28/02/13

Dolore di corno

Este texto do Daniel Oliveira retrata fielmente o desprezo com que muitos à Esquerda olham para o povo. Gostam muito do povo quando vai a manifestações com o intuito de impedir políticas ou para derrubar governos a que se opõem. Mas, alto lá, que mais do que isso, não. Gente sem experiência política em lugares de responsabilidade?!  A controlar permanentemente os "representantes"? Meros comediantes a mobilizar multidões, e a ganhar-lhes a confiança do seu voto?! Será que esta gentalha leu alguma vez um livro? Sabem lá o que querem! Já pensaram no que pode acontecer se meros cidadãos, quiçá alguns deles analfabetos, tiverem intervenção directa no processo de decisão legislativo, quiçá mesmo executivo?…  O que, infelizmente, esta reacção aos resultados das eleições legislativas italianas demonstra é que a Esquerda pró-sistema (ex. BE e PCP em Portugal) tem uma visão tão instrumental do processo democrático como a Direita. Esta vê a Democracia como uma farsa, necessária para iludir o povo, levando-o a acreditar que participa no processo decisório. A Esquerda pró-sistema vê a Democracia como o meio através do qual pode meter as mãos nas alavancas de poder à disposição do Estado, governando depois contra a maioria democrática se fôr necessário (acham mesmo que um putativo governo do BE ou PCP se demitiria logo após uma manifestação com a dimensão da que teve lugar em 15 de Setembro de 2012?!...).

O texto acima mencionado, mas também por exemplo este já assinalado neste blogue, revelam antes de mais uma imensa dor de c#$%&. Então não é que um simples comediante, em meros 4 anos de esforço, consegue um nível de apoio popular muito superior ao que a esquerda "radical" alguma vez atingiu em muitas décadas?! Uma pessoa lê todas as obras do pensamento político, reflecte, discute, conversa, tenta convencer a malta que se conhece, vai às fábricas, e até faz um esforço para apresentar propostas, e depois chega um comediante, pá, um comediante, e rouba-nos o apoio do povo?! O povo que devia estar-nos agradecido por lutarmos por ele?! Ingratos!

Ridículo. Lamentável o quão baixo o ressentimento nos leva, ao ponto de se resumirem (ainda por cima distorcendo-as) as propostas do Movimento 5 Estrelas (sim, existem propostas, 15 páginas delas), à saída do euro (o que é proposto é um referendo sobre a permanência na zona euro - agora o Daniel Oliveira já é contra tal referendo), à diminuição dos salários dos políticos (ficariam com o salário médio italiano, talvez seja maneira de finalmente um parlamento ser verdadeiramente representativo do povo), e à redução da semana de trabalho para 20 horas (proposta como meta desejável a 20-30 anos, já agora tal como o fim da utilização de combustíveis fósseis). Ah, e defendem um rendimento mínimo garantido para todos. Malandros! Não querem é trabalhar!…

Para Daniel Oliveira os italianos que votaram no Movimento 5 Estrelas apenas o fizeram por birra, protesto. Será possível que não tenham votado porque se reviam nas propostas e nos proponentes, que tenham antes de mais julgado que chegou a altura do cidadão normal intervir directamente na definição das políticas que a todos afectam, perdão, que a eles principalmente afecta?
 
