I don’t think we can go on having policy made by the
leader, shadow cabinet, or parliamentary Labour party. It’s got to
go much wider. Party members need to be more enfranchised. Whoever is elected
will have a mandate from a large membership
Enfatizava-se o facto de o novo líder
ser visto com preocupação entre os deputados. Preocupação natural, diga-se, já
que eles não o apoiaram e não partilham das suas ideias. Tenha-se em atenção
que, por exemplo, na recente aprovação do pacote do Governo para reduzir os
apoios sociais em 12 mil milhões de euros ao longo da legislatura, os
trabalhistas optaram pela abstenção. Corbyn, no entanto, mais alguns poucos,
votou contra.
O Público
faz eco ao mesmo tempo de uma pretensa posição indecisa sobre o posicionamento face à
União Europeia. Esta leitura de uma indefenição de Corbyn perante a posição a
adoptar no dossier UE é partilhada por outros comentadores. Mas não tem
qualquer adesão à realidade. Desde os primeiros dias da sua candidatura que o
novo líder manifestou o seu apoio à permanência do Reino-Unido na União
Europeia. Apenas por distracção ou wishful thinking se pode continuar a bater
nesta tecla. Corbyn quer o Reino-Unido na Europa mas quer uma Europa sem
austeridade. Uma Europa dos cidadãos .Corbyn não exita em afirmar que a Europa
no seu estado actual não o satisfaz. Para a generalidade do maisntream político
isso corresponde a uma declaração anti-europeia.
“Labour should set out its own clear position to
influence negotiations, working with our European allies to set out a reform
agenda to benefit ordinary Europeans across the continent. We cannot be content
with the state of the EU as it stands. But that does not mean walking away, but
staying to fight together for a better Europe.”
No PS, o seu sector mais
radicalmente à direita, no qual pontifica o ex-comunista Vital Moreira,
prevendo esta eleição já a tinham criticado por representar uma "uma guinada à esquerda", coisa que os
aterroriza. Vital tem o mérito de, num pequeno texto, sintetizar o programa que
fascina a direita blairista e que os leva a imaginar horrores com gente como
Corbyn. Assusta-os a ideia de não poderem chegar ao Governo. Acham que só
virando à direita poderão lá chegar. Esse é o seu objectivo. Aquilo para que o
Governo serve, as políticas que vai aplicar, isso é uma irrelevância. O que
interessa é chegar lá.
Hoje a habitual comentadora de
asssuntos europeus, Teresa de Sousa, escreve um chorrilho de baboseiras sobre a
eleição do que ela depreciativamente apelida de "camarada Corbyn" um "pacifista" com que os conservadores, infelizmente segundo ela, deixaram de poder contar. Caso para lhe perguntar: E isso é mau?
"Sinal dos tempos, o Labour acaba de eleger para a sua liderança uma figura da “pré-história” que nos remete para os anos 80, quando o Labour atravessou 18 anos de oposição, defendendo uma linha radical que Jeremy Corbyn foi retirar a um baú do qual já ninguém se lembrara."
Pretendendo reflectir sobre o drama
da social-democracia europeia exibe uma confrangedora parcialidade na forma como olha para as
razões que determinaram o seu declínio a
partir do final dos anos setenta do século passado. Lendo-a fica-se a saber que com Blair e a sua
terceira via a social-democracia tinha encontrado o seu caminho para a
felicidade. As consequências dessa terceira via traduzidas num desemprego
crescente, no aumento exponencial da desigualdade, na diminuição do papel do
Estado na economia , na degradação da qualidade dos serviços públicos e na
crescente negação da universalidade do acesso, escapam-lhe de todo. Afinal se a
terceira via possibilitou o tal acesso ao poder que tanto preocupa Vital como é
que gente de bem se pode preocupar com as consequências do exercício desse
poder. De certo modo a colunista imita a posição de Gordon Brown, citado por Tony Judt, que "reagindo a um relatório de Janeiro de 2010 sobre a desigualdade económica no Reino-Unido, que confirmava o fosso escandaloso entre ricos e pobres que o seu partido tanto fizera para exarcebar, disse que ele "dava que pensar" e reconheceu que havia "ainda muito a fazer". Faz lembrar o capitão Renault em Casablanca: "estou chocado, chocado".
(A propósito alguém poderá enviar-lhe o "Ill fares the land" de Tony Judt - publicado entre nós pelas edições 70.)
Mas a eleição do novo líder também suscitou opiniões favoráveis. Como aqui e aqui. Destaque para o artigo de Francisco Louçã no Público. Louçã salienta as razões que permitiram a eleição de Corbyn. Concordo com as razões que indica de que destacaria a degradação da democracia social. Mas acho que ele ignora uma outra razão: o facto, que já aqui referi, de um deputado com o perfil de Corbyn poder continuar a sê-lo, porque depende sobretudo dos eleitores e muito menos da direcção do seu partido. A menos que seja disso que fala quando refere "a tradição popular na política britânica".
Actualização - 16.09.2015
O Público dá hoje conta do facto - pelos vistos inesperados para o jornal - de Corbyn ter sobrevivido ao primeiro debate com Cameron. Debate em que o novo líder colocou um conjunto de questões recebidas directamente dos cidadãos. Questões sobre habitação social, cuidados de saúde e outros que preocupam os britanicos. O jornal da Sonae não esconde a sua oposição à nova liderança. A velha social-democracia europeia é para estas empresas de comunicação social uma inaceitável associação de perigosos radicais anticapitalistas.
(A propósito alguém poderá enviar-lhe o "Ill fares the land" de Tony Judt - publicado entre nós pelas edições 70.)
Mas a eleição do novo líder também suscitou opiniões favoráveis. Como aqui e aqui. Destaque para o artigo de Francisco Louçã no Público. Louçã salienta as razões que permitiram a eleição de Corbyn. Concordo com as razões que indica de que destacaria a degradação da democracia social. Mas acho que ele ignora uma outra razão: o facto, que já aqui referi, de um deputado com o perfil de Corbyn poder continuar a sê-lo, porque depende sobretudo dos eleitores e muito menos da direcção do seu partido. A menos que seja disso que fala quando refere "a tradição popular na política britânica".
Actualização - 16.09.2015
O Público dá hoje conta do facto - pelos vistos inesperados para o jornal - de Corbyn ter sobrevivido ao primeiro debate com Cameron. Debate em que o novo líder colocou um conjunto de questões recebidas directamente dos cidadãos. Questões sobre habitação social, cuidados de saúde e outros que preocupam os britanicos. O jornal da Sonae não esconde a sua oposição à nova liderança. A velha social-democracia europeia é para estas empresas de comunicação social uma inaceitável associação de perigosos radicais anticapitalistas.
1 comentários:
Magnífico post.
Partilho inteiramente a sua opinião.
Pena é que não possamos ler artigos assim nos jornais que ainda se dizem de referencia.
Parabens
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