18/06/18

O Costismo de Costas voltadas para a social-democracia

A deriva de Costa na direcção do centro vai de vento em popa. Foi assinado com pompa e circunstância o acordo laboral recusado pela CGTP e pelos parceiros da Geringonça.
Refere-se o desconforto que este compromisso causa na bancada parlamentar socialista.
Seria interessante perceber o  que pensa o socialista que mais pugnou pela viragem do PS à esquerda, aquele que criticou a vertigem neoliberal dos defensores da terceira-via. Refiro-me a Pedro Nuno Santos, o dirigente socialista e actual secretário de estado dos assuntos parlamentares.
Aquilo que está em causa no acordo agora assinado e aquilo que afasta os parceiros da Geringonça do PS está aqui bem resumido.

Parece evidente que Costa aposta tudo numa maioria absoluta ganha ao centro. Caso ganhe as eleições sem maioria absoluta é cada vez mais claro que Costa abandonará a actual coligação e negociará com Rui Rio a manutenção do poder.

A ideia de maioria absoluta parece esboroar-se a cada dia que passa e os fantasmas do passado que assolam o PS dão o seu contributo para essa erosão. Na verdade o combate à corrupção - mais exactamente a sua ausência - a falta de transparência na gestão da coisa pública, uma obstinada insistência em acentuar o tratamento diferencial entre o trabalho e o capital - acentuando os factores da desigualdade estrutural na sociedade portuguesa - impedem a extensão social da base de apoio do PS para a sua esquerda. Estas características não impedem por outro lado uma capitalização dos votos à direita.

No entanto, com a sólida concorrência de Marcelo - o maior zelador pelos interesses da direita política - essa expansão fica muito aquém das expectativas de Costa e do seu aparelho. Aquilo que Costa faz de bom para a direita - limitar a reposição de direitos dos trabalhadores e a reabilitação do estado social, sobretudo na saúde e na educação, resistindo à pressão dos seus parceiros - é percebido pelos que aplaudem como resultado da pressão política do Presidente, que negoceia dia-a-dia o seu apoio a Costa, e do centrismo e conservadorismo de Centeno, o todo poderoso líder do Eurogrupo.

Há no entanto um capital que Costa está a alienar, com as sucessivas guerras que "compra" à sua esquerda: os que acreditam e pugnam por uma sociedade mais democrática e mais equitativa já cortaram as amarras que em dado momento estabeleceram com a actual liderança socialista: parece-lhes hoje evidente que a opção pela Geringonça foi acima de tudo uma manifestação de oportunismo político mais do que a consequência de uma opção política e de uma visão para Portugal e para a Europa. Costa é um adepto indefectível da Terceira Via, mesmo que em determinado momento tenho virado à esquerda focado que estava na "conquista" do lugar de primeiro.ministro.

Talvez não seja assim, mas é assim que parece ser.

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