Entretanto, Daniel Oliveira já escreveu outro texto, bem mais ponderado. Nele lamenta a incapacidade demonstrada pela Esquerda em reunir o apoio do povo, seja ela a que dobra a espinha perante a Direita (Partido Democrático), a que aceita aliar-se com a primeira na esperança de obter concessões uma vez obtido o poder de Estado (Esquerda, Ecologia e Liberdade), ou a que não aceita compromissos em nome da governação (Revolução Cívica). Na busca duma solução para o problema identificado, obviamente deveria olhar para aquilo em que as propostas do Movimento 5 Estrelas diferem dos agrupamentos mencionados, até porque muitos, provavelmente a maioria segundo vários estudos sociológicos, dos que votaram no Movimento 5 Estrelas estão mais próximos ideologicamente da Esquerda. Não o faz, e por isso confessa uma imensa impotência. Mas seria um exercício muito fácil. A resposta resume-se a duas palavras: apresentação e participação. O Movimento 5 Estrelas apresenta-se como genuíno representante dos interesses da sociedade vista como um todo, e não como representante de interesses de classes ou sectores sociais. Consegue assim mobilizar todos aqueles que por uma razão ou outra (muitos sentirão a tentação de os designar como alienados da sua condição de classe) não se identificam como membros dessas classes ou sectores sociais aos quais tradicionalmente os partidos à Esquerda dedicam a sua mensagem. E, acreditem duma vez por todas, nas sociedades ocidentais contemporâneas a atomização das relações sociais é tal que a indentificação de classe é agora fortemente minoritária. Se os partidos ou movimentos de Esquerda não querem ficar dependentes dum processo de "re-educação social" de dimensões gigantescas, bem que devem reflectir sobre uma mudança substancial na sua linguagem e narrativa (o que não implica uma mudança nos objectivos que se pretende alcançar!). Interligado com a questão da apresentação, aparece a participação. A apresentação do Movimento 5 Estrelas como representante dos interesses da sociedade vista como um todo só foi aceite como genuína porque abriu-se a essa mesma sociedade, não só no modo de escolha dos representantes do movimento, mas também através da defesa de formas directas de Democracia. Propondo medidas capazes de aumentar a influência directa dos cidadãos no processo decisório a nível legislativo. São, na minha opinião, medidas tímidas, mas que avançam no sentido correcto. Onde é que encontramos em qualquer programa dum partido dito de Esquerda propostas de implementação de modos de democracia participativa? Que permitam aos cidadãos envolver-se directamente no processo decisório, ou controlar permanentemente o que fazem aqueles que pretensamente são eleitos para os representarem? Nada! Zero! Porquê? Como acima defendi, porque em toda a Esquerda, sem excepção (e aqui incluo mesmo as correntes próximas do anarquismo, que temem o que pode resultar da conjugação duma democracia radical com o poder de Estado) há um enorme medo do povo, da sua "ignorância". 

Como já referi, a atitude de Daniel Oliveira não é de modo nenhum um caso isolado, como atesta o outro texto acima mencionado, cujos argumentos usados para denegrir o Movimento 5 Estrelas são os mesmos que aparecem neste texto que aparece no Esquerda.net. Este outro texto não foge ao mesmo registo. Nenhum movimento é perfeito, e o Movimento 5 Estrelas está longe disso. Uma crítica que não é cega pelo ressentimento, pode ser encontrada, por exemplo, aqui. Este outro texto vai ao cerne do que importa reter das eleições italianas. É óbvio que aspectos como o registo comercial da marca Movimento 5 Estrelas, e a tentativa de controlo sobre o crescimento do movimento, têm acima de tudo a ver com a determinação em ter real impacto em eleições. Sim, crime, apostaram em forçar mudanças significativas no sistema atingindo o coração do poder político. E, espanto, estão mais próximos de o conseguir que todas as manifestações e movimentos de protesto (nos países capitalistas economicamente desenvolvidos, não só em Itália) alguma vez estiveram. Sim, é verdade, no processo tiveram que se comprometer com propostas, assumir posições, o que incomoda aqueles que se calhar até possuem "coisas" dessas para apresentar, mas acham que o povo não está suficientemente avançado em termos cognitivos para as perceber. E, espantoso, quem criou o Movimento 5 Estrelas para ter o maior impacto eleitoral possível, repito como estratégia para derrubar o sistema por dentro, achou que o povo não ia gostar de ouvir uma multitude de vozes a dizer uma coisa e o seu contrário. E, acima de tudo, a maior desfaçatez, foi o Grillo não se querer assumir como de Esquerda, afirmando taxativamente que todos aqueles que não tinham o bom gosto de partilhar as políticas da Esquerda, ou sejas as deles, dos guardiões da Esquerda, não eram bem vindos ao Movimento 5 Estrelas. Não terão percebido bem, mas é compreensível. Talvez repetindo, devagar: o Movimento 5 Estrelas não é (mais) uma seita de Esquerda; é um movimento que procura mudar o modo como se faz política, envolvendo directamente os cidadãos, independentemente das suas opiniões políticas, nas decisões que os afectam; é um movimento que procura aprofundar a Democracia; sim, será surpreendente para alguns, mas os fascistas também devem poder participar no processo de decisão política, no respeito pelo mais fundamental princípio democrático, um cidadão um voto; de qualquer modo, o que não me surpreende de todo, e que já antes mencionei, estudos sociológicos indicam que a maioria daqueles que se envolveram ao longo dos últimos meses e que votaram no Movimento 5 Estrelas apoiam na sua grande maioria políticas que se podem identificar ideologicamente como de Esquerda, o que se reflecte nas propostas com que o Movimento 5 Estrelas se apresentou a eleições.

