boas para o turismo, necessitavam de obras de reforço estrutural e de reforço da sua capacidade resistente aos sismos.
É sempre a mesma história. Neste caso morreram quase três centenas de pessoas num país que é a terceira economia da zona euro. Centenas que, em grande parte, se teriam salvo se esse Pais utilizasse o conhecimento disponível e o dinheiro de que dispõe para preventivamente reforçar as construções.
Os italianos sabem muito sobre esta magna questão. Por cá seguimos pelo mesmo caminho, rumo ao primeiro sismo que venha colocar a nu a nossa incúria e o desprezo que nutrem os nossos governantes pela vida de todos nós. A pretexto de uma simplificação da reabilitação urbana o anterior Governo fez publicar o Decreto-lei nº 53/2014 que isenta os projectos de reabilitação da verificação do comportamento sismíco dos edificios reabilitados. O novo Governo ainda não teve vagar para olhar para isto e para mudar esta pouca-vergonha. Uma coisa é certa: se acontecer algo semelhante ao que se passou em Itália, aparecerão 50 ou mais milhões para ajudar as vitimas e a reconstrução daquilo que tiver sido destruído. A solidariedade dos nossos governantes é infinita e mede-se em milhões ...pós mortem
Fica aqui um link para um texto sobre esta questão. Actual, infelizmente.
27/08/16
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