22/07/14

Manolis Glezos: "… não só não quero que alguém decida por mim, como quero também participar na tomada de decisões. O problema é que isto, os cidadãos, na sua maioria, ainda não o dizem, e infelizmente também não o dizem todos os partidos da esquerda na Europa…"


Notável entrevista de Manolis Glezos, que tem o mérito, primeiro, de afirmar a implicação mútua da democracia — da participação igualitária e responsável de todos os cidadãos no seu governo — e de qualquer alternativa à economia política das oligarquias (capitalistas) governantes, bem como, segundo, a lucidez de compreender que a afirmação na arena da Europa é uma condição necessária, no futuro antecipável, da resistência e extensão das ideias de democracia e cidadania activa à escala planetária. Eis um excerto das declarações de Glezos — sobre as quais seria, sem dúvida, saudável que a esquerda "bloquista" ou "pós-bloquista" se detivesse um momento (clicar aqui para aceder ao texto completo da entrevista).

Nuestra postura, por lo tanto, es la siguiente: no sólo no quiero que alguien decida por mí sino que quiero además participar en la toma de decisiones. El problema de esto es que aún no lo están diciendo mayoritariamente los ciudadanos, y desafortunadamente tampoco lo dicen todos los partidos de la izquierda en Europa, y a lo mejor por esa razón se encuentran en porcentaje de niveles bajos.

(…)

¿Dónde está el Partido Comunista Español, el de Francia, el de Italia, por qué están tan abajo y por qué Syriza subió? Porque nosotros hemos añadido esta parte, la participación de la gente en la toma de decisiones. Nuestro slogan central es: Estamos en contra del gobierno, de la Troika, del sistema para que el pueblo llegue al poder. Esto no lo veo tanto que se diga en los partidos del resto de Europa y fue uno de los factores por los que subimos del 4% al 27% y en vez de tener un diputado europeo ahora tenemos seis. Nuestro crecimiento, esto es seguro, tiene que ver mucho con este planteamiento. Esto tiene que quedar claro para los ciudadanos y también para los partidos de izquierda. En aquellos países donde han entendido que integrar esta parte a su discurso han podido mejorar sus fuerzas. ¿Qué dice Podemos sobre esto?

4 comentários:

João Valente Aguiar disse...

Miguel,

interessante seria perceber porque a esquerda portuguesa na sua maioria prefere o Podemos ao Syriza... É ver que em Portugal todas as correntes da esquerda anti qualquer coisa preferem as teses nacionalistas do Podemos ao europeísmo do Syriza.

Abraço

Miguel Serras Pereira disse...

Sem dú´vida, Joao. De resto, é também pensando nisso que refiro o proveito que bloquistas vários e manifestistas poderiam tirar da leitura, análise e debate dos lemas ou divisas propostos por Glezos, que denuncia, a meu ver, dois preconceitos letais da esquerda estabelecida: o antieuropeísmo e a sacralização do Estado-nação, por um lado, e a ideia de que a participação no, ou colaboração com o, o "governo", deixando para depois ou para nunca agora a democratização do exercício do poder político nos lugares onde este se reproduz e engendra, garantirá a liberdade e a igualdade aos "representados" ou "governados", contanto que os representantes ou governantes sejam "bons" (junta-se a esta ideia ou decorre dela que a única maneira de defender e alargar direitos e liberdades é a participação no governo ou a colaboração com ele, esquecendo todo o terreno "social", bem como os modos de acção capazes de impor ao Estado e à direcção oligárquica da economia liberdades e direitos que os limitem e enfraqueçam, constituindo contra-poderes eficazes e portadores de modos de organização alternativos).

Abraço para ti

miguel(sp)

menvp disse...

Mestres Anti-Austeridade (leia-se mestres pró-despesa/endividamento) é coisa que há para aí aos montes... todavia, no entanto... porque é que quem paga (vulgo contribuinte) não há-de ter uma palavra a dizer!!! Sim, porque é que quem paga (vulgo contribuinte) não há-de ter uma palavra a dizer!!!
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Ora, de facto, foram Mestres Anti-Austeridade [com o silêncio cúmplice de (muitos) outros mestres/elite em economia] que enfiaram ao contribuinte autoestradas 'olha lá vem um', estádios de futebol vazios, nacionalização do BPN, etc, etc, etc...
---» Bom, como é óbvio, quem paga (vulgo contribuinte) não pode continuar a ser 'comido a torto e direito'... leia-se: quem paga (vulgo contribuinte) deve possuir o Direito de defender-se!!!
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-» Votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco... isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
---> Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
[ver blog 'fim-da-cidadania-infantil'].
NOTA: o contribuinte agradece que sejam apresentadas propostas/sugestões que possibilitem uma melhor gestão/rentabilização dos recursos disponíveis... ou seja: em vez de propostas de aumentos... apresentem propostas de orçamentos!
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P.S.
DEMOCRACIA SEMI-DIRECTA:
- possibilita a existência de um processo ágil de tomada de decisões... e... permite que o contribuinte não passe um 'cheque em branco' aos políticos.

Anónimo disse...

Infantil. Desta forma viveríamos em permanente RGA a dissertar sobre tudo e um par de botas e a vida a acontecer mesmo ao nosso lado. Há sim que ter a capacidade de escolher, bem, quem, e em circunstâncias concretas, saiba decidir. RG