E, espanto, após as eleições o Movimento 5 Estrelas continua fiel aos seus princípios:


15 comentários:

Anónimo disse...

Tem dias, o Daniel Oliveira...
eu já me cansei...
Concordo em absoluto com este Post.
(maria do sol)

Anónimo disse...

É mesmo dor de corno; bem dito.Neste caso digo eu, em relação a dia 2: Daniel vai á merda!!!

Nascimento

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Pedro,
como sabes, subscrevo no essencial a ideia de democracia que te serve de ponto de vista neste post, bem como as críticas que fazes à "esquerda" dirigista e burocrática. A igualdade no exercício do poder e na tomada de decisões, a desprofissionalização da política que a primeira pressupõe, o auto-governo dos cidadãos e assim por diante, exigem de facto outro modo de agir e pensar.
No entanto, penso que esta ideia - que é a da democracia classicamente entendida como governo dos cidadãos ou, como gosto de dizer, cidadania governante - não pode ser apenas a enunciação de uma meta futura, mas deve traduzir-se e actualizar-se nos métodos políticos e nas formas de luta adoptadas. É por isso que tão decididamente como concordo com a tua ideia de democracia, e com a sua prioridade inegociável, entendo que um movimento como o de Beppe Grillo - que não é uma associação de iguais, mas uma marca registada, e que tem por eixo essencial não uma ideia, mas um Grande Líder de tipo novo, etc. etc. - não prefigura uma cidade democrática nem protagoniza um processo de democratização do poder político, mas muito pelo contrário…

Abraço para ti

miguel(sp)

Alves disse...

Partilho da opinião expressa no seu post. Daniel Oliveira é incapaz de vergar a sua opinião por uma vez que seja, mesmo percebendo que não está com ela. É tão parcial que por vezes roça o patético.

culturdança disse...

Caro Pedro, acha mesmo que chegou a hora do cidadão normal intervir diretamente na definição das políticas....? como poderá fazê-lo?

Fernando Lacerda

Niet disse...

Beppe Grillo é um produto recauchutado da super-mediática sociadade italiana. Sem ética nem valores politicos- autonomia,imaginação radical e sensibilidade social pelo fomento da critica e autocrítica- de especie nenhuma.Parece ser mesmo uma habilidosa " provocação " do sistema de uma poderosa sociedade do espectaculo. E, entretanto, segundo meios alternativos franceses, informação despoletada involuntariamente pelo embaixador da Grécia em Otava, tudo leva a crer, efectivamente, que a Blackwter em associação com a CIA está a supervisionar/ajudar os altos comandos policiais gregos a conjurar uma possivel ameaça de golpe de estado. salut! Niet

Pedro Viana disse...

