01/06/18

Corbyn: democracia e descentralização

Este artigo recente na revista Renewal descreve um dos aspectos mais radicais e transformadores do manifesto que está a ser preparado pelo partido trabalhista britânico, e que em caso de vitória nas próximas eleições gerais, servirá de guia para a elaboração do programa de governo,

"(...)Graças à ousadia re-encontrada do Partido Trabalhista, está à vista outra revolução na propriedade. Mas substituir o capitalismo neoliberal não significa uma mera reversão para o passado. É claro, por exemplo, que um governo de Corbyn não iria simplesmente ressuscitar o modelo de propriedade pública do pós-guerra: grandes corporações públicas centralizadas, comandadas por mandarins. McDonnell tem falado sobre as limitações de tais burocracias, afirmando que "o velho modelo de nacionalização de Morrison centralizou demasiado poder em poucas mãos em Whitehall. Tinha muito em comum com o novo modelo de corporações multinacionais, no qual o poder é centralizado em poucas mãos em Silicon Valley ou na City de Londres". A alternativa, argumenta ele, são formas plurais de propriedade comum, democratizada e descentralizada em uma variedade de escalas: "A descentralização e o empreendedorismo social fazem parte da esquerda ... A democracia e a descentralização são as palavras de ordem do nosso socialismo". Esta ênfase dupla na democratização da  propriedade e na descentralização política radical é verdadeiramente notável, proveniente da liderança nacional de um grande partido político.
(...)
A viragem institucional do Partido Trabalhista está a reunir os elementos do que equivaleria a uma mudança transformacional, ampliando a propriedade, o controle e a participação, e prometendo uma economia mais igualitária e democrática. (...) e, ao fazê-lo, criar um modelo poderoso de emulação muito além das nossas fronteiras.(...)"

Esperemos que mais democracia e descentralização, e as políticas necessárias para as promover, tornem-se também objetivos centrais de mais organizações políticas, incluindo partidos e movimentos, à esquerda do espectro político, nomeadamente em Portugal.

0 comentários: