26/07/13

As vanguardas esclarecidas atacam de novo

A propósito de uma iniciativa de solidariedade com quatro trabalhadores perseguidos pela administração do supermercado Minipreço por terem participado na última greve geral, o glorioso sindicato CESP filiado na CGTP respondeu da seguinte forma:



Se a denúncia desta situação feita pela Gui Castro Felga faz todo o sentido, falta saber porque ainda existe gente de diferentes tendências à esquerda que pensa que é possível estabelecer qualquer tipo de aliança emancipatória com as direcções de organizações totalmente opostas a qualquer tipo de acção autónoma dos trabalhadores. Não é politicamente justificável que sectores relevantes (e aparentemente maioritários) do Bloco de Esquerda e que sectores libertários continuem a suspirar com uma aliança de esquerda com aqueles que tudo fazem para controlar e enquadrar as lutas dos trabalhadores. Certamente que existem pessoas muito estimáveis do PCP e da CGTP. Mas são quase sempre militantes de base e pessoas sem qualquer tipo de decisão sobre as orientações fundamentais das organizações a que pertencem. Mesmo na base dessas organizações são sempre excepções.

Até quando a esquerda não-leninista vai continuar na ilusão de que pode conviver alegremente com os descendentes dos cangalheiros de revoluções?

5 comentários:

Miguel Serras Pereira disse...

Caríssimo,

roubaste-me o post que tinha debaixo da língua ou, vá lá, do teclado sobre este mesmo assunto.

Abraço

msp

João Bernardo disse...

João,
Coloquei há pouco no Passa Palavra
http://passapalavra.info/2013/07/81639
um comentário que reproduzo aqui:
É tudo muito curioso. A Comissão Sindical, sob a chancela do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal e da CGTP, distribuiu uma Nota à Comunicação Social em que afirma «repudiar quer o boicote pedido quer as acções que outros grupos estão a marcar». Veja-se a este respeito o belo texto que João Valente Aguiar publicou no Vias de Facto:
http://viasfacto.blogspot.com.br/2013/07/as-vanguardas-esclarecidas-atacam-de.html
Ora, perante este caso declarado de traição sindical, os promotores do boicote invocam o pretexto de «idiossincrasias e contradições de uma organização sindical de massas e plural» e concluem apelando para a «necessidade de os trabalhadores mais esclarecidos se sindicalizarem».
Precipitam-se para iludir as lições da prática. Em benefício de quem? Enquanto houver uns a fazer lixo e outros atrás a varrê-lo...

Miguel Serras Pereira disse...

João Bernardo,


ao ler o teu comentário ao post do João lembrei-me — e não, não foi só, hélas, no BE que pensei — do personagem que, num dos seus romances, Kundera descreve como “o mais brilhante aliado dos seus próprios coveiros”. É que a noção assenta (a matar, é caso de o dizer) às vozes a que te referes, e que, contra os métodos do PCP ou da CGTP, apelam à unidade e ao reforço incondicional da unidade com quem, como dizia o Cesariny, lhes dá “para baixo em cima da cabeça com um pau”.

Anónimo disse...

Pura desonestidade confundir um comunicado de uma comissão sindical de empresa com um comunicado do Sindicato. Este existe e está disponível num post da Lúcia Gomes no «cinco dias».

João Valente Aguiar disse...

Por acaso o comunicado que a Lúcia Gomes divulga é dos promotores do boicote e não de nenhum sindicato. Entretanto, não adianta andar a brincar às palavras. Como se na CGTP ou no PCP as organizações de base tivessem qualquer tipo de autonomia e fizessem o que lhes dá na gana...