Caro Miguel,

Não duvido que muitos dos que se envolveram e votaram no Movimento 5 Estrelas olham para Grillo como o seu "líder". No entanto, em muitos casos tal não se traduzirá em mais do que na admiração pelo visionário que os inspirou, ou que foi capaz de criar um movimento que assusta os poderosos. Qualquer ser humano tem tendência a admirar outros, levando à atribuição (a priori) de maior relevância ao que esses outros fazem ou dizem. Todos nós fazemos juízos sobre os outros, criando uma hierarquia (fluida, é certo) que afecta o modo como analisamos os seus actos posteriores. Pretender que a mobilização das pessoas se faça apenas com base em ideias é por isso impossível. Se não houver quem incorpore essas ideias, inspirando pelo exemplo ou pela palavra, nada será conseguido. Assim demonstra toda a História da humanidade. Não é agora que surgirá um homem novo, imune ao seu semelhante (nem me parece que seja o que pretendemos). O que é preciso é que apareça quem incorpore aquilo que defendemos, e leva outros a acreditar que tal é desejável e praticável. Grillo fez isso. Se está a ser sincero não sei. O futuro o dirá. Mas conseguiu de longe a maior vitória para a ideia duma Democracia mais participativa, directa, radical. Nunca tantos tinham antes exprimido o seu apoio a tal ideia. Só por isso merece o meu benefício da dúvida.

Um abraço,

Pedro

Miguel Serras Pereira disse...

Caro Pedro,
deixando de lado, por agora, a questão do papel do indivíduo na história, faço-te notar que não respondes à minha objecção principal: a da concepção e formas de organização de uma acção política democrática. Como pode ser democratizador um movimento sobre cujas decisões e organização os seus membros nada têm a dizer e sobre a orientação do qual nada podem? Não achas, com certeza, que, com o % Estrelas, estamos diante de uma forma de associação democrática. Dunque…

Abraço

miguel(sp)

Pedro Viana disse...

Olá Miguel,

Não contesto que o Movimento 5 Estrelas possui características pouco democráticas. Como defendo neste post, acredito que Grillo assim o idealizou de modo a maximizar o seu impacto eleitoral. Ele não queria um movimento hesitante, desfocalizado, permanentemente sob o risco da cacofonia. Tudo características de movimentos como o Ocuppy, que acabam por se dissolver sem deixar qualquer impacto discernível (talvez a longo prazo...). Não tenho dúvidas que a Democracia é um processo que tem de ser aprendido em associação, em colectivo. Há um processo de (auto-)educação imprescindível. Mas não quer dizer que em certas situações não seja legítimo encontrar formas de organização menos democráticas se a intenção da sua criação for a promoção ou a defesa da Democracia (nomeadamente, estou a pensar na mobilização de forças armadas, que dificilmente se podem estruturar de forma permanentemente democrática). Reconheço o perigo que reside na criação de tais tipos de estruturas, mesmo que com o objectivo descrito. Pois a sua eventual dissolução nunca é um dado garantido à partida. Há riscos, sem dúvida. Caberá a cada avaliar se valem a pena tendo em vista os objectivos que se pretendem atingir e a situação existente. Neste momento, parece-me que vale a pena correr esse risco.

Um abraço,

Pedro

Miguel Serras Pereira disse...

Viva, Pedro.

