07/10/19

A nova relação de forças à esquerda

O Partido Socialista, como se sabia, ganhou as eleições sem maioria absoluta. Nem com o PAN e o Livre o conseguirá.[o PAN no entusiasmo da noite eleitoral, quando se falava da eleição de 8 deputados mostrou "disponibilidade" para integrar uma maioria].

O PS, cujo resultado em número de votos fica muito longe das eleições realizadas entre 1995 e 2009, período no qual o partido teve sempre mais do que 2 milhões de votos e conquistou uma maioria absoluta (2005, com José Sócrates), somou 139 mil votos aos que conquistara em 2015. Este pequeno acréscimo de votos rendeu-lhe mais 20 deputados. Coisas do método de Hondt.

A CDU perdeu 116863 votos. A debacle da CDU justifica, quase por si só, o resultado do PS. Menos 5 deputados e o pior resultado da CDU na história da democracia. O BE, não tem razões para festejar. Perdeu 58405 votos, mais de 10% da sua expressão eleitoral anterior, que poderá encontrar nos votos do Livre e no acréscimo do PS que não se deve à erosão da CDU. A desejada reconfiguração à esquerda ficou mais uma vez adiada. O PS consolida a sua posição. O BE e a CDU no seu conjunto recuam para a fasquia dos 16%.

A Geringonça sai de cena. O equívoco da não participação no anterior Governo - numa altura em que essa negociação/escolha era possível face à fragilidade da posição dos socialistas - levou à situação actual. O cenário de 2015 não se repetirá tão cedo. A CDU precisa de se renovar se é que isso é possível.

O PS irá assegurar a governação ao centro. A esquerda parlamentar irá apoiar caso a caso, orçamento a orçamento. No entanto, a direita também dirá presente para conferir às reformas estruturais o carácter centrista que lhe interessa. O PS não terá dificuldades de maior em assegurar a governação, tendo ficado de mãos praticamente livres para o fazer.

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