A divulgação do Luanda Leaks tem ocupado a última semana dos orgãos de comunicação em Portugal. Nota-se já algum abrandamento na cadência noticiosa associada a este escândalo e será natural que passadas uma ou duas semanas o assunto saia da agenda mediática. Pontualmente serão feitas algumas revelações e dadas notícias relacionadas com o caso.
A classe política portuguesa, e a "nossa" classe empresarial têm ao longo deste processo - embaraçoso, para dizer o mínimo - recorrido à linguagem do politicamente correcto para ... nada dizer. Estão todos determinados a sair deste caso, e deste momento, como para lá entraram e lá permaneceram: sem qualquer admissão de culpa. Todos nós sabemos que a nossa classe política - da esquerda e da direita, com excepção do Bloco - fizeram sempre orelhas mocas e mostraram total cegueira relativamente aos investimentos da Engª Isabel em Portugal e ao carácter hiper-explorador do regime ditatorial e nepotista que Eduardo dos Santos liderava em Angola. O PCP destaca-se nessa omissão bem como o PS, ambos empenhados em conquistar o MPLA como partido irmão.
Talvez por isso a síntese de Luís Afonso no Bartoon deste Domingo seja a melhor síntese para a triste posição de Portugal neste processo terrível de roubo colossal dos recursos de um povo a partir da acção do poder político, cujo principal objectivo seria representar e defender esse povo.
Escreve Luís Afonso que caso fosse Portugal a tomar conta do caso Luanda Leaks bastaria manter Rui Pinto preso e pedir desculpa à Engenheira Isabel dos Santos pelo incómodo causado. Digo eu que seria a forma normal de colocar um ponto final neste Irritante II.
Teixeira dos Santos, Carlos Costa, as empresas Boston Consulting Group, a KPMG e a PwC, a NOS e o Eurobic, todas as outras empresas, irão continuar as suas prósperas actividades e efectuar as cirúrgicas alterações para que tudo possa continuar na mesma. Começando desde já pela venda das participações da Engª Isabel em todas as empresas, tornando possível que o dinheiro lhe vá parar às mãos em paraísos fiscais ou destinos seguros.
Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Augusto Santos Silva irão continuar a pugnar pela manutenção das relações entre Portugal e Angola. Nas suas deslocações a Luanda nunca serão confrontados com deslocações ao Povoado (ver aqui e aqui) nem com as prácticas de deslocação forçada das populações para libertar espaço para os investimentos que contribuíram para o enriquecimento colossal da oligarquia no poder, designados, na linguagem dos promotores e dos políticos a soldo, por investimentos que irão fazer de Luanda uma capital de referência no contexto das grandes capitais. Já por cá ouvimos várias vezes esse tipo de discurso que é nos tempos que passam um discurso hegemónico à escala global.
26/01/20
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