19/09/18

Ler os Outros:" O alojamento local é o responsável pelo despovoamento da cidade de Lisboa?"

Hoje, no Público, Raul Lopes, professor universitário e economista, responde à pergunta, por ele formulada no título do artigo de opinião que assina, com um rotundo não.
O despovoamento verificado em Lisboa, em particular no seu centro histórico, não se deve ao aumento do turismo, nem tão pouco ao acréscimo de alojamento local (AL). [ o AL e o aumento tão acentuado do turismo são fenómenos recentes, pelo menos em Lisboa, pelo contrário o despovoamento da cidade é um processo que se iniciou no final da década de setenta do século passado]
A conclusão da reflexão do autor é, do meu ponto de vista, absolutamente correcta: "os problemas da falta de habitação resolvem-se com políticas de habitação (que aqui não abordámos), não se resolvem combatendo o AL".

Políticas de habitação que olhem para todo o tipo de necessidades dos diferents grupos sociais, isto é,  que procurem dar resposta a todos os segmentos da procura. Uma política de habitação que não ignore a geração dos recursos necessários para a financiar, digo eu, sob pena de, fazendo-o, ser apenas um inútil exercício retórico.

Voltando ao artigo - que, como o autor esclareceu, não pretendeu discutir as políticas de habitação - há uma conclusão que os dados apresentados igualmente legitimam: se o AL e o turismo não contribuiram para o despovoamento do centro histórico, também não constituíram uma oportunidade para inverter essa dinâmica. Ora esse deve ser um forte motivo de preocupação, e de debate, por parte dos responsáveis políticos: como é possível num contexto de crescimento tão acentuado do turismo e da procura do AL, com aumento exponencial do investimento na reabilitação urbana orientada para esse tipo de uso, continuarmos a assitir ao despovoamento da cidade?

Colocando esta questão estamos a questionar a política de reabilitação urbana que o Estado Português, em termos gerais, e o Munícipio de Lisboa, em particular, estão a concretizar. Que política é esta e a quem serve? Quem ganha e quem perde com esta política de reabilitação urbana?

1 comentários:

Niet disse...

O turismo de massa que alvoracou Lisboa nos últimos 3 anos , para lá do bem ou do mal, veio revelar, nua e cruamente, os limites e a mediocridade da gestäo municipal da capital portuguesa,de responsabilidade autoctene e com o iniludivel diktat governamental de controlo e programacäo. Lisboa mexe, mas sem harmonia nem qualidade suficiente de vida e ordenamento. Tem parcelas de modernidade em colisäo com um charivari de " estaleiros " e obras de renovacäo a -ver-se-te avias enquanto o maná dos royalties escorrega sem escrupulo nem ética. E depois a cidade gerou uma falsa imagem de cosmopolitismo que pelas dimensöes reduzidas inevitáveis e históricas do seu modus vivendi provoca crescente desinteresse e cansaco. Näo fosse a grande instalidade politica do Magrebe, e o " renascimento " equivoco e menor da capital tinha sido um mau sonho. Comparem a vida genuina e a garra e dimensäö do turismo citadino de Marrocos- Fès, Tânger, Marakesh, Casablanca, etc- e pensem na " galinha de ovos de ouro " que ,mais uma vez, nos vai fugir de mäos por causa do negocismo vesgo eultraliberaloide dos investidores e planificadores alfacinhas. Niet