são sobejamente conhecidos os casos em que a "intenção" declarada de democracia - ou "verdadeira democracia" - serviu de alibi ou justificação da dominação classista e hierárquica. A denúncia do argumento da impreparação popular como justificação de tiranias esclarecidas até ao momento, sempre adiado, da maturidade do "povo" para o exercicio da democracia, encontra formulações clássicas e ainda hoje exemplares na polémica de Rosa Luxemburgo com Lenine e Trotski sobre o papel do "partido revolucionário" e das vanguardas.
Por outro lado, devia ser evidente para todos que a democratização da força pública é uma condição indispensável da liberdade e igualdade de qualquer autogoverno dos cidadãos: aqui, limito-me a remeter para o que já escrevi sobre o assunto num post dos primeiros tempos do Vias, que não vejo razões para modificar (http://viasfacto.blogspot.pt/2010/05/mais-cest-une-revolte-non-sire-cest-une.html):.
Por fim, a igualdade e liberdade dos cidadãos que governam no regime democrático ou lutam pela sua instauração não significa que não haja, a cada momento, indivíduos mais activos, mais inspirados, mais escutados, com mais iniciativa do que outros. Mas requer que esses indivíduos não disponham de direitos especiais, de votos privilegiados, de instrumentos de monopolização da palavra e da decisão, de mais poder (político) do que os restantes - e requer também formas de coordenação da acção política que assegurem que assim seja. Confiar o nome, o programa, as decisões de um movimento a uma autoridade não submetida ao controle da sua base, tornar tudo isso propriedade de uma firma ou marca registada, é perpetuar, tanto ao nível da organização como das representações, a negação e a repressão da democracia. Sustentar o contrário é assumir a mesma lógica que, com toda a razão, começas por denunciar na concepção da política enunciada pelo Daniel Oliveira - ainda que a pretexto de a combater.

Abraço

miguel(sp)

Niet disse...

Oh.Pedro Viana: O que se passa com um comentário que enviei ontem por volta das 22.30 horas de Lisboa? Fico a aguardar a sua explicação. Ou será que duvida das informações sobre oa supervisão do grupo norte-americano Blackwater junto dos altos comandos da policia grega para evitar hipótese de golpe de Estado? Niet

Pedro Viana disse...

Peço desculpa a todos pela demora na aprovação dos comentários, mas... simplesmente esqueci-me. Obrigado pela compreensão!

Pedro

alf disse...

Os políticos ficaram em pânico, as suas perspectivas de vidinha estão em cheque; isto foi pior para eles do que um atentado. Tudo farão para destruir o "comediante". Penso que por detrás do Grillo estarão muitos intelectuais italianos (hoje em dia, intelectuais somos quase todos...). A sociedade italiana, após tantos anos de confusão política, foi-se organizando, organizando e agora já pode deitar fora o poder político, esvaziado pela própria organização da sociedade.

O mesmo acontece noutros lados; é, em parte, por isso, que cá os políticos não permitem nenhum quadro médio ou alto em serviços do Estado que não seja filiado num partido; não se pode deixar o povo chegar ao Poder, não é? Depois acontece como em Itália, e lá vão os políticos e banqueiros ter uma trabalhão a boicotar a Itália até que regresse ao "bom caminho"... os media já começaram a fazer o trabalhinho, ao serviço dos seus donos..

Libertário disse...

O Srº Oliveira, jornaleiro, odeia abstencionistas, detesta radicais e orgulha-se de ter muitos amigos de direita... Por isso mesmo é irrelevante a sua opinião sobre a política italiano, ou qualquer outro asssunto.
A única coisa positiva que me ocorre dizer a favor desse homem do espetáculo, Daniel Oliveira, é que desempenha um grande serviço à sociedade portuguesa preservando, para o futuro, os genes de Herberto Helder.

Luis Ferreira disse...

Pedro Viana,

Se o Grillo realmente acreditasse que o modelo da Wikipédia fosse bom para a sociedade, que o funcionamento em rede funciona, que é bom o povo pronunciar-se através de referendos, teria-o feito no seu próprio movimento. Os factos de que dispomos são estes e não outros frutos do nosso muito querer em promessas sonantes.

Se não o fez no seu próprio movimento por causa do ruído ou da dispersão de propostas, que razão nos leva a crer que não justificará no futuro com esse mesmo argumento novas atitudes anti-democráticas?

No final do dia as acções é que contam e não a promessas e os discursos bonitos.

Temos tão só um bom resultado eleitoral. O PS e o PSD também têm sempre bons resultados eleitorais.